Sunday, September 25, 2016

Quão justa é a vida?

... ou "Eu Também Quero um Pedaço do Bolo!"


Justo, aqui, e muito mais subjetivo do que objetivo, e como a própria Justiça, sujeito a interpretação! Afinal, o que é justo? Alguém pode considerar justa uma ação que outro vê como injusta. Experiências pessoais, pré-conceitos, educação e até mesmo interesse - tudo pode influenciar nosso julgamento, tornando-nos virtualmente incapazes de atingir a plena equidade. Agora, sabendo que 17% da população mundial consome a maior parte dos recursos do mundo (cerca de 80%), deixando quase 5 bilhões de pessoas a viver com os 20% restantes, a mim não importa sob quais lentes queiram interpretar tais dados: que é injusto, é!

Num mundo onde a divisão entre os ricos e os pobres cresce a cada ano, onde 20% da população (cerca de 1,2 bilhão de pessoas) vive com menos de US$1 por dia, e outro outro 30% (1,8 bilhão) vive com menos de US$2 por dia. Isso soa injusto. O acúmulo crescente de riqueza e poder, onde os 500 mais ricos do mundo acumulam 1,9 trilhões de dólares, que é mais do que a soma da renda dos 170 países mais pobres do mundo. Isso também soa muito injusto!

Tá tudo aqui, ó... pode conferir!

No contexto do capitalismo, o dinheiro manda, ponto final! A governos cabe o papel de regulamentar a fim de proteger os excluídos do Clube dos Ricos. Implícito a essa obrigação está todo o resto: prover educação, saúde e moradia. Tais coisas são tão básicas que deveriam estar além do lucro, mas acabam por oferecer mais oportunidades aos ricos de crescer sua riqueza.

Pois bem, a vida não é justa, então... E essa realidade transborda por todos os lados, manchando também os negócios, distorcendo os princípios do comércio justo, e reforçando o carma de que os mais pobres têm pouca oportunidade de quebrar o ciclo de pobreza, e tende a continuar por gerações, ao menos que o capital respeite os princípios básicos da não-exploração.

Vide o recente caso da Apple na Irlanda. A Apple pagou meros 0,005% de taxas sobre seu lucro! Como se não fosse suficiente a Irlanda estar entre as menores taxas corporativas do mundo, 12,5%, a Apple ainda arrumou um jeitinho de sonegar algo em torno de 13 bilhões de euros! Se legal ou ilegal não é importante se levarmos a discussão para o lado da ética num mundo como o descrito acima. Se as leis irlandesas tinham brechas que permitiram a Apple fazer tais manobra de evasão fiscal, efetivamente evadir o dinheiro, embora "legal" não foi "justo". Difícil entender como alguém pode não ver por esse prisma...

Mas a cegueira humana não tem limites. Veja no Brasil, a hipocrisia do "chega de corrupção" do brasileiro que fura fila, não devolve troco a mais, mente e engana para se dar bem perante o próximo. Na Irlanda, a insanidade dos preços dos aluguéis está levando as pessoas a cobrarem absurdos por moradias que não valem dois terços, por vezes metade do preço, sem se darem conta de que além de contribuírem para o problema dos sem-tetos, pois mais e mais pessoas se vêem incapazes de pagar aluguél, estão também contribuindo para o aumento do custo de vida, que eventualmente vai atingí-los também.

E o governo, disfuncional como nunca, segue seu rumo, no seu mundinho de privilégios corporativistas...