Wednesday, July 30, 2008

alô, alô

Lembro como se fosse ontem, andando pela Rua Coronel Xavier de Toledo, no centro de São Paulo, quando ouvi o barulho de um telefone tocando. Em seguida, um executivo - ele claramente era um "alto" executivo - apoia sua pastinha 007 e saca um telefone celular, meio atrapalhado, meio constrangido, aperta um botão leva o aparelho até a orelha e diz, em alto e bom som: "ALÔ?"... nada. "ALÔ? ALÔ?", movendo-se freneticamente, tapando um ouvido com o indicador, enquanto sustenta a pasta no polegar. "ALÔ?"! A esta altura, todo mundo olhava para o homem. Pudera, nos idos de 1988 - há meros vinte anos - pouco se ouvia falar de celulares, quanto mais ver um pertinho de você.

Hoje em dia, quem não tem um celular é tido como um estranho, um alheio. "Como alguém pode viver sem o celular?", exclamariam, espantados! A coisa passa dos limites, até. Aqui na Irlanda, temos 138 celulares para cada 100 habitantes. Luxemburgo tem 158! É 158% de celular, camarada... não é mole não! Mas no momento que você ler isso, estes números já mudaram... Em Pindorama a Anatel prevê um celular por habitante até 2018 (link).

Pois é, a figura do "alto" executivo falando numa coisa que mais parecia um tijolo ficou pra trás, junto com a piadinha do político brasileiro que, num encontro com políticos europeus, recebeu uma ligação no celular. Todo pomposo, atendeu a altos brados... ao desligar, sorriu vantajosamente dizendo "essas tecnologias... ", quando um dos europeus, frente tamanho desrespeito fanfarrão, respondeu: "A nós também é muito útil... até as prostitutas já os têm"! Eu, particularmente, não entendi o que ele quis dizer com "até as prostitutas"... não é tudo a mesma coisa?!? Eu acho que foi um elogio aos políticos, e uma ofensa às mulheres da vida [nada] fácil.

você ainda vai depender disso...

Mas agora que celular é coisa do passado, precisamos de uma nova dependência, algo que te faça sentir aquela sensação de que agora sim, você se encontrou, e se fazer a perguntar "como é que eu vivia até hoje sem isso?" Nãããooo! Não estou falando da Internet, não! Bem-vindos sejam à sua mais nova dependência... o GPS! Como não?!? Quem nunca ouviu falar? Até na Wikipédia tem! E em português também!

E que ele é útil, sem dúvida... que ninguém ouse aqui negar, mas que vai acabar com a graça do "se perder", isso vai! Com o GPS se vai ao longe... muito além de Roma, e sem precisar da boca pra perguntar, só dos olhos fixos na telinha, que pode variar dos 2.5" do celular até pequenas TVs de 5.2". E se você está se perguntando pra quê você precisa disso, ora, pode ser pra te levar aonde você precisar ir! E mesmo que você não vá a nenhum lugar que você já não saiba ir, você sempre pode ligar o GPS assim mesmo, e fingir que está usando... Eu particularmente faço isso às vezes. Outra muito boa, num futuro próximo, vai ser o rastreamento [nossa, como eu "lutei" pra não escrever traceabilidade] das crianças. Pais poderão saber onde seus filhos estão... e poderão fugir na direção contrária! Pelo menos não serão mais pegos "com as calças na mão!"

Pois é, camaradinha... idéias surgem, só falta criarmos a dependência! Aí, como já dizia o poeta:
o caminho é fácil:
basta experimentar na primeira,
curtir uma na segunda,
ver pra crer na terceira,
e a partir da quarta deixar de contar...

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