Friday, July 27, 2007

Zé do Caroço


Leci Brandão (?)

No serviço de auto-falante
No morro do pau da bandeira
Quem avisa é o Zé do Caroço
Amanhã vai fazer alvoroço
Alertando a favela inteira

Ai Como eu queria que fosse mangueira
Que existisse outro Zé do Caroço
Pra dizer de uma vez pra esse moço
Carnaval não é esse colosso
Nossa escola é raiz é madeira

Mas é morro do pau da bandeira
De uma vila Isabel verdadeira
É o Zé do Caroço trabalha
É o Zé do Caroço batalha
E que malha o preço da feira

E na hora que a televisão brasileira
Destrói toda a gente com a sua novela
É que o Zé bota a boca no mundo
E faz um discurso profundo
Ele quer ver o bem da favela

Está nascendo um novo líder
No Morro do Pau da Bandeira
Está nascendo um novo líder
No morro do pau da bandeira
No morro do pau da bandeira
No morro do pau da bandeira

Lelele, lelelelelelelele

Thursday, July 26, 2007

da fé & dos palpiteiros

Êta gentinha oportunista esses formadores de opinião. E a mídia ainda por cima explora o cacoete! Embora a mídia tenha uma desculpa: precisa desesperadamente fazer notícia, senão morre na praia!

Sobre o "vexame" do Lula, eis o que disse o nobre presidente:
"Toda vez que o avião fecha a porta, entrego a sorte a Deus, porque estou na mão de um comandante, que é um ser humano, na mão de uma máquina, nas mãos das intempéries, que nem sempre o ser humano consegue controlar."
Alguém poderia me dizer aonde está o vexame? Dizer que a cada vez que entra num avião entrega a alma a deus (ops, Deus) - e num país católico como o Brasil - deveria ser motivo de ovação. Um orgulho nacional! "Até o presidente..." comentariam as beatas. Ou alguém aí vai contrariá-lo e dizer que é melhor confiar em aeronaves, aeroportos, pilotos e controladores de vôo? Ainda mais no Brasil. Só mesmo ateus e agnósticos - e a oposição, é claro. Pelamordedeus!!! Certíssimo o Lula!

E a pergunta que não quer calar: quem falou aos formadores de opinião que a opinião deles é importante?

Wednesday, July 25, 2007

in brief...

drug-driving
Ao invés de combater e educar com mais eficiência, o governo simplesmente resolve assumir sua incompetência e propor o teste drug-driving.

Análogo ao drink-driving, o bafômetro que indica o nível de álcool no sangue, o drug-driving propõe um teste para determinar o nível de qualquer droga no organismo. Como ainda não há nenhuma técnica eficiente que não seja a coleta de sangue, ficamos cá a imaginar o que o governo tem em mente...

A política do governo até agora em relação às drogas segue o modelo americano - repressão. O problema é que toda repressão instiga convulsão, seja repressão às drogas, a manifestações públicas, a casamentos gay... não importa o que, é natural do ser-humano o contra-ataque.

E se é para reprimir, que reprima-se as causas, não os efeitos. Enquanto não se enfrentar os lobbies das bebidas, dos pubs, enquanto não se assumir que o álcool pode ser uma porta ao abuso de outras drogas, principalmente se encoberto por essa malha cultural que há na Irlanda, nada se muda. Aí mora o verdadeiro desafio do combate. Para os efeitos, reserve-se programas educativos e a possibilidade da correção, pois uma vez oferecido o veneno, que ofereça-se também a cura.

