Monday, October 22, 2007

mais rápido que um relâmpago...

... porém mais inconsistente que um pote de gelatina precocemente retirada do congelador! É isso a imprensa brasileira? Sim, infelizmente uma parte dela é. E digo a uma parte para não soar exagerado, mas poderia dizer que "a grande maioria é assim, e que os erros só não são mais aparentes por pura sorte!", mas poderia soar injusto...

Assunto já amplamente apontado, discutido, e criticado, não só por este que vos escreve(u) - eu - mas também por um ou outro orgão com mais pertinácia pela verdade, mais acurácia pelos fatos e mais consciência da repercursão que informações equivocadas podem causar, a pressa de divulgar a (suposta) notícia acaba queimando a língua - e a caneta - de muitos jornalistas e comentaristas.

Recentemente comentei aqui a gafe do comentarista da CBN, senhor Ethevaldo Siqueira, que acreditou que Marte estaria tão próximo da Terra que poderia ser visto a olho nú! Ele não foi o único, é verdade. Milhares de pessoas receberam emails informando o fenômeno. O que esperaria de um formador de opinião é que checasse a fonte! E se não há fonte, pesquise! Informe-se! Faça QUALQUER COISA antes de levar - IRRESPONSAVELMENTE - tal informação ao ar!

Mas sobre Marte já comentei. Agora há uma nova, também na CBN. E não que a CBN seja particularmente ruim, ao contrário. Gosto de ouví-la, e por ouví-la, ouço os erros também.

A nova é do comentarista Wálter Maierovitch, que porcamente - desculpe a palavra, mais é a que melhor descreve o ato - copiou e colou um texto de algum bloguesinho qualquer em espanhol, arrumou algumas palavras para o português, não checou a informação, postou no seu blog e ainda comentou o caso no ar!

E foi uma coisa tão primária que deu até pena! Primeiro, a "tradução" do espanhol para o português deixou muitas palavras sem acento, com forte espanholismo no contexto. Aí, uma rápida busca na net trouxe a notícia: Onde o seu Wálter falava sobre "o camioneiro Kent, do Reino Unido...", era na verdade um fato passado EM Kent, no Reino Unido. Outros enganos como "... o Sr, Kent entrou com ação contra o governo Britânico..." enquanto a BBC, o The Times entre outros, deram que "o governo de KENT entrou com um pedido (...) para o governo Britânico...". E por aí vai!

É claro que os erros, tanto o de Ethevaldo quanto o de Wálter, foram rapidamente corrigidos: os posts dos blogs apagados e os comentários retirados do site da CBN, o que é uma pena, pois privou-nos de boas gargalhadas - depois da perplexão, é claro.

Faço aqui uma homenagem ao "profeta do apocalipse" Orson Welles, que aos aos 23 anos, em 30 de outubro de 1938, desencadeou o pânico na costa leste dos Estados Unidos ao narrar uma invasão extraterrestre nà Terra. E caso você não tenha percebido, o link acima te leva para um verbete de Orson Welles na Wikipédia... em Galego!

Enjoy it!

Tuesday, October 16, 2007

O banco mais velho do mundo


Frente à corrida gananciosa dos bancos mundiais, os da Itália têm se mostrado bem famintos, liderando as grandes fusões no setor: depois do Unicredit ter sido comprado pelo Hypovereinsbank (HBV) alemão em 2005, as fusões Intesa + Sanpaolo e Unicredito + Capitalia permitiram à Itália entrar no reservado clube dos grandes bancos europeus - leia-se GRANDES PREDADORES, oficialmente abonados, manipuladores de governos. Na linha contrária dos predadores abastados, tentam resistir os pequenos bancos nacionais - coitados!

Longe de ter pena de capitalistas selvagens, nós, capitalistas osmóticos e altruístas, que jogamos o jogo da vida, não o do mercado, apenas lemos as notícias, perplexos com tanto chorume e uberdade. Fusões e fusões, que tornam ainda mais bastos o poviléu, desprovido cada vez mais de mínimas migalhas de dignidade, surripiadas e compressadas na ética do "pilimpilim", do "cacau", da "mufunfa", da "pataca", do "tostão", do "tutu", do "vintém", do "vil metal"!

E mesmo os que parecem resistir, na verdade não resistem coisa nenhuma; estão apenas gritando, desesperadamente, para serem lembrados, e também engolidos neste esquema antropofágico, andrógeno de pudor e moral.

E é neste contexto que lhes apresento "a" Banca Monte dei Paschi di Siena (BMPS), banco italiano controlado por uma fundação bancária "puramente nacional". Fundado em 1472 sob os auspícios da antiga república de Siena, se diz "aberto a novos acordos". E, para a vossa felicidade, meu camaradinha italiano, a sua imprensa já mencionou um eventual acordo entre "O Monte" e o espanhol BBVA.

