Thursday, November 27, 2008

começar bem...


Ele levantou-se mais tarde do que pretendia. Isso fez com que saísse de casa 8:50, um pouco mais tarde do que desejara - queria estar no trabalho às 9, e pela manhã, leva pelo menos 15 minutos para chegar no escritório. "Esses horário de congestionamento...", reclamava.

Alguns carros trafegavam na faixa exclusiva aos ônibus e táxis, mas le manteve-se na fila. Já na rodovia, carros ultrapassavam-no, claramente acima do limite, mas ele deciciu manter-se nos 100 km/h. "Onde vamos parar com essa agressividade toda?", indignava-se.

É, ele decidira começar bem naquela manhã...

Friday, November 21, 2008

Jazz-me!

Sob o título "Scene Norway", o London Jazz Festival deste ano trouxe gente da pesada. E nós estávamos lá! Fomos para ver Marie Boine e Bugge Wesseltoft, mas acabamos nos surpreendendo com outras coisas tambem. A noite abriu-se com a dupla "Terje Isungset & Karl Seglem". O saxofonista e o percursionista noruegueses sabem o que estão fazendo, misturando como ninguem trechos folclóricos com ambiente e jazz. De tirar o fôlego! Marie Boine veio em seguida com sua nova banda - muito boa por sinal. Destaque para a precisão do baterista e a sutileza do guitarrista. E ela, claro, Marie Boine esbanjando sua voz, cantando exclusivamente em Sami.

Na sala dois assistimos ao tecladista Bugge Wesseltoft & Convidados. Primeiro Bugge começou sua apresentação solo ao piano, destilando-se em samplers e sequencers, numa aula de improvisação e composição "on-demand"! Em seguida, o baterista - em solo - tentou fazer o mesmo, menos impressionante mas ainda criativo, mas quando a trompista - também em solo - partiu para sua seqüência de samplerização, deixou a desejar., e acabou vaiada...

Não se faz jazz pela fama, pelas as jóias ou pelas mulheres. Isso é coisa de RaP, Hip-Hop, Pagodeiro... Muito menos se espera fama e dinheiro quando se sai da trilha do convencional, seja em qualquer estilo! Vair um músico não é educado, tampouco justo ou honesto. Traz o sentido do desprezo, e ao invés de demonstrar que você não gostou, sugere que você pode fazer melhor. E mesmo que possa, não vaie, pois poderia ser você lá no palco... Não gostou? Não aplauda. Umas poucas palmas espaçadas já é embaraçoso o suficiente para qualquer artista, não há necessidade das vaias.

Este fim de semana vamos para ver Chick Corea & John McLaughlin juntos, mais Kenny Garrett, Christian McBride e Vinnie Colaiuta. O Grand Finale do festival! O super grupo de Corea e McLaughlin - ambos parte do Bitches Brew Band, de Miles Davis antes de suas experiências com fusion em suas próprias bandas (Return To Forever e The Mahavishnu Orchestra). Já tive o prazer de ver McLaughlin este ano cá em Dublin, mas algo me diz que esta apresentação vai dar o que falar...

Wednesday, November 19, 2008

que consciência é essa...

Aproveite o feriado da consciência negra e compre aquele shampoo especial para negros, compre o CD do seu artista negro predileto, nas próximas eleições vote no seu político negro - afinal ele é negro - e não esqueça de assinar a Revista Raça, que está uma graça...

Criado para promover a reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira, o Dia da Consciência Negra, como tudo que desperta um nicho comercial, corre o risco cada vez mais, de cair na banalização. E é novamente a mídia, como na fábula de Esopo, que tem que exercer o papel do bem ou do mal. Ela é do bem quando usa sua penetração para conscientizar e denunciar os absurdos que ainda hoje acontecem por aí, mas quando se veste com a carapuça da imbecilidade e infantiliza seu público para ou persuadí-los a consumir, veiculando propagandas duvidosas e apelativas, ou para instigar a curiosidade mórbida da mediocracia, através de programas que exploram privacidades alheias... Essa é a mídia do mal - e infelizmente, é a que mais se vê no Brasil. E como prêmio de consolação, podemos dizer que não só no Brasil é assim... Aliviou?!?

