Saturday, July 23, 2011

Um brasileiro chamado Gérson

O meio-campistas Gérson, conhecido como "Canhotinha de Ouro", foi um do melhores meio-campistas de toda a história do futebol brasileiro. Campeão do mundo pela célebre Seleção de Ouro de 1970, ao lado de Pelé, Tostão, Rivelino, Jairzinho, Gérson é lembrado não apenas pelo seu valor esportivo, mas também por ter seu nome associado a uma das poucas leis que são realmente respeitadas pelos brasileiros, no Brasil ou mundo afora. Ao lado da Lei da Gravidade (inexorável) e da Lei de Murphy (imprevisível), a Lei de Gérson rege que "É preciso levar vantagem em tudo, certo?".

Hum... certo. Embora não seja uma lei escrita, a Lei de Gérson deu à malandragem, à esperteza e ao famigerado "jeitinho brasileiro" um enunciado definitivo na frase que Gérson pronuncia na propaganda de televisão veiculada em 1976 para os cigarros Vila Rica. No comercial, Gérson diz que Vila Rica "É gostoso, suave e não irrita a garganta". E continua: "Por que pagar mais caro se o Vila me dá tudo aquilo que eu quero de um bom cigarro?". E finalmente, com um sorriso malicioso pregado na cara, solta a pérola que, descontextualizada, tornou-se o bordão definitivo do pior cancro cultural dos brasileiros, justificativa oportunista para espertalhões sem ética ou moral: "Gosto de levar vantagem em tudo, certo?".

Certo... E hoje em dia, gente que não conheceu Gérson e tampouco ouviu falar da Lei de Gérson tem como premissa levar vantagem em tudo. Isso é malandragem, e em certos casos é bandidagem mesmo. Praticar a lei e dizer que não pratica é mentira. Praticar e dizer que tal prática não faz mal a ninguém é ignorância. Praticar às escondidas e apregoar os malefícios da lei é hipocrisia.

É... doa a quem doer, camaradinha.
Assista ao comercial do Villa Rica no youtube.

Monday, July 18, 2011

A Lógica Binária

A lógica binária - ou bolleana - é aquela do 0 ou do 1, do tudo ou do nada, do sim ou do não... é onde não há o meio-termo - o aspecto quântico da superposicão de estados. Na lógica binária ou você é 1, ou você é 0. O problema é definir o que é 1 e o que é 0.

Para tornar o abstrato um pouco mais concreto, deixemos 1s e 0s de lado - a definição do número 0 já é um complicador em sí só - e falemos do bem e do mal. Seja em religião, direito ou pura filosofia, bem e mal sempre terão um espectro oposto e dualístico, onde os positivos te conduzem a uma direção e os negativos à outra.

Por definição filosófica, bem e mal são absolutos, já que o objeto (a moral) que anunciam é válido independentemente do sujeito (que ou quem o pratica). Assim, afirmar que roubar é errado, é uma declaração absoluta que independe do sujeito - não é correto para ninguém roubar, e não só para certas pessoas.

Se atribuirmos a bondade ao desenvolvimento pessoal do indivíduo, a maldade seria o resultado de uma condição humana imperfeita. Se tanto o bem quanto o mal podem ser aprendidos simplesmente como consequência da estrutura cultural e social (um conceito pré-socrático, desnudado da moral rígida socrática e pós-socrática por Nietzsche em Para Além do Bem e do Mal), se são "aprendidos" podem também serem "esquecidos". Mas se não houver um "freio" - seja moral, social ou religioso - para o mal, dificilmente alguém que se beneficie desse mal desejará "desaprendê-lo", e conduzirá assim sua própria ética da vantagem pessoal em detrimento do próximo, o que num certo país da América do Sul é chamado de "jeitinho brasileiro".

