Deu no que deu: o NÃO era o mais positivo dos resultados. O que preocupa, porém, é o alto índice de abstinência. Dá um medo danado que a Irlanda - repetindo a história do Tratado de Nice em 2001/2002 - convoque um novo referendum e emplaque um SIM. E é bem provável que o governo já esteja pensando nisso, agora que o "Plano B" falhou: uma "re-educação" do povo seguido de novo plesbicito. Seria o "Plano C" à já fracassada Constituição Européia, que em 2005 teve seu texto negado pelos governos francês e holandês.
O que houve também foi muito sensacionalismo para agitar ainda mais o bole-bole. A imprensa espanhola, por exemplo alardava que "Irlanda decide en referéndum el futuro de la UE", ou "Tres millones de irlandeses tienen en sus manos el futuro de Europa". Junte a isso a desinformação, a propaganda, e a opinião em forma de notícia - esta sim a pior modalidade - e pronto, está feito o vavavá! Embora não se veja nenhuma novidade, que me conste, das tendências previstas para a Europa de 2008 (segundo o The Economist): Bruxelas escrevendo tratados nas entrelinhas, as grandes economias em declínio, as direitas se espalhando e os nacionalismos equivocados crescendo de maneira egocêntrica, a ascensão (e reinvidicações) dos pequenos países do leste...
Lendo a uma entrevista com o escritor John Banville (Wexford, Irlanda, 1945) no El País, na qual fala que "Mais que euroescépticos, somos euroignorantes" - uma frase de impacto, sem dúvida, mas que carrega uma opinião peculiar de que os euroignorantes, no caso, são os que votaram NÃO, mesmo que ninguém - tampouco os do SIM - tenham lido sobre o Tratado. Diz ele querer distância de toda forma de nacionalismos, sem distingüir o que eles possam ser - aspectos culturais de um povo e de uma nação, por exemplo? - soa como eliminar fronteiras e junto com elas identidades, em pról de uma burocracia elitista cada vez mais distante dos interesses do povo, achando até que é "... um absurdo perguntar aos cidadãos sobre semelhantes questões. Que decidam os Governos, para isto servem! Daqui a pouco o povo decidirá se eles devem ficar ou ir para casa". Uma infeliz idéia de democracia, esta. E infelizmente muita gente também se baseia em idéias de pessoas com estes princípios.
Foi isso o que mais se viu nos jornais por toda a Europa na semana da votação do Tratado. Opinião - a grande maioria pelo SIM - ao invés de informação. E não há nada de errado se o SIM ganhar - um pleno direito democrático, a expressão da opinião - mas que as campanhas sejam mais claras. Infelizmente as pessoas baseiam suas opiniões na opinião dos outros: se fulano diz que não é bom, provavelmente não é mesmo, e vice-versa.
"Não há nenhum pensamento importante que a burrice não saiba usar, ela é móvel para todos os lados e pode vestir todos os trajes da verdade. A verdade, porém, tem apenas um vestido de cada vez e só um caminho, e está sempre em desvantagem". Robert Musil em "O Homem sem Qualidades"
O que houve também foi muito sensacionalismo para agitar ainda mais o bole-bole. A imprensa espanhola, por exemplo alardava que "Irlanda decide en referéndum el futuro de la UE", ou "Tres millones de irlandeses tienen en sus manos el futuro de Europa". Junte a isso a desinformação, a propaganda, e a opinião em forma de notícia - esta sim a pior modalidade - e pronto, está feito o vavavá! Embora não se veja nenhuma novidade, que me conste, das tendências previstas para a Europa de 2008 (segundo o The Economist): Bruxelas escrevendo tratados nas entrelinhas, as grandes economias em declínio, as direitas se espalhando e os nacionalismos equivocados crescendo de maneira egocêntrica, a ascensão (e reinvidicações) dos pequenos países do leste...
Lendo a uma entrevista com o escritor John Banville (Wexford, Irlanda, 1945) no El País, na qual fala que "Mais que euroescépticos, somos euroignorantes" - uma frase de impacto, sem dúvida, mas que carrega uma opinião peculiar de que os euroignorantes, no caso, são os que votaram NÃO, mesmo que ninguém - tampouco os do SIM - tenham lido sobre o Tratado. Diz ele querer distância de toda forma de nacionalismos, sem distingüir o que eles possam ser - aspectos culturais de um povo e de uma nação, por exemplo? - soa como eliminar fronteiras e junto com elas identidades, em pról de uma burocracia elitista cada vez mais distante dos interesses do povo, achando até que é "... um absurdo perguntar aos cidadãos sobre semelhantes questões. Que decidam os Governos, para isto servem! Daqui a pouco o povo decidirá se eles devem ficar ou ir para casa". Uma infeliz idéia de democracia, esta. E infelizmente muita gente também se baseia em idéias de pessoas com estes princípios.
Foi isso o que mais se viu nos jornais por toda a Europa na semana da votação do Tratado. Opinião - a grande maioria pelo SIM - ao invés de informação. E não há nada de errado se o SIM ganhar - um pleno direito democrático, a expressão da opinião - mas que as campanhas sejam mais claras. Infelizmente as pessoas baseiam suas opiniões na opinião dos outros: se fulano diz que não é bom, provavelmente não é mesmo, e vice-versa.
"Não há nenhum pensamento importante que a burrice não saiba usar, ela é móvel para todos os lados e pode vestir todos os trajes da verdade. A verdade, porém, tem apenas um vestido de cada vez e só um caminho, e está sempre em desvantagem". Robert Musil em "O Homem sem Qualidades"
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