+100 Roma
Roma: Noun
1. a member of a nomadic people originating in northern India and now living on all continents
(synonym) Gypsy, Gipsy, Romany, Rommany, Bohemian
(hypernym) itinerant
(hyponym) gitana


Com este adjetivo - Roma - é que o The Irish Times dá a notícia da deportação de pelo menos 100 romenos que atualmente ocupam - na verdade montaram um acampamento sob - uma ponte em Dublin. De fundo pejorativo, seria como se referir a todo nordesino como "ceará", ou "baiano". E no rádio falou-se que "eles só não serão deportados se derem um bom motivo para não o serem". Ora, o motivo eles deixaram bem claro: em Romênia é uma luta diária para a sobrevivência, por um simples pedaço de pão e um copo de café com leite. Ao menos na Irlanda, eles comem! Parece um motivo bem justo, não? O que precisa ser discutido, então, são as conseqüências sociais desse hábito cultural romeno - o nomadismo. Se é um problema, deveriam ter pensado antes da integração, pois agora querem apenas eliminar uma característica cultural de um povo só porque não se enquadra nos princípios branco-cristão e ocidental-socrático-alexandrino. Cadê a tal da "diversidade"?

Sunday, July 22, 2007

um típico dia à milanesa

Não sei porque mas ouvindo The Bad Plus - Everywhere You Turn - na Jazz FM, me veio este título. Aí só pude mesmo escrever um "diário" do meu dia. Que me perdoem...

Parte um - shopping day
Como também sou filho de Deus (ops... deus!), fui às compras! Sábado é o dia oficial e mundial das compras. E aqui em Milão não poderia ser diferente, afinal, todo mundo precisa gastar dinheiro, ou o nosso mundo capitalista iria à bancarrota. E embora eu não simpatize muito com o capitalismo, vez ou outra me sinto tentado a colaborar com o seu esquema vil.

E todo mundo consome, sem excessão. A diferença está no que se consome, embora todos nós consumamos apenas o essencial, sempre. Seja um pacote de palha de aço, super-essencial para arrancar crostas de panelas de ferro, seja uma caixa de Moët et Chandon - igualmente essencial, uns diriam...

Essencialidade à parte, fui às compras. Voltei, glorioso, com uma camisa polo (que não é Polo, em promoção a €4,25), duas luvas térmicas para forno e fogão (€0,95 cada), uma mochila para o notebook, pois a minha já não se sustentava mais sozinha (€19,90), 100gr de proscuito crudo, uma mozzarella de bufala de 250gr e uma fatia de pão italiano para a janta (€6,00). Fim da primeira etapa.

Parte dois - cuidando do espírito
Como já descrito anteriormente neste espaço, já tenho o meu "bar-do-lado" aqui em Milão ["bar-do-lado" é uma expressão que alguns amigos and myself criamos para designar o boteco de nossa preferência. Fosse onde fosse, seria sempre o "bar-do-lado". Do lado de quê? Da gente, oras!]. E o meu "bar-do-lado" cá por estas bandas é o RITA. Fui ao RITA, pedi a minha usual taça de vinho branco (a €2,20, afinal "não sou mais turista"!), abri os jornais, li, reli, escrevi, re-escrevi... e passei o resto da tarde.

Parte três - provando a burrata
Hoje também estava disposto a visitar um restaurante que um colega de trabalho recomendara: Asso di Fiori, um dos pouquíssimos lugares em Milão onde se pode comer uma burrata... e QUE burrata, amigo! A burrata lá na Asso di Fiori é apenas um antipasto, mas é tão bom que pulei o primeiro e o segundo prato... fiquei só nos antipastos! Acompanhado de um bom Barolo!

Parte quatro - da noite e das artes
Durante o verão "fervem" - literalmente - eventos culturais em toda a Europa. Até Dublin, que é mais apática, é fervorosa no verão. E em Milão não é diferente. Muitos eventos gratuitos, como o do pianista Giovanni Allevi, que assisti sábado passado, alguns pagos, como o show do "Disturb Und Drang" (€7, ontem). O "Disturb Und Drang" é um trio de Avantgarde, cujo pianista, Giovanni Venosta, chegou a tocar com Chris Cutler, nada mais nada menos do que um dos membros de bandas como Henry Cow, Art Bears, Cassiber e parceiro do guitarrista Fred Frifth.

E hoje, após esta maratona toda, fui apreciar o show do Cinematic Orchestra, na Arena Civica. Por apenas €10, pude ouvir, ao vivo, clássicos como "All That You Give", "Evolution" e "Man With The Movie Camera"

É isso aí...

