Thursday, April 13, 2006

... da partida

parto como se saudoso fosse solitárionauta nessa ilha-verde-do-nada
calo-me cum grito tão alto como o silêncio que aterroriza de branco
o canto escuro em que pensei poesia e fechei-me em-mim-mesmada isca
racista sem o filtro de aglutinantes cores em branco tampouco preto
quieto & ausente de sentido dele mesmo despresença axeviena e sinto
garimpo-galope louco de desejo com pexeira & verbo na boca em riste
saiste rápino como sempre & também saio eu deste ninho de conformes
disforme ninguém que fui & ao sair parto cu'a impressão de ir tarde


asyno eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do Eire,
oje, qujmtª, dezº-terçº dia do qvartº mez d este anno de MMVI

Friday, April 07, 2006

esboço

Jantando com uns amigos esta semana em Cork City, qual não foi minha surpresa quando o garçon me apresentou este desenho, dizendo que a mulher da mesa tal (que já tinha ido embora) havia feito e pedido para me entregar... provavelmente uma estudante de arte treinando esboços... até que fiquei simpático, não?

Saturday, April 01, 2006

Ybacanauta* - já temos o nosso!

*em tupi, "Ybaca" significa "céu". "Náutes", em grego significa propriamente "marinheiro"

Taí mais uma para o povo de Pindorama se orgulhar... um astronauta em órbita! Marcos Cesar Pontes, o primeiro astronauta brasileiro (o 444º no espaço). Não fez muito sucesso na mídia... ao menos aqui na Irlanda, nem mesmo à boca pequena!

Será que os "patriotas de plantão", os mesmos que levantam bandeiras para o menor gesto supostamente ligado ao orgulho brasileiro (Ronaldinhos, Mulatas, Carnavais & coisa e tais... vamos lá, deve haver algo mais para se orgulhar! Que tal a quebra das patentes para os coquetéis anti-HIV?) não se interessaram pelo assunto? Será que nos emails que recebem e divulgam sobre o sucesso e desenvolvimento do Brasil em tal e tal área passaram despercebidos pelo astronauta, assim como passam despercebidos pela realidade brasileira, aquela que vai além da vizinhança em que viviam em Pindorama?

Estamos ou não estamos? Somos ou não somos? Brasileiros, sim, mas com critério e razão. Ao mesmo tempo que não vou me empolgar ao ver alguém batucando um samba numa caixa de sapatos na Grafton Street, não posso me entusiasmar por ter Ronaldinho levado o Barcelona à final da Champion League Européia. E por ser tudo midiático hoje em dia, tudo muito mais mito e mitologia do que realidade, fica mais fácil digerir o que já foi pensado por outros, os influenciadores da opinião pública.

Trago uma lição da área de exatas, meu ofício. Num dos laboratórios da IBM ao qual tinha acesso nos idos de 1986, logo na entrada, uma placa alertava: “Think!

E o espírito patriota que rege este ano não passará fome. Além do astronauta teremos Copa do Mundo, a tão esperada eleição (no mesmo an da copa, como sempre!), e temos também a estréia do representante da nação na máquina de animação hollywoodiana, "A Era do Gelo 2", que o brasileiro Carlos Saldanha co-dirige. Haja coração!

Voltando ao ybacanauta: o vôo de Marcos Pontes mais parece uma grande jogada eleitoreira do governo. Dizem os especialistas que ele não contribui em nada para reafirmar o programa espacial brasileiro. Pontes poderia ir ao espaço em 2009, de graça, sem pagar os US$ 10 milhões. Mas para o governo poder dizer "pela primeira vez na história deste país mandamos um homem ao espaço", teve que pagar a conta para os russos: US$ 10 milhões! É uma pechincha, já que o valor "de mercado", como todos nós sabemos, é de US$ 20 milhões! E Moscou não concedeu esse desconto por causa da barba de Lula, ou devido ao passado comunista do PT... eles querem que A Terra de Pindorama vire freguês. Realmente uma pechincha, não?

Encerro com Macaco Simão, que através de uma leitora disse que "Pontes não é o primeiro brasileiro a ir pro espaço, mas o último, pois o resto do Brasil já foi há muito tempo!"

PT saudações.

Pátria Basca e Liberdade: o PBL!