Olha a putaria aí, gente!

Monday, October 15, 2007

Motoboys

Pra você que acha os motoboys de São Paulo um problema...



É a lógica do jegue: numa casa extremamente pequena, após várias reclamações, coloca-se um jegue no meio da sala. Depois de alguns dias/semanas/meses, tira-se o jegue, e o alívio é geral. Todo mundo agradece, "agora sim ficou bom", e ninguém mais se lembra que a casa era pequena.

Os políticos brasileiros precisam aprender a solucionar problemas de maneira mais eficiente... TRAZ O JEGUE!!!

Tuesday, October 09, 2007

esquerda direita volver!

Por um entendimento dos blá-blá-blás.

A célebre carta de Zola, J’Accuse, com o subtítulo Carta a Félix Faure (Presidente da República na época), publicada no jornal literário L‘Aurore, em 13 de Janeiro de 1898, fez com que vários escritores assinassem o "Manifesto dos Intelectuais", documento que além de pedir a reparação de uma injustiça, também fixava a idéia do intelectual participante e ativo dos conflitos sociais e políticos. Logo em seguida veio a resposta, uma campanha de descrédito do movimento pelos chamados Antidreyfusards (os que pretendiam condenar Alfred Dreyfus), com o intuito de ridicularizá-lo. Eram sobretudo nacionalistas, politicamente adeptos da monarquia, de valores conservadores católicos, anti-democráticos, autoritaristas e militaristas. Valores estes muito mais próximos da chamada direita do que da chamada esquerda, que procuravam e procuram mercantilizar um mundo onde só cabia (ou cabe) seus interesses.

Por que tudo isso? Porque corre na internet uma coleção de fragmentos do discurso de posse de Nicolas Sarkozy, que dá destaque e privilegia certas afirmações oportunamente encadeadas para fazer referência a políticos e intelectuais de esquerda. Puro proselitismo. Os franceses escolheram um conservador, Nicolas Sarkozy em detrimento de um socialista, Ségolène Royal. Quer mais?

Diferentemente do que o texto que circula por aí quer dar a entender, quando Sarkozy diz que "A crise da cultura do trabalho é uma crise moral. Vou reabilitar o trabalho.", na verdade ele apenas cortou o sobre-imposto de quem faz horas extras, ou seja, quem quiser trabalhar mais do que as 35 horas semanais, já não paga mais por isso. Mas, como prega a boa cartilha política - independente da tendência, se mais à direita ou mais à esquerda - tudo tem um preço, e Sarkjozy teve que "comprar" a paz com os sindicatos comprometendo uma outra promessa de oferta mínima nos transporte público em casos de greves. Ou seja, Sarkozy, que se diz o "candidato do povo" e da "ruptura tranqüila", também pratica o famoso "toma-lá-dá-cá".

O autor da "colagem" resolve, num ímpeto de coragem, expressar uma fagulha do que se poderia chamar de pensamento, após informar que "... o texto é (parte, ele esqueceu de dizer que é parte...) do discurso de posse do presidente francês Nicolas Sarkozy", emenda uma "opinião", achando que o texto estaria "... dando um recado aos que se acostumaram a viver como proxenetas de um discurso esquerdista e que sempre alimentou aqueles que não sabem pensar por conta própria." Isso faz-me pensar que a "direita" não tem gente estúpida que apenas copia textos e idéias. Que iluminados!

Como ainda é possível aos homens de pensamento atuarem na defesa de causas em prol das liberdades individuais e coletivas quando estas se encontram ameaçadas pelo aventureirismo político? A abrangência do pensamento não pode, jamais, ser dado pela subjetividade de quem discorda ou tem dificuldade de aceitar e considerar outras opiniões. Filósofos, sociólogos, economistas e outras figuras chamadas "intelectuais" já denunciaram, há tempos, a banalidade da “lógica binária” do "Esquerda x Direita". É simplório e oportunista. Norberto Bobbio já apontou o embaçamento desta linha divisória em seu "Direita e Esquerda. Razões e Significados de uma Distinção Política", Francis Fukuyama determinou "O Fim da História", e ainda temos John Kenneth Galbraith e Roberto Campos, Karl Marx e Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso e Lula... vamos por tudo isso no mesmo caldeirão! Também Cuba, China e (a antiga) URSS no mesmo caldeirão! SOCORRO!!! DE CALDEIRÃO BASTA O DO HUCK!!!

E o desditoso arremata:

"Até parece que Sarkozy falou para os nossos intelectuais e para a esquerda tupiniquim. O intelectual brasileiro esquerdista ama Cuba e fala da maravilha da ilha de Dr. Castro, mas o apartamento para férias está em Paris. Cuba só em audiovisual."