Friday, July 20, 2007

de panelas de ferro & do excesso de tempero


E assim como a água é fundamental para a fermentação da cerveja, os tempêros são fundamentais nas artes da cozinha. E quem cozinha sabe que nada é melhor do que largas e grossas panelas de ferro. Elas mantêm melhor o calor e realçam o gosto da comida. E por isso mesmo, precisamos tomar mais cuidado com os temperos. Se temperarmos demais ou colocarmos muitas variedades de temperos num mesmo prato, corremos o risco de ou perdermos a harmonia dos gostos, acentuando um sabor mais do que o outro, tirando seu equilíbrio, ou pior, tudo virar uma gororoba, sem gosto de nada.

Eis alguns ingredientes especialmente delicados:
  • Toscanos, Calabreses, Sicilianos, Napolitanos, Lombardeses (em Itália);
  • Catalões, Castelhanos, Andaluzes, Galegos, Bascos (em Espanha);
  • Flamengos, Valões, Liejos (em Bélgica);
  • Bávaros, Hamburgueses, Berlinenses, Saxões (em Alemanha);
  • Irlandeses, Irlandeses do Norte (em Irlanda);
São tantas as receitas e tão variados sabores que, para servirmos todos estes pratos numa só refeição (UE), eles precisam, primeiro, estarem muito bem harmoniosos, ou o banquete todo será um fiasco.

Tem muita roupa suja para ser lavada antes de querer arrumar e exibir o guarda-roupa... capisce?

De identidades & do fator pH

Dois são os temas que dominam as discussões no alto escalão do “governo europeu”: o tratado de reforma da carta européia – como não podia deixar de ser –, que funciona como constituição mas não será chamada de constituição, por motivos óbvios (?), e os tão sonhados e ainda utópicos projetos de educação europeus; Comenius, Erasmus, Leonardo da Vinci e Grundtvig [leia mais].

A novidade é que com a entrada de novos países – e com eles novos ares e novos ânimos -, tais projetos estão ganhando força e voltando às discussões. Os países mais entusiastas já falam em formação linguística ao final da escola primária (língua mátria + língua estrangeira 1) e também ao final da secundária (língua estrangeira 2).

Fala-se também no fortalecimento da identidade européia, de maneira que não anule as individualidades de cada país, mas mostre a alemães e poloneses, ingleses e franceses, checos e eslovacos, portugueses, espanhóis e italianos, quão importante é uma cultura européia, uma identidade européia, comum a todos.

Diferentemente dos governos, que parecem nada aprender, cá aprendemos dia destes, durante a visita dos meus primos a Dublin – verd’ilha d’Eire –, que as embalagens de água mineral – a maioria, pelo menos – trazem o fator pH da água. Eureka! Ora, para mim foi uma novidade, pois nunca precisei me atentar a esta informação, mas para quem tem acidez estomacal – seja por herança ou por hábitos – tal informação é deveras importante. O valor do pH indica se uma solução é ácida (pH<7), ph="7),">7. Mais um item para ser checado na hora das compras...

Abre parênteses: está cada vez mais demorado fazer compras. É preciso ler todos os rótulos à procura de informações se o produto é transgênico, orgânico, contém gordura trans, saturada ou insaturada, se tem corantes, se é calórico, se tem carbohidratos... e agora, até a “inofensiva” água precisa ser checada quanto ao seu pH! Tempos Modernos... Fecha parênteses.

Nas minhas andanças por aí, observo que o tal do “espírito europeu” ainda é uma utopia. Não como é divulgada, mas uma utopia ainda mais utópica. Se há uma tendência para que as pessoas mais velhas – digamos de três ou quatro gerações – serem resistentes a tantas mudanças culturais e sociais por terem lá seus motivos históricos – guerras, hostilidades entre os povos, etc – por outro lado se percebe que já o pós-adolescente, o pré-adulto ou o jovem adulto também carrega traços de rejeição ao diverso, e mesmo pequenos sinais de xenofobia. Vide o crescimento da extrema direita na europa (Identity, Tradition, Sovereignty), e de partidos extremistas de direita, como o Vlaams Belang (Bélgica), o Freedom Party (Áustria), o Front National (França), o Nationaldemokratische Partei Deutschlands (Germany ), o Movimento Sociale Italiano (Itália), o Nationalbewegung (Luxemburgo), o La Falange (Espanha), o British National Party (Reino Unido). E como mudar isso? Educando, eu diria. As crianças nas escolas, e os pais nos meios de comunicação, e assim plantar a semente no solo fértil ao mesmo tempo que areja o solo cansado – tentando evitar ou ao menos minimizar possíveis conflitos escola-família.

