De uma maneira ou de outra, os filmes do roteirista Charlie Kaufman sempre acabam por falar do amor, da morte, da dor e do sofrimento e seu impacto na mente humana. Assim foi "Quero Ser John Malkovich", "Brilho Eterno de uma Mente Sem Lembranças", "Adaptação", "Confissões de uma Mente Perigosa", "Natureza Quase Humana". A exploração da psique está lá. E "Synecdoche, New York", que marca a estréia dele na direção, não é uma exceção - é uma progressão natural da obsessão, complexo e angustiante. Uma viagem através de seus pesadelos mais neuróticos e pessimistas, sem abandonar a graça. Kaufman consegue fazer do absurdo algo leve de ser consumido, remetendo-nos ao melhor de Woody Allen, o mestre em involver o público em complexas condições existenciais enquanto mastigam pipocas de plástico em cadeiras confortáveis de complexos cinemáticos!
"Synecdoche, New York" nos introduz um escritor e diretor teatral (o brilhante Philip Seymour Hoffman, de Capote, Doubt, Charlie Wilson's War) como o protagonista hipocondríaco e naturalmente propenso a enxergar o lado ruim da vida, que parece estar sempre a espera da própria morte.
De repente, o absurdo entra em cena, quando ninguém parece se importar com o fato de um imóvel estar em chamas, ou quando os desenhos na TV mostram o dramaturgo como personagem, numa de suas inúmeras projeções alucinadas. Mais ou menos como em "Quero Ser John Malkovich", não estamos sentados na poltrona de um cinema assistindo a um filme, mas estamos dentro da mente do protagonista, experimentando suas alucinações.
Suas relações com as mulheres que o cercam ou o abandonam, o simulacro de seu mundo num galpão, onde todos os dias dá instruções bem específicas sobre como deverão interpretar, numa eterna performance da própria vida...
"Synecdoche, New York" é um exercício narrativo fascinante, construído numa complexa estrutura de camadas - um galpão dentro do galpão a fim de representar o simulacro do simulacro. Um círculo enlouquecedor de inúmeras representações dramáticas numa ficção da ficção da ficção da ficção. Meros figurantes no universo, mas ainda protagonistas de nossas próprias vidas.
Um Filmaço!
* Sinédoque - tipo especial de metonímia baseada na relação quantitativa entre o significado original da palavra usada e o conteúdo ou referente mentado.
"Synecdoche, New York" nos introduz um escritor e diretor teatral (o brilhante Philip Seymour Hoffman, de Capote, Doubt, Charlie Wilson's War) como o protagonista hipocondríaco e naturalmente propenso a enxergar o lado ruim da vida, que parece estar sempre a espera da própria morte.
De repente, o absurdo entra em cena, quando ninguém parece se importar com o fato de um imóvel estar em chamas, ou quando os desenhos na TV mostram o dramaturgo como personagem, numa de suas inúmeras projeções alucinadas. Mais ou menos como em "Quero Ser John Malkovich", não estamos sentados na poltrona de um cinema assistindo a um filme, mas estamos dentro da mente do protagonista, experimentando suas alucinações.
Suas relações com as mulheres que o cercam ou o abandonam, o simulacro de seu mundo num galpão, onde todos os dias dá instruções bem específicas sobre como deverão interpretar, numa eterna performance da própria vida...
"Synecdoche, New York" é um exercício narrativo fascinante, construído numa complexa estrutura de camadas - um galpão dentro do galpão a fim de representar o simulacro do simulacro. Um círculo enlouquecedor de inúmeras representações dramáticas numa ficção da ficção da ficção da ficção. Meros figurantes no universo, mas ainda protagonistas de nossas próprias vidas.
Um Filmaço!
* Sinédoque - tipo especial de metonímia baseada na relação quantitativa entre o significado original da palavra usada e o conteúdo ou referente mentado.
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