Pois é, e o Euskadi Ta Askatasuna, mais conhecido como ETA, baixou as armas. O grupo clandestino, armado e ilegal que seguia uma ideologia independentista marxista revolucionária e usava a luta armada para tentar a independência do Euskal Herria (País Basco em euskara, a língua basca), anunciou seu cessar fogo à partir de 24 de Março.

Mas antes da comemoração, é necessário entender o terror basco. Pelo que consta (ainda não tive o prazer de constatar eu mesmo) o terror do ETA vai além dos atentados. Seus tentáculos chegam até a violência urbana que os simpatizantes do grupo promovem pelas ruas, num vandalismo sistematizado. Extendem-se também até a extorsão aos empresários bascos, com a cobrança do "imposto revolucionário", aliás, a principal fonte de renda do grupo. Como sobreviverão sem ela? O ETA sobreviveu até hoje graças ao terror. Na forma de bombas de efeito midiático, sim, mas também na forma de assassinatos covardes, que atingiram indistintamente figuras do Estado espanhol assim como políticos representativos da sociedade basca e inocentes em geral.

Sem contar que não deve haver trégua nem anistia aos terroristas presos. Isso é um apelo das associações dos parentes das vítimas do ETA. E deve ser respeitado

Devemos antes de tudo distinguir o que nem sempre é claro de outras paragens: uma coisa é o nacionalismo basco. Outra é o terrorismo & fanatismo basco. Este, através do ETA, usou mil braços políticos, (os partidos Herri Batasuna e o Euskal Heritarrok, por exemplo) para disputar eleições e nunca teve respaldo do eleitorado, enquanto aquele ganhou todas as eleições na região (ou mais exatamente o PNV, Partido Nacionalista Basco) desde a redemocratização, há quase 30 anos.

Há quem diga que o ETA já estavam sem moral para negociar qualquer coisa, e que a proposta de negociação feita por Zapatero no ano passado foi a “saída honrosa” da organização. Que seja! Com arma não se brinca!

Jakin-nahi Euskal (Curiosidades Bascas)

O ETA, fundado em 1958, luta pela formação de uma entidade independente no País Basco, região histórico-cultural localizada no extremo norte da Espanha e no extremo sudoeste da França, cortada pela cadeia montanhosa dos Pirineus e banhada pelo Golfo de Biscaia. Na tradição basca, Euskal Herria é formado por sete regiões. Quatro compõem Hegoalde (que em basco significa parte meridional, do sul) e três compõem Iparralde (parte do norte). A maior parte do País Basco está localizada em território espanhol.

Hegoalde é composta de quatro províncias:
· Álava (Araba em basco)
· Biscaia (Bizkaia em basco, Vizcaya em castelhano)
· Guipúscoa (Gipuzkoa em basco, Guipúzcoa em castelhano)
· Navarra (Nafarroa em basco)

Iparralde está localizado no território da França, integrando três províncias:
· Baixa Navarra (Behe Nafarroa em basco, Basse-Navarre em francês)
· Lapurdi (Labourd em francês)
· Sola (Zuberoa em basco, Soule em francês)

Da língua - O Euskara

A língua basca, (em basco euskara ou euskera) não é um idioma indo-europeu, mas uma língua aglutinante, considerada uma língua isolada e antiga, provavelmente oriunda da língua dos primeiros povos que migraram para a Europa. Alguns lingüistas consideram a língua basca, através de comparações, aparentada a línguas até hoje faladas no Cáucaso, enquanto outros ainda tentam ligá-la a línguas africanas e ao idioma dos etruscos.

Consta que o euskara já era falado muito antes de os romanos introduzirem o latim na Península Ibérica. Por conta disso, criaram-se a seu respeito um grande número de idéias sem embasamento lingüístico, tais como “o basco é a língua mais complexa do mundo”, “ninguém além dos próprios bascos jamais conseguiu aprender a língua”, “todos os verbos são passivos”, e muitas outras imprecisões.

A verdade é que sua estrutura sentencial é praticamente idêntica à do turco ou do japonês (aliás, também tida como uma língua isolada). Sua morfologia é, essa sim, de um tipo bastante incomum na Europa, mas fora da Europa podem ser encontrados sistemas morfológicos semelhantes ao do basco em centenas de outras línguas.

Um parênteses: o sumério, a primeira língua escrita conhecida, hoje tida como extinta, também era uma língua isolada, assim como pirahã, língua da família Mura falada por 150 indígenas pirahã, um povo monolíngue e semi-nômade que habita as margens do rio Maici, afluente do rio Amazonas.

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