Por isso é que se diz que melhor é tratar a água em poços rasos, onde o acesso é mais fácil e o tratamento mais eficaz, pois quanto mais fundo se torna o poço, mais inacessível suas águas, e ineficaz qualquer tratamento.

Wednesday, July 18, 2007

de bosta e da falta de opinião

Lula foi vaiado na abertura do Pan-Rio, no Maracanã, e disse ter-se sentido triste, pois era como se fosse convidado para o aniversário de um amigo, e chegando lá encontrasse um grupo de pessoas que não queriam a sua presença.

Ora companheiro Lula, não se avexe não. Por ter recebido tamanhas vaias não quer dizer que não lhe gostem, pois bem sabemos que pelas bandas de Pindorama o povo é muito dado à prática da da imitação e do senso comum, sem muita questão, ainda mais quando orientados pelas "trombetas de uma só voz" do reino dos macacos - a imprensa. No caso, basta um vaiar para que todos vaiem também, sem ao menos saber o por que ou a quem.

Embora não fosse o caso de não saberem por que ou a quem, ainda cabe aqui a máxima que versa no Livro "Homo Hominis Cacoethes" sobre as imitações, com sugerências de que é costume humano mais macaquear que engendrar, por mais estranho que a frase possa parecer.

Assim, companheiros, comamos bosta, pois afinal, bilhões de moscas não podem estar erradas.

Saturday, July 14, 2007

A Riviera Genovesa & o nu-jazz italiano

Depois da pizza com mussarela de búfala da Fratelli La Bufala de ontem, hoje tive que me contentar com a pizza do chinês aqui ao lado. Nada mal, na verdade. Eles até falam italiano... melhor do que eu!

Hoje saí cedinho para Gênova, e de lá para uma das praias da redondesa. Bogliasco, no Golfo Paradiso, a Riviera Genovesa. Prainhas onde o pessoal vai tomar um sol, praticar o topless (ops!), surfar... estas coisas! Eu, para não aderir ao topless e nem me aventurar numa prancha, fiquei tomando uma cervejinha na sombra mesmo, e lendo os jornais...

Na volta, parei para um concerto na praça do Duomo. Quem tocava era o jovem-revelação italiano, que está de volta à Itália depois de um sucesso surpreendente nos EUA - ele lotou e esgotou as sessões do Blue Note de Nova Iorque! Giovanni Allevi é seu nome, que faz uma mistura de nu-jazz com nu-clássico além de pitadas dodecafônicas de Schoenberg! Valeu a pena... inclusive a pizza chinesa!

Friday, July 13, 2007

que falta me faz uma câmera...

Para batrer uma foto da pizza com mussarela de búfala que comi na Pizzaria Fratelli La Bufala! Com uma porção generosa do mais delicioso "salsa di pomodoro classica", algumas fatias de "prosciuto crudo" e uma "mozzarella di bufala" de aproximadamente 400 gramas (!), inteira, no meio da pizza!

Ao menos guardei o nome do vinho sugerido pela garçonete (chilena)... Capitolare Di Bitùrica, de Borghi Baldovinetti, do Armaiolo San Fabiano. Este vinho é uma mistura de Cabernet Sauvignon (uva francesa da região de Bordeaux, não muito comum nos vinhos italianos) e Sangiovese, esta sim uma uva típica italiana, da região de a mesma região do famoso "Brunello di Montalcino" - que aliás, não passa de uma Sangiovese, porém de "morros", ou vinhedos específicos. A mesma distinção se dá em Piemonte para a qualificação do "Barolo", feito à partir da uva Nebbiolo.

