Olha, foi difícil, mas depois de váááááários pedidos (dois comentários do Bruno, e só!), resolvi postar sobre O Tratado de Lisboa. E o negócio é complicado, pois há muito nas entrelinhas, muita informação que precisa ser "cruzada" com outras para que se tenha a abrangência completa das medidas.
Em todo caso, o texto do tratado pode ser encontrado aqui, e em português! Para nossa sorte Portugal, país-sede do tratado, é membro da Comunidade Européia e fala-se lá uma língua bem parecida com a nossa, o que facilita o entendimento! Mas se mesmo assim você tiver qualquer dificuldade em entender um regionalismo qualquer, você pode tirar suas dúvidas nas versões english ou español.
Os jargões do tratado são:
Sob uma capa de (suposta) maior eficiência nos processos de tomada de decisão, quer a criação da função de Presidente do Conselho Europeu - o Presidente da Europa! Junto a isso, quer mudar o sistema de votação para o chamado sistema de dupla maioria de Estados-Membros e de população, onde 55% dos Estados-Membros representem pelo menos 65% da população da União. Nesse sistema há uma tendência que os novos Estados - sem força política e tampouco poder econômico - embora possam ter maioria populacional, podem não representar a maioria no Conselho, sugerindo que não será a voz da maioria, outra vez e como sempre, a contar, no final das contas!
Mas nem tudo é inferno no que diz respeito à eficiência dos processos democráticos: o Tratado também propõe que um Estado-Membro possa sair da União. A mim fica claro que tal abertura se transforme na porta de saída para aqueles que não se moldarem à vontade do Parlamento. Assim seriam gentilmente convidados a se retirarem. Não está contente? Saia! Ou sairemos com você!
Já nos consagrados direitos e valores, as consagradas liberdade, solidariedade e segurança, sob o tema de "reforçar as «quatro liberdades»* dos cidadãos europeus e de proporcionar-lhes mais segurança, a União passa a ter "mais capacidade para intervir nas áreas da liberdade, segurança e justiça e, por conseguinte, para lutar contra o crime e o terrorismo". E se alguém achar que soou um pouco bushiano este discurso, lembre-se que é tudo em pról do combate às ameaças da segurança dos cidadãos europeus. Me parece a regulamentação do "Estado Big Brother", tal qual ocorreu aos pobres norteamericanos, ao votarem no Bush.
* Addendum para quem não sabe, «quatro liberdades» é uma realização da UE que consiste de um espaço sem fronteiras na qual (1) as pessoas, (2) as mercadorias, (3) os serviços e (4) os capitais podem circular livremente. Agora, bom mesmo seria se fosse verdade também para romenos, búlgaros, polonêses, checos, cipriotas, eslovacos, eslovenos, estonianos, húngaros, letões, lituanos e mateses, que embora cidadões europeus, não podem trabalhar legalmente nos países da comunidade.
Ainda no que se refere à política europeia de segurança e defesa, o tratado prevê disposições especiais para a tomada de decisão e prepara o caminho para uma cooperação reforçada no âmbito de um pequeno grupo de Estados-Membros. Traduzindo novamente do politiquês para a língua dos mortais, significa que futuras guerras serão de todos! Os EUA devem estar torcendo por nós!
A Campanha do Tratado
Sobre as campanhas do Tratado, pouco tem-se dito, mas muito tem-se alardado. Taoiseach Brian Cowen lembrou-nos que os partidos das quais representam 90% dos votos dos irlandeses acreditam que é de interesse nacional votar pelo SIM. Ora, infeliz referência do Mr. Cowen, já que há bem pouco tivemos a renúncia do homem mais votado de toda Irlanda por corrupção descarada, ao apropriar-se de dinheiro público para interesses que não eram, nem de longe, do povo.
Aí, políticos com integridade duvidosa querem pregar que votar NÃO é votar contra o Projeto Europeu. Por outro lado, os partidários do NÃO apenas dizem que seria postergar o Tratado para um novo e melhor acordo.
O Projeto Europeu é bem interessante. Só é preciso tomar cuidado com a onda ultra-direitista que anda em voga em certos países - Itália, França, Luxemburgo, por exemplo. Votar NÃO significa dar outra chance a um acordo melhor. Pelo que andei olhando, o Tratado é dúbio em certos pontos, o que dá margem a discórdia e má-interpretação. Eu estou com eles! Eu estou com o NÃO!
E basta ver as mais novas notícias européias, onde os ministros do trabalho da União chegaram a um acordo sobre a futura lei de tempo de trabalho, que prevê a possibilidade de estender-se de 48 para 60 horas semanais! Outra: a tendência inglesa dos salários serem negociados diretamente com patrões, numa clara volta ao capitalismo selvagem do início do século 19.
Vídeo do VOTE;
Video do NÃO;
Vídeo do SIM.
