Thursday, August 24, 2006

em defesa de lula

Andam dizendo que o presidente Lula proferiu algumas frases na qual a lógica, o bom-senso e a simples compreensão fundamental da língua não foram observadas. Embora eu ache que o presidente não precise de ninguém para defendê-lo, visto que não o fez até agora, e se não o fez é porque não precisa, e se não precisa é porque do que lhe acusam não se fere, ainda assim venho humildemente bradar contra a ordinarice institucionalizada da mera propaganda que é a imprensa brasileira, pois ora, se Lula falou o que falou, eu diria, é apenas uma questão de interpretação! Isso mesmo, assim como em outras áreas igualmente dúbias que são as leis brasileiras e a religião, na política também pode-se dizer a mesma coisa com sentidos antagônicos, ou ainda complexos e intrísecos! Tão que estão além da vã compreensão de pequenas mentes ensimesmadas na mediocridade do vulgar!

À série são dados diferentes títulos, dependendo do site (há vários!) em que foram publicadas: "ACREDITEM SE QUISER, ELE FALOU..." "PÉROLAS PRESIDENCIAIS", "CALA A BOCA MAGDA" e por aí vai... Selecionei algumas de uma série que chegaram a mim por correio eletrônico, a mais eficiente ferramenta de divulgação e recepção de material indesejado já inventada pelo homem. As supostas declarações do presidente estão em itálico. Entre parênteses estão os comentários supostamente feitos pelo organizador das frases, e em seguida a "defesa" ao claro, profundo e incompreendido pensamento do nosso presidente.

"Eu gostaria de ter estudado latim, assim eu poderia me comunicar melhor com o povo da América Latina" (deveria ter nascido mudo!!) - Todos sabem que a origem do português, do espanhol, do francês e do italiano é o latim. Aprendendo latim, Lula não só se comunicaria melhor com a América Latina mas com boa parte da Europa também!

"A grande maioria de nossas importações vem de fora do país." (é a própria expressão da ignorância) - O Brasil é ou não é um país continental? E "vem" está no plural, portanto deveria ser grafado "vêm" (erro de imprensa).

"Se não tivermos sucesso, corremos o risco de fracassarmos." ( e o risco é mesmo grande!) - Claro como o dia, o fracasso é muito maior do que a falta de sucesso!

"O Holocausto foi um período obsceno na História da nossa nação. Quero dizer, na História deste século. Mas todos vivemos neste século. Eu não vivi nesse século." (....o cara cheirou Rodiasol ou é assim mesmo) - Análises precipitadas não percebem que ele quis dizer que ele não viveu, no coração, este século horrível. E reparem como ele usou direitinho os pronomes demonstrativos esse e este!

"Uma palavra resume provavelmente a responsabilidade de qualquer governante. E essa palavra é "estar preparado". (uma????) - Muito além das palavras, Lula estava pensando na idéia de estar preparado...

"O futuro será melhor amanhã." ( é uma verdadeira besta HUMANA!!!!) - Engana-se... Isso é metalinguagem. O presidente está falando de META-FUTURO... semiologia pura! Leiam Pierce e Saussure!

"Eu mantenho todas as declarações erradas que fiz." (...e continua a fazer) - Mostra ser uma pessoa de palavra, íntegra e de princípios, coisa incomum em políticos! Lembremos FHC, que pediu para esqueçermos o que havia escrito!

"Nós temos um firme compromisso com a OTAN. Nós fazemos parte da OTAN. Nós temos um firme compromisso com a Europa. Nós fazemos parte da Europa." (DUAS BOLAS NA TRAVE- hummm...) - Ele quis dizer que 'estrategicamente' fazemos parte da Europa!

