Thursday, November 01, 2007

de Papéis & de Gêneros

Não sou machista, não sou feminista. Quem me conhece sabe que gosto das causas dos desprivilegiados, dos desfavorecidos, das minorias abafadas. É inerente à minha formação de esquerda: Marx / Trotsky / Adorno / Hokheimer / Gramsci / Etcetera e Tal. E mesmo abalada pelos erros históricos, a "Fé Esquerdista" me mantém na linha, longe da cultura do dinheiro e das tentações do consumismo desenfreado, longe do essencial-fugaz e do "shopping therapy". Mas quando se trata de "papéis sociais" sempre acabo gerando a discórdia, principalmente entre as mulheres.

Se alguém vier com a velha história que mulher é minoria eu viro a página. Mulher não é minoria nem aqui, nem na China... bem, talvez na China e na Índia, onde ainda se comete feticídios femininos [ter uma menina”, diz um ditado chinês, é “cultivar o campo de outros”; um ditado indiano diz que é “cuidar do jardim do vizinho”], mas fora estes absurdos, é comum haver um equilíbrio entre homens e mulheres na idade jovem, embora predominem as mulheres na fase adulta e na velhice.

Esclarecido o aspecto demográfico, passemos ao aspecto social - este sim, delicado. É aqui que mora a discórdia: entre o que passa na cabeça dos homens e o que passa na cabeça das mulheres. E por mais que sejam de Marte ou de Vênus, ainda assim os papéis sociais existem. Infelizmente, dirão uns. Felizmente, outros, mas o que basicamente difere é como e por quem eles devem ser cumpridos.

Os papéis sociais podem, num sentido bem amplo, determinar quem caça e quem coleta numa sociedade. Independente de macho ou fêmea, deve-se concordar que - até agora - estes papéis devem ser executados.

Como bons primatas, carnívoros e mamíferos, historica e antropologicamente herdamos alguns hábitos sociais: agrupamo-nos, acasalamos, procriamos, constituimos um lar e protegemos nossa prole. E para sobreviver [olha os "papéis" aí, gente!], caça-se e coleta-se: enquanto um trabalha o outro cuida, prepara e ordena o lar e a prole. Sejam homens ou mulheres exercendo estes papéis, não importa. E como não há uma linha divisória clara entre eles, um ajuda o outro dentro do possível, sem negligenciar seus próprios papéis. O que importa aqui é que ambos os papéis - igualmente importantes - sejam cumpridos. Não é porque o papel da caça - o trabalho - tenha sido secularmente desempenhado pelo homem enquanto o das prendas domésticas - a coleta - pela mulher que deva ser sempre assim, isso é certo... mas simplesmente "abandonar" o papel para reivindicar "igualdade" tampouco parece justo. Por isso é o momento de discutir estes papéis, tanto sociais como sexuais. É hora de cuidar do que foi abandonado, de rever o que foi reivindicado no desespero da repressão.

Por isso é que eu brado aos quatro ventos: Viva a executiva que trabalha 16 horas por dia e ganha $200.000,00+ por ano! Viva a mulher que freqüenta os bares em cachaçadas sociais e canta homens menos poderosos que elas! Viva as mulheres que sustentam seus maridos para que fiquem o dia inteiro em casa tocando um instrumento e escrevendo poesia!

VIVA O ÓCIO ULULANTE ! ! !

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