Saturday, August 31, 2013

Do Digital, do Analógico e do Envelhecimento

Será que ainda há essa discussão? Provavelmente não: já ficou bem claro que a "qualidade sentimental" dos analógicos é muito mais profunda e tocante. Ao menos tratando-se de música!

E não é que eu queira (re)tomar esta discussão, não. É só que, na minha corriqueira manhã de sábado, lendo os jornais, ouvindo música, etc, dei-me a ouvir ao Trespass, o segundo álbum de estúdio do Genesis, gravado e lançado em 1970. Este foi o único álbum do Gênesis com o baterista John Mayhew, o último com o guitarrista Anthony Phillips, e o primeiro com Phil Collins.

Enfim, ouvindo ao Trespass, no meu "antiguíssimo" (em 2004 era super-moderno e potente) Sony Vaio Portable Music Player de 40GB de HD, ao começar a primeira músic, Looking for Someone, confesso que senti falta do "crack" que costumava ouvir quando tocava o velho Long-Play na velha vitrola:
"(crack) Looking for someo(crack)ne, (... crack... crack...)
I guess I'm do(crack)ing that... (crack)"
Esclarecendo duas coisinhas: primeiro, não, eu não prefiro ouvir o "crack" no meio da música, mesmo que só no comecinho... é só o "charme" do vinyl, entende?!? Segundo, o Sony Vaio Portable Music Player que tenho não é o meu player diário, não! É só uma fase "revival" que estou passando. Eu, como todos os "normais" (!!!), ouço música no celular...

Ok, ok... é mentira! Na verdade só uso o celular de vez em quando. Eu ainda tenho CDs, mais de 1000, por incrível que pareça - e nem vou falar dos LPs... mais de 200! Agora, no Youtube não!!!

Incrível o processo de envelhecimento e seu poder de fazer você se decepcionar com as pessoas, não? Eu atribuo isso não ao que pejorativamente chamam de enrabujecimento do indivíduo, o que acaba sendo cômodo e apropriado - velho rabujento! Eu atribuo, sim, à noção do tempo. E se você tiver sorte, essa noção não será sobre um tempo perdido, mas sim de um tempo que ainda está por vir, e fatalmente, sobre o tempo que não virá! Isso, inevitavelmente, te leva a desconsiderar coisas não tão importantes. Naturalmente, e cada vez mais.

Cada vez entendo mais minha mãe e seus discos de 78 rotações... que Deus a tenha!