"Um número baixo de votantes é uma indicação de que menas (escrito como falado) pessoas estão a votar." ( Socorro, chamem Camões!!!) - Aqui Lula se dirigiu à grande massa de pessoas que não leram Camões... aqueles dos 'pra mim fazer', 'a gente pensamos', 'ele ponhô', 'nóis vai', e tantas outras... e isso não diminui ninguém, ao menos não deveria, senão seria uma visão meramente chã, acanhada, mesquinha, preconceituosa e reacionária.

"Nós estamos preparados para qualquer imprevisto que possa ocorrer ou não." (fenomenal!) - Na verdade, foi um erro de transcrição... o certo é por uma vírgula depois da palavra imprevisto, e o sentido do todo se escancara!

"Para a NASA, o espaço ainda é alta prioridade." ( sem comentários....) - Como sabemos, a NASA é uma agência americana para a Administração Nacional de Aeronáutica e Espaço, e assim sendo, têm outros assuntos para cuidar além do espaço.

"Não é a poluição que está prejudicando o meio-ambiente. São as impurezas no ar e na água que fazem isso." (minha nossa!!!) - O principal prejudicador do meio ambiente, o ser humano, é uma impureza ele mesmo, e habita tanto o ar quanto a água, e não é poluição!

"É tempo para a raça humana entrar no sistema solar." ( Fechou com chave de ouro!!!) - O que ele quis dizer é que a ciência precisa se envolver mais nos assuntos do Sistema Solar...

Fim das "pérolas" presidenciais e começo as "pérulas" provinciais:

O perspicaz organizador das frases pergunta, com uma indignação dantesca:
(Com toda a franqueza que lhe cabe: você deseja ter um ser como este por mais 4 anos na Presidencia de nossa Republica?) - Bem, frente as opções que temos, eu não votaria em Fernando Collor! Ah, e Presidência e República têm acento! Outro erro de imprensa, né? A tal da "pensante", que pelo jeito não é "leitora" e tampouco "escritora", mas adora falar mal dos outros... afinal, é a mediocridade que vende jornal: favas ao gado!

E continua, ele sim, fechando com chave de ouro:

(Não lhe falta apenas um dedo. Lhe falta (sic) o principal, educação, bom senso, boa conduta, honestidade e cultura.) - Falta-lhe sim educação, aquela formal, a mesma dos irmãos Collor, a mesma que Lalau e tantos outros juízes receberam... e a mesma que esse jornalista recebeu, e não sabe que próclises não podem iniciar uma oração ("Falta-lhe o principal..." , ao invés de "Lhe falta o principal..."). Bom senso, boa conduta e honestidade? "Atire a primeira pedra aquele que nunca..." Que vista-se da carapuça a quem ela servir... Só mudando de país! E cultura, assim como a educação, não diz nada... aliás, às vezes não serve nem pra limpar latrinas! Serve sim para colocar bandido em cela especial, como o bem-educado e letrado PC Farias!

É isso aí!

Friday, August 18, 2006

como me tornei um estúpido (trecho), de Martin Page

“Há pessoas para quem as melhores coisas não funcionam. Elas podem estar vestidas com uma roupa de caxemira, que terão sempre a aparência de mendigos; podem ser ricas, mas serão endividadas; ser grandes, mas nulidades no basquete. Eu hoje me dou conta de que pertenço à espécie das que não conseguem beneficiar-se das suas vantagens, aquelas para quem tais vantagens chegam a ser inconvenientes.

“A verdade sai da boca das crianças. Na escola primária, ser inteligente resultava num insulto infame; quando crescemos, ser um intelectual passa a ser quase uma qualidade. Mas isso é uma mentira: a inteligência é uma tara. Assim como os vivos sabem que vão morrer, e como os mortos não sabem nada, penso que ser inteligente é pior que ser asno, porque o asno não se dá conta disso, ao passo que qualquer inteligente, ainda que humilde e modesto, o sabe forçosamente.

