Friday, October 30, 2009

Travessuras ou Gostosuras


É fim de semana de festa... a festa do Samhain, festa celta onde se comemorava a passagem do ano, e marcava o fim do ano velho e o começo do ano novo, que ocorria na véspera do Dia de Todos os Santos, conhecido nos países de língua inglesa como All Hallows' Eve, que foi sendo simplificado no decorrer dos anos como Hallow Evening, Hallowe'en, e finalmente Halloween.

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Vou perder o Samhain esse ano... não verei as criancinhas pedirem guloseimas na porta de casa - primeiro porque não moro mais em casa, mas em apartamento, segundo porque vamos todos (ou quase todos) passar um fim de semana "bigbrodístico": 12 pessoas em dois bangalôs!

Mas o pior de tudo é que certos camaradas querem me convencer que ketchup (nem sei com se escreve isso!) é a melhor coisa do mundo... e querem me fazer comer strogonoff à base desse negócio ai...

Vai ser um verdadeiro dia das bruxas...

Eu não volto!

Ontem citei o paraibano José Américo de Almeida, professor universitário, advogado grande romancista, ensaísta, poeta, cronista, folclorista e sociólogo, além de e político. "Voltar é uma forma de renascer. Ninguém se perde na volta"

Mas eu, por eu mesmo, digamos assim, não volto...

Thursday, October 29, 2009

de altos & baixos


É isso, nuns dias você está em alta, noutros em baixa. Assim como tem o dia da caça, tem também o do caçador... o importante é manter a sua gentileza para com as coisas. O que vai, volta. E como já dizia José Américo de Almeida, ninguém se perde no caminho de volta:
"Rejubila-me a alma repatriada. A memória pode falhar, mas no coração não há nada esquecido. Volto. Voltar é uma forma de renascer. Ninguém se perde na volta".
E digo isso porque o tempo cá nas Terras do Norte (e Dublin nem é tão norte assim...) ontem estava uma "magavilha", porém hoje está uma "melda".

E pra não dizer que não falei das flores, ou melhor, pra não dizer que eu não trabalho, também lustro bits quando em vez... a novidade é que vou receber uma cópia do System z (também conhecido como z/OS, S/390, MVS) num hard-disk, prontinho para "rodar"! Excitante, não? Mas vem cá... ainda se diz "disco rígido" em Pindorama? Na Espanha dizem "disco duro". Em Portugal dirão disco-rígido, não duvido... os Europeu têm mania de traduzir tudo para a língua natal... eles nem sabem o quanto é bom ser província, e poder meter palavras em inglês no meio das frases em português... fica chic dá um certo style, mas eles nunca terão este feedback!! (OK, feedback não encaixou, but you know what I mean!.

Sarcasmo às favas, minha máquina pediu arrego... também, em plena era da digitalidade, um hard-disk (provinciano!) de 100MB não dá pra nada, né? Agora lá vou eu de novo, um tanto de saco-cheio, fazendo backup (provinciano! É "cópia de segurança", ou "bécapi"!) de coisas que nem sei se um dia usarei.

C'est la vie!

Tuesday, October 27, 2009

José Paulo Paes

Na preparação para a próxima TUDA, pretenciosamente vou publicar uma (talvez duas) traduções minhas, do grego para o português. E já que é do grego que quero traduzir - aproveitando uma estadia em Atenas, e conseqüentemente uma aproximação cultural - nada mais justo do que saber de outros aventureiros, como José Paulo Paes.

A princípio, queria traduzir algo inédito em português, mas após uma rápida pesquisa, vi que Paes já publicou vários volumes de poesia grega, incluindo Giorgos Seferis e Constantino Cavafy, os dois poetas da qual eu selecionara os poemas.

Isso não torna a tarefa menos árdua, mas sim menos compensatória, já que não seria uma exclusividade mais, como aconteceu com outros poemas traduzidos em TUDA; do basco, do irlandês, do lituano, do romeno, do russo, do turco, do polonês...


E é claro, ao pesquisar sobre José Paulo Paes, acabei por me deparar com alguma produção livremente publicada na internet, que queria dividir...
Canção do Exílio

Um dia segui viagem
sem olhar sobre o meu ombro.
Não vi terras de passagem
Não vi glórias nem escombros.
Guardei no fundo da mala
um raminho de alecrim.
Apaguei a luz da sala
que ainda brilhava por mim.
Fechei a porta da rua
a chave joguei ao mar.
Andei tanto nesta rua
que já não sei mais voltar.

Tuesday, October 20, 2009

impressões helênicas III

ou "uma vela para o santo, outra para o diabo"


Tá bom... fui ingênuo, mas só quem me conhece acredita...

