Friday, July 20, 2007

De identidades & do fator pH

Dois são os temas que dominam as discussões no alto escalão do “governo europeu”: o tratado de reforma da carta européia – como não podia deixar de ser –, que funciona como constituição mas não será chamada de constituição, por motivos óbvios (?), e os tão sonhados e ainda utópicos projetos de educação europeus; Comenius, Erasmus, Leonardo da Vinci e Grundtvig [leia mais].

A novidade é que com a entrada de novos países – e com eles novos ares e novos ânimos -, tais projetos estão ganhando força e voltando às discussões. Os países mais entusiastas já falam em formação linguística ao final da escola primária (língua mátria + língua estrangeira 1) e também ao final da secundária (língua estrangeira 2).

Fala-se também no fortalecimento da identidade européia, de maneira que não anule as individualidades de cada país, mas mostre a alemães e poloneses, ingleses e franceses, checos e eslovacos, portugueses, espanhóis e italianos, quão importante é uma cultura européia, uma identidade européia, comum a todos.

Diferentemente dos governos, que parecem nada aprender, cá aprendemos dia destes, durante a visita dos meus primos a Dublin – verd’ilha d’Eire –, que as embalagens de água mineral – a maioria, pelo menos – trazem o fator pH da água. Eureka! Ora, para mim foi uma novidade, pois nunca precisei me atentar a esta informação, mas para quem tem acidez estomacal – seja por herança ou por hábitos – tal informação é deveras importante. O valor do pH indica se uma solução é ácida (pH<7), ph="7),">7. Mais um item para ser checado na hora das compras...

Abre parênteses: está cada vez mais demorado fazer compras. É preciso ler todos os rótulos à procura de informações se o produto é transgênico, orgânico, contém gordura trans, saturada ou insaturada, se tem corantes, se é calórico, se tem carbohidratos... e agora, até a “inofensiva” água precisa ser checada quanto ao seu pH! Tempos Modernos... Fecha parênteses.

Nas minhas andanças por aí, observo que o tal do “espírito europeu” ainda é uma utopia. Não como é divulgada, mas uma utopia ainda mais utópica. Se há uma tendência para que as pessoas mais velhas – digamos de três ou quatro gerações – serem resistentes a tantas mudanças culturais e sociais por terem lá seus motivos históricos – guerras, hostilidades entre os povos, etc – por outro lado se percebe que já o pós-adolescente, o pré-adulto ou o jovem adulto também carrega traços de rejeição ao diverso, e mesmo pequenos sinais de xenofobia. Vide o crescimento da extrema direita na europa (Identity, Tradition, Sovereignty), e de partidos extremistas de direita, como o Vlaams Belang (Bélgica), o Freedom Party (Áustria), o Front National (França), o Nationaldemokratische Partei Deutschlands (Germany ), o Movimento Sociale Italiano (Itália), o Nationalbewegung (Luxemburgo), o La Falange (Espanha), o British National Party (Reino Unido). E como mudar isso? Educando, eu diria. As crianças nas escolas, e os pais nos meios de comunicação, e assim plantar a semente no solo fértil ao mesmo tempo que areja o solo cansado – tentando evitar ou ao menos minimizar possíveis conflitos escola-família.

Por isso é que se diz que melhor é tratar a água em poços rasos, onde o acesso é mais fácil e o tratamento mais eficaz, pois quanto mais fundo se torna o poço, mais inacessível suas águas, e ineficaz qualquer tratamento.

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