Uma coisa é estudar Cuba, ir a Cuba, entender Cuba. Outra é perguntar sobre Cuba para cubanos que fugiram a nado para Miami. E outra ainda é colher declarações de simpatizantes da chamada esquerda e estereotipar num discurso hipócrita onde confunde o fruto do trabalho de pessoas físicas com a benesse de quem se apropria de bens públicos ou alheios. O que há de mal ou de incongruente em apoiar certas políticas cubanas - saúde e educação de qualidade e para todos, por exemplo - com tirar férias em Paris? A Cuba audiovisual que o desinfeliz alude é esta própria que ele demonstra conhecer: nem com toda a devida carga de desinformação, preconceito, encurtamento e incompetência intelectual que o extrato apresenta.

P.S.: Sobre o termo tupiniquim, certas pessoas deveriam tomar cuidado ao usá-lo: na afetação de soar progressista acaba por desmerecer os primeiros habitantes do país, grupo indígena da família lingüística tupi-guarani, quase exterminados pelo homem branco europeu, o mesmo que conduz e dita a linha de pensamento moderno.

(inspired by j. da p.)

o incrível huck!

O Sr. Luciano Huck conseguiu, no alto da sua presunção magnificente, despertar uma série de desabafos - estes sim desabafos, e não meras crises de intocabilidade ferida - dos leitores da Foilha de São Paulo - no devido espaço, é claro: o Painel do Leitor.

E só para ser imparcial, como o Dono do Caldeirão citou os assaltantes diretamente - "Como brasileiro, tenho até pena dos dois pobres coitados montados naquela moto com um par de capacetes velhos e um 38 bem carregado. Provavelmente não tiveram infância e educação, muito menos oportunidades. O que não justifica ficar tentando matar as pessoas em plena luz do dia. O lugar deles é na cadeia." - justo seria a Folha dedicar o mesmo espaço aos assaltantes como "direito de resposta", ou ainda, para ser "mais democrática" (!?!) a Folha poderia dedicar o espaço "Tendências e Debates" às experiências com assaltos que o povo brasileiro sofre, e não apenas apresentadores globais.

O apresentador acordou de um sonho no mundo das fadas: bem-vindo à realidade brasileira, Senhor Caldeirão! Realidade esta de crianças analfabetas em plena 5ª série, de postos de saúde onde só se marca consulta para 120 dias, mas e daí? Quem liga? O que importa é que isso diminui os índices de analfabetismo e aumenta os índices de atendimento da saúde pública. Assim se pode mostrar os números! Esse é o país da coisa falsa, seu Luciano, do faz-de-conta, do holograma e da ambigüidade: Deus e o Diabo na Terra do Sol, onde de manhã se pede benção ao traficante, e à noite à polícia, pois é melhor se dar bem com todo mundo.

Aqui, no andar de baixo, todo mundo sabe quem vende jogo do bicho, quem pede propina, quais são os políticos que roubam, e até sabemos onde está o seu Rolex, meu caro Huck. Mas duvido que algum policial vá trocar tiro com bandidos por causa dele... não com um salário-base de R$ 568,29 por mês! Grite seu Luciano, GRITE ALTO: "Onde está a TROPA DA ELITE?". Não é isso que lhe falta? Quantos ricos o Sr. Caldeirão conhece - e deve conhecer muitos - que estariam dispostos a ajudar a reverter esta situação indignante? E como? Entrando para o "Cansei"? É, tem coisa errada aí...

Seu desabafo, senhor Luciano Huck, é constrangedor. A sua indignação é vergonhosa, e, agora que sua imunidade revelou-se virtual no nosso mundo real, com a renda que o senhor concentra poderia fazer mais que isso. Seu programa poderia se preocupar em desenvolver uma consciência mais crítica no público, e não apenas "divertir" (?). Talvez o país fosse socialmente mais justo, e você não estaria à procura de um salvador da pátria.

É isso, ou mudar-se para OUTRO PLANETA!

Wednesday, October 03, 2007

a casa caiu

Comnetário sobre texto de Luciano Huck.

É pessoal... a casa caiu!

Desde muito tempo, nós os normais, que aliás também pagamos impostos, nós que andamos de ônibus, trem e metrô pela cidade de São Paulo e não usamos carros blindado nem helicópteros, nós, há muito já havíamos percebido tal violência, e, infelizmente alguns de nós (o palhaço aqui, por exemplo), também sofrido tal violência. Eu tive um assalto para chamar de meu, e também quase tive que engolir uma bala (que também não era de caramelo) pelos meus ouvidos. A diferença é que agora a violência que eu e você já conhecíamos está chegando nas mansões, está cutucando a bunda dos novos ricos e está privando-os de exibirem seus relógios Rolex e suas bolsas Louis Vuitton.