Em todo caso, o texto do tratado pode ser encontrado aqui, e em português! Para nossa sorte Portugal, país-sede do tratado, é membro da Comunidade Européia e fala-se lá uma língua bem parecida com a nossa, o que facilita o entendimento! Mas se mesmo assim você tiver qualquer dificuldade em entender um regionalismo qualquer, você pode tirar suas dúvidas nas versões english ou español.
Os jargões do tratado são:
- Mais democracia e transparência
- Mais eficiência
- Mais direitos e valores, liberdade, solidariedade e segurança
- Maior atuação na cena mundial
Sob uma capa de (suposta) maior eficiência nos processos de tomada de decisão, quer a criação da função de Presidente do Conselho Europeu - o Presidente da Europa! Junto a isso, quer mudar o sistema de votação para o chamado sistema de dupla maioria de Estados-Membros e de população, onde 55% dos Estados-Membros representem pelo menos 65% da população da União. Nesse sistema há uma tendência que os novos Estados - sem força política e tampouco poder econômico - embora possam ter maioria populacional, podem não representar a maioria no Conselho, sugerindo que não será a voz da maioria, outra vez e como sempre, a contar, no final das contas!
Mas nem tudo é inferno no que diz respeito à eficiência dos processos democráticos: o Tratado também propõe que um Estado-Membro possa sair da União. A mim fica claro que tal abertura se transforme na porta de saída para aqueles que não se moldarem à vontade do Parlamento. Assim seriam gentilmente convidados a se retirarem. Não está contente? Saia! Ou sairemos com você!
Já nos consagrados direitos e valores, as consagradas liberdade, solidariedade e segurança, sob o tema de "reforçar as «quatro liberdades»* dos cidadãos europeus e de proporcionar-lhes mais segurança, a União passa a ter "mais capacidade para intervir nas áreas da liberdade, segurança e justiça e, por conseguinte, para lutar contra o crime e o terrorismo". E se alguém achar que soou um pouco bushiano este discurso, lembre-se que é tudo em pról do combate às ameaças da segurança dos cidadãos europeus. Me parece a regulamentação do "Estado Big Brother", tal qual ocorreu aos pobres norteamericanos, ao votarem no Bush.
* Addendum para quem não sabe, «quatro liberdades» é uma realização da UE que consiste de um espaço sem fronteiras na qual (1) as pessoas, (2) as mercadorias, (3) os serviços e (4) os capitais podem circular livremente. Agora, bom mesmo seria se fosse verdade também para romenos, búlgaros, polonêses, checos, cipriotas, eslovacos, eslovenos, estonianos, húngaros, letões, lituanos e mateses, que embora cidadões europeus, não podem trabalhar legalmente nos países da comunidade.
Ainda no que se refere à política europeia de segurança e defesa, o tratado prevê disposições especiais para a tomada de decisão e prepara o caminho para uma cooperação reforçada no âmbito de um pequeno grupo de Estados-Membros. Traduzindo novamente do politiquês para a língua dos mortais, significa que futuras guerras serão de todos! Os EUA devem estar torcendo por nós!
A Campanha do Tratado
Sobre as campanhas do Tratado, pouco tem-se dito, mas muito tem-se alardado. Taoiseach Brian Cowen lembrou-nos que os partidos das quais representam 90% dos votos dos irlandeses acreditam que é de interesse nacional votar pelo SIM. Ora, infeliz referência do Mr. Cowen, já que há bem pouco tivemos a renúncia do homem mais votado de toda Irlanda por corrupção descarada, ao apropriar-se de dinheiro público para interesses que não eram, nem de longe, do povo.
Aí, políticos com integridade duvidosa querem pregar que votar NÃO é votar contra o Projeto Europeu. Por outro lado, os partidários do NÃO apenas dizem que seria postergar o Tratado para um novo e melhor acordo.
O Projeto Europeu é bem interessante. Só é preciso tomar cuidado com a onda ultra-direitista que anda em voga em certos países - Itália, França, Luxemburgo, por exemplo. Votar NÃO significa dar outra chance a um acordo melhor. Pelo que andei olhando, o Tratado é dúbio em certos pontos, o que dá margem a discórdia e má-interpretação. Eu estou com eles! Eu estou com o NÃO!
E basta ver as mais novas notícias européias, onde os ministros do trabalho da União chegaram a um acordo sobre a futura lei de tempo de trabalho, que prevê a possibilidade de estender-se de 48 para 60 horas semanais! Outra: a tendência inglesa dos salários serem negociados diretamente com patrões, numa clara volta ao capitalismo selvagem do início do século 19.
Ó Cético, Cético,Se eu votasse, seria um redondo NÃO, mas como não voto, melhor ficar na minha, né?
o Teu anjo terrível é sempre assim?
Por que me fazes sofrer tanto
derramando verdades sobre mim?
Vídeo do VOTE;
Video do NÃO;
Vídeo do SIM.
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