Saturday, April 27, 2013

De novo o tempo

Ultimamente o tempo tem sido um tema muito frequente nos meus posts (que andam cada vez mais raros) e nas minhas (não menos raras) divagações. E por quê, me pergunto retoricamente, tem o tempo me tomado tanto tempo no pensamento?

Primeiro por que é um tema amplo, que acaba involvendo outras áreas de reflexão, mas no plano do óbvio ululante, seria pela invariância do tempo, e sua implacabilidade. Também por sermos nós, na nossa condição humana, fadados ao plano cartesiano espaço x tempo - inevitavelmente. E o tempo, invariável, passa, e embora passem também nossas escolhas de vida, estas tendem a deixar consequências.

E tem a idade, é claro... não a idade da cabeça, que essa depende só de cada indivíduo, mas a cronológica mesmo, que é aquela em que não há nada possamos fazer para parar ou tapear, e só o que se pode fazer mesmo é dar-lhe um pouco de qualidade, e com muita sorte, talvez proporcionar um final digno... no fundo é isso que queremos: sair dessa (vida) com dignidade, na hora que for a certa, porém que seja o mais tarde possível, e mantendo uma certa qualidade do que nos restar dela.

E as escolhas? Bem, ao longo dessa jornada, certas ou erradas, temos que viver com elas, e procurar, enfim, tirar proveito dos pequenos momentos, valiossíssimos, que embora tendamos a não valorizá-los na sua plenitude, se pudermos identificá-los quando acontecem, já é uma dádiva!

E acho que é por isso que o tempo anda me ocupando tanto: creio que aprendi - a duras penas - a identificar os pequenos momentos, as frações de vida que acabam por justificar o todo... e, cada vez mais, isso vem me confortando, e mostrando que, no final, podemos colher um bom punhado de momentos capazes de justificar uma vida toda, e fazer valer a pena...

Já disse aqui que tenho fé na cosmogonia das coisas. Creio que tive meu tempo de redenção... das minhas ausências (ou das ausências que criei para mim), da palavra rude que disse num momento de exaltação, ou simplesmente para agradecer, embora ache que não tenha verbalizado a frase "eu te amo mãe" o bastante... e talvez devido à minha juventude, inexperiência e tolice, não tenha me manifestado apropriadamente, para que entendessem todo o meu amor e toda a minha gratidão a ela.

Mas como já disse, peço desculpas... se me ausento, se me omito, se me escondo... sou apenas um tolo e imperfeito filho, tentando sobreviver à minha maneira (provavelmente errada), e ainda aprendendo sobre os reais valores dessa vida...

Por isso, procuro aliviar minha alma, meu espírito... minha mãe sabe de tudo, já o sabia em vida e agora além!

Católico, Budista, Espírita ou Agnóstico - cosmológico - o mecanismo das águas manterá o moinho em movimento...