Sensações

Não faz muito tempo, conseguir uma linha telefônica em São Paulo, era quase impossível: ou recorria-se ao mercado paralelo ou esperava na fila da Telesp. A fila podia durar 2, 3 anos, e o mercado paralelo podia chegar a 1000% de ágio. Havia gente que vivia disso: comprar e vender linhas, alugar linhas... Até que veio a "abertura", e todo mundo podia ter seu telefone em questão de semanas. Lembro de um amigo possuidor de quase dez diferentes linhas telefônicas, que chegou a entrar em depressão: "O que farei da minha vida agora? E todas estas linhas telefônicas que tenho e não valem mais nada?" É, meu amigo... isso é a tecnologia, disse, profético! É ela a engolir tudo e todos em seu caminho.

Atualmente aqui na Irlanda, telefone fixo é coisa praticamente só para comércio... pouquíssima gente possui em casa - para quê? Todo mundo é encontrado via celular! Liga-se ou manda-se uma mensagem para a pessoa, diretamente e sem intermediários.

E em plena ascenção das redes sociais, a tendência é que mesmo os celulares - na sua função de telefone - tendam a tornarem-se obsoletos. Os smartphones chegaram para ficar! Invariavelmente já invadiram a rotina das pessoas, e com preços acessíveis e funções cada vez mais aditivas.

É... saudades daquele tempo em que mal podíamos esperar a hora de chegar em casa e ligar para os amigos para papear... ou aquela sensação gostosa de receber uma carta de um amigo distante - os interurbanos eram caríssimos!

Sensações perdidas, que não voltarão, jamais... afinal, não dá pra ter mais a mesma sensação com uma mensagem de texto ou um email, dá?