“Está escrito no Eclesiastes que ‘quem tem a sua ciência aumentada, este também tem aumentada a sua dor’, mas, não tendo tido jamais a felicidade de freqüentar o catecismo com as outras crianças, não fui prevenido dos perigos do estudo. Os cristãos têm a sorte, quando jovens, de ser postos em guarda contra o perigo da inteligência; por toda a vida saberão distanciar-se dela. Bem-aventurados os pobres de espírito.

“Os que pensam que a inteligência tem alguma nobreza não podem, certamente, dar-se conta de que ela não passa de maldição. Os que me cercam, os meus colegas de classe, os meus professores, todo o mundo sempre me julgou inteligente. Eu nunca compreendi bem por que nem como eles chegavam a este veredicto acerca da minha pessoa. Eu freqüentemente sofria esse racismo positivo da parte dos que confundem a aparência de inteligência com inteligência, e nos condenam, com um preconceito falsamente favorável, a encarnar uma figura de autoridade. Assim como a mídia se extasia com um jovem ou uma jovem dotados de beleza maior, assim, para humilhação silenciosa dos menos dotados pela natureza, eu era a criatura inteligente e culta. Como eu detestava aquelas sessões em que participava, a contragosto, para magoar, para rebaixar os rapazes e moças considerados menos brilhantes!

“Eu jamais fui esportista; as últimas competições importantes que fatigaram os meus músculos foram os campeonatos de bola de gude na escola primária, no pátio de recreio. Os meus braços finos, o meu fôlego curto, as minhas pernas lentas não me permitiam fazer os esforços necessários para acertar numa bola com eficácia; eu tinha força somente para explorar o mundo com o meu espírito. Demasiado medíocre para o esporte, só me restavam os neurônios para inventar jogos de bola de gude. A inteligência era uma saída.

“A inteligência é um erro da evolução. No tempo dos primeiros homens pré-históricos, posso imaginar perfeitamente bem, no seio de uma pequena tribo, todos os meninos correndo no mato, perseguindo os lagartos, colhendo bagas para o jantar; e pouco a pouco, em contato com adultos, aprendendo a ser homens e mulheres completos: caçadores, coletores, pescadores, curtidores... Mas, olhando mais atentamente a vida desta tribo, percebe-se que algumas crianças não participam das atividades do grupo: elas permanecem perto do fogo, protegidas no interior da caverna. Elas jamais saberiam se defender dos tigres-dentes-de-sabre, nem poderiam caçar; entregues a si mesmas, não sobreviveriam por uma noite. Se elas passam os dias sem fazer nada, tal não se dá por indolência, não, elas bem que gostariam de dar cambalhotas com os companheiros, mas não o podem. Ao pô-las no mundo, a natureza manquejou. Nesta tribo, há uma pequena cega, um rapaz coxo, um rapaz desajeitado e distraído... Assim, eles permanecem no acampamento o dia todo, e, como não têm nada para fazer e como os videogames ainda não tinham sido inventados, são obrigados a refletir e a deixar deambular os seus pensamentos. E passam o tempo a pensar, a imaginar histórias e invenções. Eis como nasceu a civilização: porque crianças com defeitos não tinham nada mais para fazer. Se a natureza não estropiasse ninguém, se o molde fosse sempre sem falha, a humanidade teria permanecido numa espécie de proto-humanidade, feliz, sem nenhum pensamento de progresso, vivendo muitíssimo bem sem Prozac, sem preservativos nem aparelho de DVD dolby digital.

“Ser curioso, querer compreender a natureza e os homens, descobrir as artes deveria ser a tendência de todo e qualquer espírito. Mas, se assim fosse, com a atual organização do trabalho, o mundo deixaria de girar, simplesmente porque aquilo demanda tempo e desenvolve o espírito crítico. Ninguém trabalharia. Eis por que os homens têm gostos e desgostos, coisas que os interessam e coisas que não os interessam - porque, se assim não fosse, não haveria sociedade. Os que se interessam demasiadamente pelas coisas, que se interessam até por assuntos que não os interessariam a priori - e que querem compreender as razões do seu desinteresse - pagam o preço disso com certa solidão. Para escapar a esse ostracismo, é necessário dotar- se de uma inteligência que tem uma função, que serve a uma ciência ou a uma causa, a um oficio; simplesmente, uma inteligência que serve para algo. A minha suposta inteligência, demasiado independente, não serve para nada, ou seja, ela não pode ser recuperada para ser empregada pela universidade, por uma empresa, por um jornal ou por um escritório de advocacia.