À toa pelas vielas de Atenas, fui abordado por um figura pedindo as horas. Papo vai, papo vem, o cara trabalhou nos portos de Belfast, e segundo ele, agora trabalhava num bar, onde trabalhava também uma menina portuguesa. "Inclusive, a gente pode ir lá e tomamos uma cerveja juntos!"

Acreditei!

Anda, anda, vira aqui, vira ali... em meio a tanta conversa furada, nem percebi a mudança de ares dos arredores - não estávamos mais nas movimentadas vielas turísticas, mas em obscuros e tortuosos becos. Quando questionei se estávamos longe - já achando que algo cheirava mal nessa história toda - chegamos ao "bar" onde ele (e a menina portuguesa) trabalhava: "Love Pub".

Não só a menina portuguesa trabalhava lá, mas a menina russa, a menina chinesa, a menina coreana, a menina lituana, a menina polonesa, a menina africana, e vááárias outras meninas de vários outros lugares... e ele, concluí, era "o captator".

Uma vez na armadilha, o próximo passo era arrumar um jeito de sair dela causando o menor estrago possível para ambas as partes. Veio a cerveja, o "captador" rapidamente arrumou uma desculpa mais esfarrapada que as histórias que me contara até então e vazou, e logo veio a menina - russa - despretenciosamente bater um papinho!

"Я не говорю по-русски!" (Ya ni gavaru pa Ruski! / eu não falo russo!), avisei logo de cara, mas o que ela queria mesmo era um drink, que logo deixei bem claro que não pagaria. Desistiu.

Antes de acabar minha cerveja, ainda veio a menina coreana, e em meio aos costumeiros papos-furados, ela falava japonês...

"日本語話せません。" (Nihongo Wakarimasen / eu não falo japonês!), não pago drink, e ela também desistiu... Foi a vez do barman:
- Sir, these girls work here!
- I've noticed...
- They are alone, you are alone, you know...
- Yeah, yeah... I know, but I really gotta go...
- Sir, you pay one drink, the house pays you one beer!
- So the house can give my beer to her!
E fui... mas que eles eram convincentes, isso eles eram!

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Sunday, October 18, 2009

impressões helênicas II


Vou dizer uma coisa... eu não tenho nada a ver com restaurante, mas criticar é uma coisa que eu sei fazer bem...

Lá fui eu tomar o meu desjejum. Já que me neguei a pagar €20 no hotel, dá-lhe caminhada atrás de algo razoável. E quando digo razoável, não é só pelo preço, mas pelo tratamento. Todo mundo sabe que restaurante - assim como bar, loja, café, sorveteria, lanchonete, banheiro público - em centros turísticos estão muito mais para armadilhas interativas do que ao que se propõem por seus títulos. Sendo assim, parei num café que me pareceu razoavelmente agradável e bem freqüentado, do ladinho da Acrópolis, com mesinhas na calçada, decoração bem suave... mas já que é pra criticar, comecemos pela mesa bamba - odeio mesa bamba que você tem que colocar um guardanapo dobrado debaixo de uma das pernas em busca de estabilidade. Fiquei quase dez minutos olhando pra moça do caixa, que me lançava olhares esporádicos de enfado, até que resolvi levantar e pedir-lhe o menu.

Meus planos de breakfast foram por água abaixo ao notar que só serviam o desjejum até o meio-dia (num domingo, em pleno centro turístico?), pois já passava da uma da tarde. Pedi um misto-quente e uma xícara dupla de café grego. O café chegou em 5 minutos - morno - e o misto-quente em 20. E com o pão "mal-passado".

Mas a minha redenção não estava longe... Louco por outro café, resolvi não dar este prazer à casa e pedi a conta... €7. Saquei uma de 50 e o garçon, com cara de saco-cheio, perguntou se eu não tinha uma nota menor, e logo se distraiu com um colega que lhe gritava algo. Disse-lhe que não e ele preparou o troco meio a contra-gosto, jogos €43 na mesa e saiu, sem pegar a nota de 50.

Recolhi o dinheiro, guardei o troco e deixei a nota de 50 na mesa, terminei de ler um artigo no jornal e chamei o garçon novamente, que com uma cara de "o que ele quer agora?" se aproximou... ao notar a nota (!) de 50 na minha mão, sua expressão mudou para "que cagada eu fiz!". Dei-lhe a nota, um tapinha no ombro e disse - "I've saved your day, uh?, no que ele respondeu "ευχαριστώ πολύ κύριος" (muito obrigado senhor).