Cotas sim, banalização não! Como postei lá no Auto-Pensante outro dia, o racismo está longe de ter acabado no Brasil, mas banalizar e tirar proveito da situação, isso não!

Zumbi, nessa altura, deve estar se remexendo todo no túmulo...

Wednesday, November 12, 2008

Palavra do dia: libação


libation - noun.
1. The pouring of a liquid offering as a religious ritual; 2. The liquid so poured.
2. Informal.
1. A beverage, especially an intoxicating beverage.
2. The act of drinking an intoxicating beverage.
[Middle English libacioun, from Latin lībātiō, lībātiōn-, from lībātus, past participle of lībāre, to pour out as an offering.]

Libação - substantivo feminino
1. ato que consiste na aspersão de um líquido em intenção de uma divindade
2. o líquido espargido
3. ato de tomar bebidas, esp. alcoólicas, por prazer ou para se fazerem brindes
4. a bebida tomada por prazer ou para brindar (us. exclusivamente no pl.)

Lib- - elemento de composição
antepositivo, do v.lat. libo,as,ávi,átum,áre 'oferecer uma libação, fazer um sacrifício; tomar parte de alguma coisa (sólida ou líquida) para oferecer aos deuses; provar, saborear, beber, comer; apanhar, tirar, extrair'; ocorre em voc. já orign. latinos, como libação, libado, libador, libar (este, em curso na língua desde o sXVII) e libatório, já nos cultismos libamento e libável, de cunho recente; ocorre ainda em f. prefixadas, em sua maioria forjadas no próprio lat.: delibação, delibado, delibador, delibamento, delibante, delibar, delibável; ilibação, ilibado, ilibar; prelibação, prelibado, prelibador, prelibamento, prelibante, prelibar e prelibável

Eu não conhecia...

Tuesday, November 11, 2008

ITUNICÚ


Essa junção do Itaú com o Unibanco... sei não! Ainda mais sendo o Unibanco parceiro do AIG... Vixe!!! Em meio à crise mundial do capitalismo moderno - leia-se putaria econômica, bancária e mercadológica - dois dos maiores bancos privados nacionais, o Itaú e o Unibanco, querem juntar os trapos... por meio de troca de figurinhas (ações), criando o que estão chamando de "o maior banco do hemisféiro sul" e "o 17º do mundo". Em valores mercadológicos (!) o negócio é de mais de R$ 108 bilhões. A nova empresa, Itaú Unibanco S.A. - carinhosamente chamada aqui de ITAICÚ - vai ser controlada por uma holding com participação dividida "igualmente" (existe esta palavra em mercadolês???) entre os dois.

Ora bolas, não adianta analista financeiro de cá ou d'acolá falar que esse acordo estava na gaveta há mais de 15 meses... não ajuda a engolir o sapo tampouco exime essa fusão do desespero da crise mundial do capitalismo moderno. É desespero puro, gente! E só anunciaram na véspera das eleições americanas pra não dar muito na cara que não querem holofotes em suas cumbucas! E como disse Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, "dois mais dois, igual a cinco"... mas pode ser três também... quiça um!

Coincidentemente, semana passada Lula editou uma MP que permite ao Banco do Brasil e à Caixa Economica Federal comprarem outros bancos através de negociações diretas, sem licitação. Mal anunciou a MP, começaram os "rumores" sobre a saúde do Unibanco... Coincidência, não?

Nem é preciso muito não... um pouco de perspicácia é o suficiente. Basta observar as caras de Roberto Setubal do Itaú à esquerda, e de Pedro Moreira Salles do Unibanco à direita, durante entrevista no MAM, em SP, em foto da Folha de São Paulo... Setubal rí um sorriso amarelo, sem graça, sem a alegria que tanto apregoam à fusão, enquanto Salles rí um sorriso inseguro, preocupado, sorriso de pau-mandado, como que dizendo "o que mais me resta?".