Neste país também tido como terra de ninguéns, e sim de espertinhos, certos deles pregam que ensinar a moral do roubo não caracteriza roubar. E se defendem dizendo que os outros (de outros países) também fazem - o que é bem justificável. Dizem ainda que tais "dicas" são para que você "fique esperto" e não caia nos golpes. Por exemplo, ensinam como se faz para calotear sua conta de gás, de energia e de telefone, além de incentivar o calote na fatura do cartão de crédito... Claramente um serviço de utilidade pública, em que você, banqueiro, dono de empresa de energia ou de telecomunicações, lendo aquele purgatório social da internet, saberá se prevenir desses fulaninhos!

E o pior de tudo é que daqui do meu exílio voluntário, percebo que esses tais entidades brotam mundo afora, pregando tais ensinamentos, maravilhados, deixando todos bem alertas de que lá naquele paisinho a coisa é assim: bobeou dançou! E que com aquela gentinha não se mete, pois você pode se dar mal!

Fácil entender por que, embora muita gente lute contra, aquele país não vai para a frente.

Friday, July 08, 2011

Penicão


Tem gente que chama a Irlanda de Fazendão! Um apelido carinhoso? Pode ser... mas pejorativo também. Ao menos pejorativo para ser propagado na comunidade de uma rede social, mais especificamente no Orkut, a latrina da internet. Aí eu me pergunto... não gosta daqui? Ora vá embora! Mas essa é uma outra discussão...

O Brasil pode estar muito bom, o Brasil pode estar muito bem... economicamente falando. Muitos brasileiros estão voltando para o Brasil devido á alavancada econômica do país, mas é o resto? Para aqueles que deixaram o país por dificuldades financeiras, não seria apenas uma ilusão de que a vida lá tenha melhorado?

A economia é apenas um dos problemas brasileiro - talvez o mais fácil deles. Ainda acho que o grande desafio é educacional. Na educação está o sucesso da prosperidade do país, sua sustentabilidade, preparando pessoas para serem primeiro cidadãos, depois estudantes, empregados, empregadores, empresários.. e até mesmo desempregados. Mas infelizmente a educação não é uma prioridade brasileira, nem mesmo num governo de esquerda supostamente mais voltado para o social. Se não se investir em educação - um investimento para ser saldado em 20, 30 anos - continuaremos a produzir ao menos dois cancros sociais, a violência e a cultura do levar vantagem em tudo. Enquanto o Brasil estiver produzindo indivíduos adeptos dessas duas práticas, não passaremos de um grande penico, transbordando merda por todos os lados!

Thursday, July 07, 2011

A ética da vantagem

Tem um anúncio da Rádio CBN que diz "Ética é uma só: ou você tem ou você não tem". Eu estenderia isso á Moral também! Moral e Ética geralmente se confundem - uma é relativa aos costumes, a outra à conduta - e uma acaba abrangundo a outra. Podemos dizer que a Moral é moldada nos hábitos, costumes, usos, regras e assimilação social dos valores; já da Ética, podemos dizer que é baseada primeiro na interioridade do ato humano, naquilo que gera uma ação genuinamente humana e que brota a partir do âmago do agir. Uma vez impulsionado, esse agir se baseia nos hábitos, costumes, usos, regras e assimilação social dos valores.

Tem gente que se confunde, sim, mas tem gente que não sabe nem do que se trata! Amigo meu, Gerson Brasileiro, teve o toca-fita (sim, faz tempo...) do carro roubado... adivinha o que ele fez? Foi na feirinha lá do Largo Treze comprar outro, "baratinho". Baratinho porque são ou roubados ou contrabandeados. Ele simplesmente alimenta o ciclo, mas não percebe!

E isso vale para tudo: troco errado, achar carteira com dinheiro dentro, pagar impostos, atravessar semáforo no vermelho, roubar na partida de baralho (truco pode!),  trapacear, levar vantagem, ser desonesto...

É camaradinha... haja "jeitinho brasileiro" e "lei do gerson" para enfiar isso na cabeça dessa gente!