Friday, December 16, 2005

livro de frases:-

Termos da nova dramática
Elisa Lucinda

Parem de falar mal da rotina. Parem com essa sina anunciada de que tudo vai mal porque
se repete. Mentira. Bi-mentira: Não vai mal porque repete. Parece, mas não repete
Não pode repetir. É impossível ! O ser é outro, o dia é outro, a hora é outra.
E ninguém é tão exato. Nem em filme. Pensando firme nunca ouvi
ninguem falar mal de determinadas rotinas: chuva, dia azul,
Crepúsculo, primavera, lua cheia, ceu estrelado,
barulho do mar, O que que há? Parem
de falar mal da rotina. Beijo na
boca, mão nos peitinhos,
água na sede, flor no
jardim, colo de
mãe, namoro,
vaidades de
banho e
baton
vai-
dades
de terno e
gravata, vaidades
de jeans e camiseta,
pecados, paixões, punhetas,
livros, cinema, gavetas são nossos
obvios de estimação e ninguem pra eles fala não
abraço, pau, buceta, inverno, carinho,sal, caneta, e quero
são nossas repetições sublimes e não oprime o que é belo e não
oprime o que aquela hora chama de bom, na nossa peça, na nossa trama
na nossa ordem dramática. Nosso tempo então e quando. Nossa circunstância é
nossa conjugação. Então vamos a lição: gente-sujeito vida-predicado; eis a minha oração.
Subordinadas aditivas ou adversativas aproximem-se! É verão, é tesão! O enredo a gente sempre
todo dia tece o destino ai acontece: o bem e o mal tudo depende de mim sujeito determinado da oração principal.

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