Do jeito que li, tive a impressão que só o Luciano Huck - e o Lula, claro - pagam impostos. Sem dúvida que a experiência do Huck foi transcedental, assim como a minha também foi, há sete anos atrás. Ele ficou indignado? Qualquer um ficaria em ter qualquer coisas sua roubada. E é só, camaradinha! Não adianta fazer drama não! A realidade, seu Luciano, está batendo na sua porta, né? Só que o mundo já deveria ter acordado há muito tempo! Vamos ver se ele - o mundo - acorda mais quando Dona Violência, essa senhora refinadíssima, de braços fortes, mãos grandes e dedos longos ornados com anéis funestos, subir mais alguns degraus e bater em portais mais nobres, não nestes dos novos ricos - produto da putaria econômica que privilegia e escancara as desigualdades sociais - mas nos dos velhos ricos, aqueles que foram privilegiados pela divisão das terras nos primórdios da cidade e hoje são donos de toda a cidade (e também é assim no estado e no país), os mesmos que se benificiam com informações privilegiadas na hora de uma transação qualquer, os mesmos que transformam o público em privado com a ajuda de marionetes-governantes. Isso é o país, uma grande festa com um grande bolo, onde pessoas privilegiadas comem gulosa e gananciosamente, pedaços e mais pedaços ao longo de um banquete histórico, sem se importar em deixar nem mesmo as migalhas aos outros, pois nem à festa foram convidados.

Entre o João Dória Jr. gritar "Cansei" e criar o Movimento "Cívico" (?) e "Apolítico" (!) para "Tomar o Poder com Oportunismo" (!?!?) e o Lobão cantar "Peidei" há um abismo enorme, meu caro Luciano: o sr. Dória é do andar de cima, como você, e, como você, está apenas querendo desfilar em paz. Nada contra, é claro! Todos - até os ricos! - têm o direito de ir e vir. Mas comparar este "movimento" com a indignação de Lobão - um ativista nato, que renunciou aos privilégios da burguesia e ao marasmo da Grande Indústria em pról de algo chamado "ideal" - palavra que pouca gente conhece no sentido kantiano - é demais! É muita falta de noção da realidade, a não ser que a realidade seja a sua própria, num mundinho todo cor-de-rosa.

Realmente tem alguma coisa errada, sim. Muita coisa errada: começando com a utilidade de um Rolex... me diga com sinceridade: você não se sente mal? Ah, talvez o seu era daqueles "baratinhos", de US$ 10.000,00 - DEZ MIL DÓLARES AMERICANOS!!! Algo em torno dos R$ 20.000,00 - VINTE MIL REAIS!!!

Aqui em Dublin, no Dublin Castle, conhecido centro do poder, donde os nobres governavam a cidade logo após a invasão normana, a deusa Justiça é muito bem representada: sem a venda, voltada para o pátio do castelo, simbolizando que ela, a Justiça, dentro dos muros do castelo, não é cega não! No Brasil, a Senhora Justiça deu no pé! Em seu lugar, ficou sua prima Fortuna, deusa grega que preside a sorte ao bem e ao mal, que deveria também ser cega por uma venda nos olhos e assim distribuir a sorte - boa ou má - sem ver a quem, mas parece não usar tal adereço, já que parece agraciar com os bons ares sempre os mesmos "afortunados".

eu também vou peidar...

Flatus
ensaio sobre poema "The Tiger", de Willian Blake



Flatus, flatus, de intenso cheiro, flatus,
O que és, flatus, senão gases expelido pelo ânus?
Dióxido de carbono, hidrogênio e metano na mistura,
E sulfeto de hidrogênio e enxofre para dar a bastura.

E se todos falam de peido, eu também vou falar
Pois peido mesmo são aqueles que deveriam governar
Mas só peidam & peidam, sem vergonha nem decoro,
Pelos cantos, pelas casas, peidam em todos os foros.

Em que narinas & em que pulmões, daqui ou d'além mar
Queimam teus fedores? Donde os planeja fermentar?
Dentre tantos horrores que ainda hoje se atença,
Que bundas & cús brindarás com tua flatosa presença?

Quantos mortos mais? Sejam nos aviões ou nas ruas?
Quais bolsos agora farão morada às tuas falcatruas?
Donde está a vergonha de ter tua cabeça a prêmio,
Se tirar o cú da reta te faz honrado no teu grêmio?

Quais foram os martelos? Quais foram as correntes?
Em que fornalhas ousaste forjar tua infesta mente?
Com que bigornas? Que morsas de mandíbulas infinitas,
Desafiaste tuas mortalhas em quais câmaras malditas?

Flatus, flatus, de intenso cheiro, flatus,
O que és senão o cheiro podre dos teus múnus
Mensaleiros, népotas e coronéis fazem a mistura
E um pouco de calheiro para dar a vazadura.