Thursday, March 11, 2010

um peso, duas medidas


Tem aquele direitão, o Olavo de Carvalho. Inteligente o cara, filósofo, intelectual, mas reacionário...E eu digo reacionário não aquele que é contrário ou hostil à democracia, os antidemocrático - disso ele acusa os esquerdistas - mas aquele que defende princípios ultraconservadores, contrários à evolução política ou social. E é isso o que parece, quando ele usa o mesmo argumento - o singular x o todo - de duas maneiras diferentes, conforme sua conveniência.

Foi assim: num dos seus programas lá na blogtalkrádio (onde eu vou emplacar um programa semanal em breve, me aguarde!), ele acusou a Dilma Rousseff de ser uma assassina! Forte né? Pois é, ele gosta de chocar, e a maneira que ele faz é a da acusação, com muito palavrão, no melhor estilo Luiz Carlos Alborghetti e Luiz Carlos Prates.

Muito bem. Acusou a Dilma de assassina, dizendo que ela pode até não ter matado ninguém pessoalmente, mas o fato de participar de uma instituição que matava pessoas faz dela uma assassina.

Minutos mais tarde, comentando um artigo de Otávio Frias Filho que dizia que a igreja católica assume os erros pelos crimes sexuais cometidos, disse ser um absurdo associar à igreja os crimes dos padres.

Ora, lógica invertida à parte, Olavo de Carvalho alega que os crimes sexuais na igreja são frutos de uma conspiração da esquerda - ele cita um livro, "Good bye good men" que supostamente aponta a crise da vocação e acusa a inserção de uma subcultura homosesxual, principalmente na seleção de novos padres, e nos aconselhamentos psicológicos.

Pois bem seu Carvalho, digo que a igreja é culpada sim! Basta assistir ao documentário "Delivery us from the evil, sobre os crimes do padre irlandês Oliver O'Grady cometidos nos EUA, com depoimentos das vítimas e do próprio Oliver O'Grady. Num certo momento, o "problema" do padre chega aos altos escalões da igreja, e a cúpula, entre eles Bento XVI, o atual papa, ao invés de punir, resolve cuidar do problema "internamente". Padre O'Grady é então transferido para outra comunidade, onde eventualmente comete seus abusos novamente. E isso se repete, sistematicamente, de comunidade em comunidade, acumulando vítimas e mais vítimas... e a igreja fazendo o quê? Acobertando. Ou tem outra palavra para isso?

De quem é a culpa mesmo?

Alegar uma conspiração é a melhor saída. Quando não se entende um fato, arruma-se uma teoria da conspiração. Malucos para seguir, sofisticar e defender a idéia surgirão naturalmente!

Ainda não lí o livro, mas ele já está a caminho...

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