Tuesday, May 26, 2009

Preto, Negro, e as outras cores...


Alguém me diz que estou na sua "Lista Negra"! De cara, me sinto honrado em fazer parte de tal nobre lista, pois sua origem remonta no Macartismo americano dos anos 50, quando artistas e intelectuais acusados de comunistas (simplesmente por serem contra a situação) tinham seus nomes adicionados numa suposta lista, e eram perseguidos de seus direitos de cidadãos, e impedidos de exercerem suas atividades. A lista negra da sociedade, essa era a idéia, e que logo virou expressão de alto culto no Brasil escravocrata do final do século XIX e começo do século XX.

No sentido físico, o preto é a ausência de cor, e o branco é a soma de todas as cores. No sentido antropológico, negro é raça, preto é cor. No sentido branco/racista/freyriano (sim, Gilberto Freyre, o maior racista intelectual que o Brasil já teve!), negro é preto e preto é negro, e são tudo de ruim.

Expressões como "deu um branco", por exemplo, segue a "lógica inversa" de que branco é a ausência de cor, quando o certo seria "deu um preto". Branco (todas as cores) Preto (ausência de cor). Mas pega mal falar deu um preto... aí optou-se por deu um branco, pare reforçar o aspecto de limpo, a impressão do vazio (de idéias) e o sentido do puro, já que branco.

Outras pérolas são "preto de alma branca", "a coisa ficou preta", "denegrir a imagem", e por aí vai. Quem mexe com a palavra deve tomar cuidado para não instigar expressões galgadas em horrores do passado, causados principalmente por exploração da condição de superioridade econômica ou social de um determinado grupo sobre o outro, buscando tomar vantagem ou mesmo eliminar o mais fraco.

Por isso, gente que diz que tais expressões são inofensivas e apenas expressam ditos "populares", estão a negar a história e assumir os seres humanos horríveis que foram/fomos no passado. Reparação, já! Podemos mudar, sempre!

Vixe!

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