“Eu tenho a maldição da razão; sou pobre, solteiro, depressivo. Há meses reflito sobre a doença de refletir demasiadamente e estabeleci com toda a certeza a correlação entre a minha infelicidade e a incontinência da minha razão. Pensar, tentar compreender nunca me trouxe nenhum beneficio, mas, ao contrário, sempre atuou contra mim. Refletir não é uma operação natural e fere, como se revelasse cacos de garrafa e arames farpados misturados com o ar. Eu não consigo deter o meu cérebro, diminuir o seu ritmo. Sinto-me como uma locomotiva, uma velha locomotiva que se precipita nos trilhos e que não poderá jamais parar, porque o combustível que lhe dá a sua potência vertiginosa, o seu carvão, é o mundo. Tudo o que vejo, sinto, escuto se engolfa no forno do meu espírito e o impele e faz funcionar a pleno vapor. Tentar compreender é um suicídio social, e isso significa já não desfrutar a vida sem sentir-se, a contragosto, e ao mesmo tempo, uma ave de rapina e um abutre que despedaça os seus objetos de estudo. Freqüentemente matamos aquilo que buscamos compreender porque, como para o estudante de medicina, não há verdadeiro conhecimento sem dissecção: descobrem-se as veias e a circulação do sangue, a organização do esqueleto, os nervos, o funcionamento íntimo do corpo. E, numa noite de terror, nos encontramos numa cripta úmida e sombria, com um escalpelo na mão, todo manchado de sangue, sofrendo constantes náuseas, com um cadáver frio e informe sobre uma mesa de metal. Depois, pode-se sempre tentar ser um professor Frankenstein e reunir tudo isso para fazer dele um ser vivo, mas sempre se corre o risco de fabricar um monstro assassino. Eu vivi demasiadamente nos necrotérios; hoje, sinto aproximar-se o perigo do cinismo, do amargor e da infinita tristeza; rapidamente nos tornamos dotados para a infelicidade. Não é possível viver demasiadamente consciente, demasiadamente pensante. Aliás, observemos a natureza: tudo o que vive muito e contente não é inteligente. As tartarugas vivem séculos, a água é imortal, e Milton Friedman está sempre vivo. Na natureza, a consciência é a exceção; pode-se até postular que ela é um acidente, uma vez que ela não assegura nenhuma superioridade, nenhuma longevidade particular. No quadro da evolução das espécies, ela não é sinal de uma melhor adaptação. São os insetos que, em idade, em número e em território ocupado, são os verdadeiros mestres do planeta. A organização social das formigas, por exemplo, é muito mais bem-sucedida do que jamais será a nossa e nenhuma formiga tem cátedra na Sorbonne.

“Todo o mundo tem coisas para dizer acerca das mulheres, dos homens, dos policiais, dos assassinos. Nós generalizamos a partir da nossa própria experiência, do que nos cabe viver, do que se pode compreender com os esquálidos recursos dos nossos feixes neuronais e segundo a perspectiva da nossa visão. E uma facilidade que permite pensar rapidamente, julgar e posicionar-se. Isso não tem valor em si, são sinais, pequenas bandeiras que todos agitamos. E todo o mundo defende a verdade das suas vantagens, do seu sexo, da sua fortuna.