E tudo antes da vitória de Obama... ou diriam, amargamente, que a culpa de tudo isso é da Ku Klux Klan, da CIA ou mesmo do papa Bento 16, que também é conhecido em certos meios por fazer vistas grossas a padres estupradores de criancinhas... Eu, hem?!? Mr. Bean para PAPA, JÁ!!!

Monday, November 10, 2008

Um Caxeiro Viajante

Depois de uma semana na África do Sul e um fim-de-semana na Letônia, nada como uma semana de trabalho na Dinamarca antes de voar para um festival de jazz em Londres... soa excitante, né? É, pode soar excitante, mas é bem cansativo também.

Viagens são ótimas, não reclamo. Só que há momentos que você sente que tudo do que precisa é do seu cantinho - aquele que você chama de lar - para recarregar as baterias... e é justamente assim que eu me sinto agora!

Só pra registrar, estou cansadão...

Silkeborg:




Riga:




Pretoria:




E em Londres, vamos assistir ao tecladista de Nu Jazz Bugge Wesseltoft e a cantora Maire Boine. E no próximo, John McLaughlin e Chick Corea, juntos...

Ô canseira!

Thursday, November 06, 2008

o fim de uma era 2


Podemos carinhosamente chamar a era Bush de boshta, bushit, ou algo parecido, mas justiça seja feita, ele colaborou, e muito, para a democracia estadosunidenses e mundial! Calma! Calma! Não enlouqueci tampouco me transformei em algo racista, reacionário, republicano, cristão-branco, nazista, facista, kkk, white power, ou qualquer outra bandeira associada à figura arbustiana de George Walker Bush, também conhecido como Jorginho Caminhador Arbusto, nas premissas onde se fala o português.

Se multiplicarmos todo o mal que Bush representa, dividirmos por todas as bushices que ele fez, noves-fora todas as coisas decentes que poderia ter feito mas se omitiu, sobra-nos O Mal, puro e simples. O exemplo claro e crasso de como NÃO se deve administrar um país. Tanto foi ruim que criou um paradigma às avessas, e fez mesmo o mais brancos dos estados norte-americanos votarem no negro Obama. E não adiantou querer associar seu nome a Osama, nem chamá-lo de intelectual metido de Harvard. Não teve quem pudesse achar adjetivo ruim para ofuscar a merda do legado Bush, e desassociar McCain (quem?) do temido continuismo. Não é de Obama o mérito da vitória, mas de Bush... OBRIGADO, BUSH, pela sua gritante estupidez!

Mas Obama também tem o seu mérito, ou melhor, terá o seu mérito quando começar a trabalhar. É o que todos esperam, até mesmo os que querem matá-lo! E essa é outra história: a ilusão da mudança. Os Estados Unidos da América mudou? Duvido. A população apenas manifestou que Bush foi uma "mão ruim" de cartas, e vão agora tentar outra estratégia. Mudar de mesa, trocar os dados, mas o jogo é o mesmo... Uma continuidade transvestida de mudanças, na figura de um negro comprometido com fortes instituições há muito estabelecidas. Não há tempo ruim para o capital... É certo que os conceitos de raça estão mudando mundo afora, como comentei no Auto-Pensante, que aliás, estou pensando em mudar de nome para Self-Pensante, já que ninguém fala nada, ou melhor, pensa nada... deixa prá lá!


Continuando, realisticamente, esperamos muito de Obama, mas principalmente duas coisas: Uma, que tire aquele estigma do ianque branco-cristão, racista e intolerante, e outra, que eles parem, de uma vez por todas, de dizer por aí que a capital do Brasil é Buenos Aires! Digam que é Montevoidéu, ao menos, mas não Buenos Aires...