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Foi uma leitora quem notou que um artigo (21 de abril de 1998) lhe parecia "muito familiar". Ela consultou os arquivos da Folha e descobriu que Jabor publicara o mesmo texto em 23 de janeiro de 1996. A fonte é a própria Folha de São Paulo, onde Arnaldo Jabor costumava colaborar. Deu no Ombudsman daquele jornal num domingo, 03 de maio de 1998.
Mas o pior é que o Jabor quis negar - aí fedeu! Fazer a besteira é uma coisa: precisava entregar o artigo, estava indisposto, sem criatividade, com o saco-cheio, o que seja, mas negar o erro... aí se queimou! O cara escreve bem, tem boas idéias, dá umas gafezinhas aqui e ali de vez em quando, mas MENTIR é grave.
Num artigo Jabor discorre sobre o sentimento de inadequação que invade brasileiros em Nova Iorque e a orfandade dos intelectuais de esquerda. Faz suas reflexões a caminho do Brasil. No outro, Jabor não está mais no avião. O comentário sobre os transeuntes na 5ª Avenida se desloca para a Broadway. O motorista de táxi com quem conversava se transforma em vendedor de cachorro-quente. As diferenças terminam aí! Ah, sim: um texto tem 1018 palavras, o outro 1100! Em números, 59% do texto é reprodução literal do material antigo; desconsideradas as alterações cosméticas, a intersecção sobe para 65%. Entre as mudanças, estão a substituição de coisinhas como "promessa" por "esperança", "alguns" por "meus inimigos", "gorjeta" por "mixarias" e a introdução de expressões ou frases no meio de períodos antigos... Nos cinco primeiros parágrafos há apenas duas sentenças diferentes do original!!!
Em conversa telefônica com a ombudsman na quarta-feira, o ex-cineasta - que agora está voltando ao cinema!!! - rejeitou veementemente ter clonado seu próprio texto. "Os artigos são semelhantes", disse. "Reutilizei trechos de idéias para tratar do mesmo tema", afirmou, e fechou com o chavão: "Nelson Rodrigues fazia a mesma coisa!"
Pô, Jabor... você deveria ter disfarçado melhor, não?!?
O que Jabor disse não colou, na verdade... nem na época e nem nunca! Uma coisa é resgatar histórias e raciocínios. Outra, muito diferente, é republicar um artigo praticamente na íntegra sem nenhum tipo de esclarecimento ao leitor.
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