“Em um debate, as generalidades oferecem a vantagem da simplicidade e da fluidez dos raciocínios, da sua compreensão fácil, e, por conseguinte, de maior impacto sobre os ouvintes. Para traduzir isso em linguagem matemática, as discussões baseadas em generalidades são adições, operações simples, que, por sua evidência, fazem crer em sua pertinência. Ao passo que uma discussão séria daria antes a idéia de uma seqüência de inequações não raro desconhecidas, de integrais e bolinhas com nomes complexos.

“Uma pessoa sábia terá sempre, numa discussão, a impressão de simplificar, e o seu único desejo seria cortar, colar asteriscos a determinadas palavras, pôr notas de rodapé e comentários em fim de livro para exprimir verdadeiramente o seu pensamento. Mas, numa conversa a um canto de um corredor, num jantar animado ou nas páginas de um jornal, isso é absolutamente impossível: não se trata, então, de rigor, de objetividade, de imparcialidade, de honestidade. A virtude é um handicap retórico e não é eficaz num debate. Alguns espíritos brilhantes, vendo a vacuidade necessária de toda e qualquer discussão, têm optado pela esperteza e sugerem a complexidade pelo paradoxo e por um humor distanciado. Por que não se, além do mais, tudo não passa de um meio de sobreviver?

“Os homens simplificam o mundo pela linguagem e pelo pensamento, e assim eles têm certezas; e ter certezas é a mais poderosa volúpia neste mundo, muito mais poderosa que o dinheiro, o sexo e o poder reunidos.A renúncia a uma verdadeira inteligência é o preço a pagar por ter certezas, e é sempre uma reserva invisível no banco da nossa consciência. A esse respeito, eu prefiro ainda os que não se cobrem com o manto da razão e afirmam a ficção da sua crença. Ou seja, um crente em que a sua fé não seja nada além da crença e não uma presunção sobre a verdade das coisas reais.

“Há um provérbio chinês que diz, por alto, que um peixe nunca sabe quando urina. Isso se aplica perfeitamente aos intelectuais. O intelectual está persuadido de que é inteligente, porque se serve do seu cérebro. O pedreiro se serve das suas mãos, mas tem um cérebro que lhe pode dizer: ‘Ei! essa parede não está reta, e, além disso, você se esqueceu de pôr cimento entre os tijolos.’ Há um vaivém entre o seu trabalho e a sua razão. O intelectual, ao trabalhar com a sua razão, não possui esse vai-e-vem, as suas mãos não se animam a dizer-lhe: ‘Ei, meu caro, você está enganado! A Terra é redonda.’ Falta ao intelectual esse retorno, razão por que ele se julga capaz de ter um parecer esclarecido a respeito de todos os assuntos. O intelectual é como um pianista que, por utilizar as mãos com virtuosidade, pensa ter aptidão para ser, naturalmente, jogador de pôquer, boxeador, neurocirurgião e pintor.

“Evidentemente, os intelectuais não são os únicos a quem compete a inteligência. Em geral, quando alguém começa por dizer ‘Não é para ser demagógico, não, mas...’, é efetivamente para ser demagógico. Por isso, eu não sei dizer muito bem o que poderia ser interpretado como condescendência. Estou convencido de que a inteligência é uma virtude compartilhada pelo conjunto da população, sem distinção social: há igual porcentagem de pessoas inteligentes entre os professores de história e os marinheiros-pescadores bretões, entre os escritores e os datilógrafos... Isso o sei pela minha própria experiência, à força de me aproximar de brain-builders, pensadores e professores, intelectuais idiotas e, ao mesmo tempo, de pessoas normais, inteligentes sem certificado de inteligência, sem a aura institucional. Eu não posso dizer outra coisa. E tão contestável quão impossível é um estudo científico. Encontrar alguém inteligente e sensato não é função do diploma; não há teste de Q.I. para revelar o que se poderia chamar bom senso. Eu penso e repenso no que dizia Michael Herr, roteirista de Nascido para matar, no seu magnífico livro sobre Kubrick: ‘A estupidez das pessoas não deriva da sua falta de inteligência, mas da sua falta de coragem

“Uma coisa que se pode admitir é que, freqüentar grandes obras, servir-se do seu próprio espírito, ler livros de gênios não asseguram a ninguém inteligência, mas tornam isso provável. Naturalmente, há pessoas que terão lido Freud, Platão que saberão fazer trocadilhos com os quarks e ver a diferença entre os falcões-peregrinos e um peneireiro, e que, todavia, serão rematados imbecis. Não obstante, potencialmente, estando em contato com uma multidão de estímulos e deixando o seu espírito freqüentar uma atmosfera enriquecedora, a inteligência encontra terreno favorável para o seu desenvolvimento, exatamente da mesma maneira que uma doença. Pois a inteligência é uma doença.”

info

Thursday, August 17, 2006

spam

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Este é um tipo de spam ainda muito comum hoje em dia... e se ainda é muito comum, é porque ainda muita gente cai no golpe...

A palavra "spam", no contexto da informática, significa "correio eletrônico contendo mensagens irrelevantes, lixo", mas também significa "lata de conservas de carne americana" (Babylon)

Pois é... ainda hoje, Papa & Negrão Associados conseguem seu ganhar seu pão... ou carne!

Sunday, August 13, 2006

retirante

para meu pai, no seu dia...

e se quando aqui chegou
tinha algo pra falar, calou:
é que o coração desdentado
desconhecia o verbo enroscado
na garganta

e aquele mundo antes pequeno,
ameno, que lhe possibilitava, matou.
:deixou de sonhar o horizonte númeno
autógeno da possibilidade iminente
e lembrou

de um passado saudoso, e chorou
o choro dos bravos, mas lutou
pelo que veio buscar, eminente
veio, viu, venceu: plantou fruto donde
nasci eu...

asyno eduardo miranda
deste porto seguro da jlha do Eire,
oje, domjngo, dezº terçº dia do octº mez d este anno de MMVI

Thursday, August 10, 2006

entrando pela porta da frente...

De volta da Bélgica, onde me perdi em quase seis dias de exageros gastronômicos nas coisas que eles têm de melhor - cervejas, chocolates, sorvetes, batatas fritas, waffles e mexilhões - pelas cidades que passamos (Brussel, Oostende, Brugge, Antwerpen, Luik e Tchålerwè), Teresa e eu pudemos notar algo que até então não havia nos saltado aos olhos: cães. Como há pessoas com cães pela Bélgica! Na rua, nos carros, nos ônibus, nos trens... um apego desmensurado a estes animais, que como sabemos, não ganharão os reinos dos céus, pois já está escrito que são bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestes no sangue do Cordeiro para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas. De fora ficarão os cães, os feiticeiros, os adúlteros, os homicidas, os idólatras, e todo o que ama e pratica a mentira (Apocalipse 22:14,15).

Acredite quem quiser...

falando em viagens...

NPM, Paris
Paris é sempre agradável, por mais vazia que esta afirmação possa parecer. Nas poucas vezes que pude estar lá, Paris sempre me foi uma experiência única, embora esta minha viagem tenha começado mal, com chuvas torrenciais em Dublin, ônibus atrasado e congestionamento a caminho do aeroporto, o que me forçou a saltar do ônibus e pegar um taxi – gasto extra!

Fora isso, a sexta-feira parisiense começara bem... melhor, inusitada. Conheci ao acaso duas garotas norueguesas que atualmente moram em Chipre; estavam pedindo informações sobre um club, e eu, meio perdido também, procurando meu albergue... no final acabamos num café parisiense, tomando um belo Saint-Émilion Grand Cru récolte 2001, Château Musset Chevalier, e uma delas, Mariann, falando de seu amigo de infância, Nils Petter Molvaer. Deste encontro com Mariann e sua amiga, resultou um bilhete – em norueguês – para Nils Petter, o que me proporcionou um acesso diferenciado e amigável a ele depois do show. Até mesmo ensaiara poucas palavras em norueguês, como "Unnskyld, jeg heter Eduardo. Kan jeg vil ha en du?"

Quanto ao show, só posso dizer que, para os que conhecem a proposta de Nils Petter, o show é tudo aquilo que os discos nos impõe – inevitavelmente – mais a energia contagiante – quase um transe – de luzes & ritmos & samplers & oscilações eletrônicas à lá Varésè, só que tecnologicamente 50 anos depois!

Despedimo-nos com um cordial "Hyggelig å treffe deg!"

Paris além NPM
Também nesta viagem conheci um australiano que mora no Japão, Nathan Richard Joney (guardem este nome!), que está temporariamente em Paris para cuidar de um relacionamento mal resolvido e aproveitando também para propor à BBC de Londres um prograna-piloto de um documentário sobre os primórdios da música eletrônica – o mapeamento histórico da desde Varésè e Stockhausen até Bjork e Moby, dando ênfase num suposto limbo que segundo Nathan existe entre o período pós-Cabaret Voltaire e pré-Human League. Mas o que mais me impresisonou mesmo em Nathan foi o fato dele falar fluentemente o japonês e o chinês, além do francês e do inglês... morri de inveja! 印象的な!

Aguardo notícias de seus projetos...

o vão e vil petróleo

Foi dito por aqui que está para vir um aumento no preço do barril deste preciosíssimo combustível da qual os seres humanos têm o mal-hábito de depender desesperadamente. E por ser fóssil este combustível, e sermos nós adictos a ele, somos categorizados como "dependentes fósseis", e o certo mesmo seria passarmos por um tratamento de "desfossilização", que incluiria tratamento de choque para deixarmos nossos hábitos fossoriais de lado...

Mas voltando ao aumento... é claro que tudo o que se possa imaginar será aumentado na seqüência. Isto me remete aos tempos de criança, quando costumava me indignar com estes aumentos e questionar minha mãe por que desses aumentos afetarem o meu sorvete, já que ele não era feito de petróleo! E ela me respondia da maneira que uma criança poderia entender, dizendo que o caminhão que trazia o sorvete era movido a gasolina, e que devido ao aumento passaria pagar mais caro para encher o tanque, e por isso teria que vender mais caro o sorvete a Dona Conceição, da vendinha da esquina, e como ela pagaria mais caro pelo sorvete também o venderia mais caro, e era por isso que eu não poderia comprar mais tantos sorvetes como eu comprava.

E eu, tolo, acreditava nessa história... hoje eu sei que os sorvetes aumentam porque na verdade são feitos de petróleo!

Wednesday, August 02, 2006

super dínamo

Super Dínamo (Paa-man em japonês) era um mangá criado pela dupla Fujiko Fujio. Devido à sua popularidade, tornou-se desenho animado em 1967, com 55 episódios em preto-e-branco produzidos entre 2-04-67 e 14-04-68. Eu os acompanhei quando relançados em meados dos anos 70, entre outras pérolas como Fantomas, Guzula, Speed Race, A Princesa e o Cavaleiro, etc. Ah... isso sim era desenho!!!

Certa vez fiquei sabendo que fariam uma sessão de Super Dínamo no Cineclube do Bexiga, numa terça-feira, às 22:00! Isso é hora e dia para umas sessão de desenho? Mas vá lá, eu trabalhava na saudosa Eletropaulo, na esquina da Xavier de Toledo com o Viaduto do Chá, em pleno coração paulista. Naquela época, cobria as férias de um colega no quarto turno, que ia da meia-noite até seis da manhã. Não tive dúvidas: Desfrutei de quase duas horas de Super Dínamo. Me caiu muito bem o horário!

Desde então, busco informações sobre Paa-man. E os DVDs não são fáceis de achar!

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