De volta ao Capitolare Di Bitùrica que tenho em mãos, em copos e no espírito, é envelhecido em barris de carvalho (ah...) por um ano, e mais um ano em garrafas. Traz um quê de madeira e amoras no paladar (ui!), e algo de tabaco no aroma Um belo vinho! "Vendemmia" 2000.

Lugarzinho legal a Pizzaria Fratelli La Bufala. Um lugar para se comer quando em Milão. Fica perto da estação Moscova do metro, na linha verde...

Abaixo o Império, ou E O Anti-Império Contra-Ataca

One copper coin gives you no name
provérbio chinês

Os "carros anti-imperialistas" chegam ao mercado venezuelano. E Hugo Chávez é só alaridos, afinal, quanto mais barulho ele fizer mais atenção vai chamar para sí - mas quem disse que ele quer atenção? E o melhor de tudo: os carros são iranianos!

Baseado na plataforma do Peugeot 405, já fora de linha há muito tempo, é chamado de Centauro - ser que popula a mitologia grega, sendo metade homem e metade cavalo. Entre os persas é chamado Samand, que é uma raça de cavalos de corrida, e é considerado o carro nacional do Irã (segundo a FSP)...

Tem motor 1.8 de 4cc, 100 cv de potência máxima a 6.000 rpm e uma velocidade final de 185 km/h (dados da fabricante Khodro, do Irã), e deve custar o equivalente a US$ 11 mil (algo em torno de R$ 22 mil), e é claro, isento de IVA (imposto sobre valor agregado). Seria uma incongruência Hugo Chaves criar "carros anti-imperialistas" e querer cobrar IVA - um dos marcos do império!

Assim, os venezuelanos vão poder comprar um sedã três volumes médio (algo entre o Corsa e o Astra sedãs) pelo preço de um Uno Mille 1.0 brasileiro! De duas portas(!!).

No entanto, como se vê pelos dados técnicos, o Samand-Centauro é um veículo bastante simples e limitado na parte tecnológica e nos equipamentos (freios ABS e direção hidráulica são opcionais no Irã).

Outro carro realmente popular é outro iraniano, o Saipa 141, que está sendo lançano na Venezuela com o nome Turpial (a ave nacional da Venezuela). Bem menor que o Centauro, tem motor 1.3 de 4cc, com potência máxima de 62cv a 5.500 rpm, e vai custar cerca de US$ 7.900, ou R$ 15,8 mil. Consta-nos uqe não há nenhum carro zero no mercado brasileiro a esse preço.

Espera aí que tem mais...

O presidente Chávez tem capitalizado o lançamento dos carros da Venirauto (convênio estabelecido entre a companhia mista iraniano-venezuelana de automóveis, o Banco de Fomento Andino - Banfoandes - e a Academia Militar da Venezuela), associando sua imagem aos veículos e dizendo que eles são uma resposta ao imperialismo industrial dos norte-americanos. Só que o governo iraniano detém 51% das ações da Venirauto, e o da Venezuela, 49%.

Ah... entendeu?

virus de computador

Corre uma lenda pela net e em revistas eletrônicas especializadas que o primeiro vírus de computador tenha sido simplesmente a primeira instrução (software, num sentido amplamente computacional) a ser executada numa máquina (hardware), pois tinha a única função de se auto-copiar para o próximo endereço livre de memória, e então repetir-se até que toda a memória fosse consumida.

E aqui me parece necessário uma pequena definição de vírus, antes que tarde...

Um vírus nada mais é do que um programa de computador. Elementar, meu caro leitor. E já que todo vírus é um programa, deixemos logo explicitamente claro que o inverso não é verdade; nem todo programa é um vírus. Mais óbvio ainda? Ótimo, ou poderia alguém sair por aí a concluir coisas à forma dos lógicos: "se todo criminoso é um ser-humano, todo ser-humano é um criminoso!"

Pois bem, busquemos agora uma definição comportamental para vírus. O que vai mais lhe caracterizar é seu comportamento. O conceito de vírus chama a atenção para uma característica peculiar: a auto-replicação. Consta de 1948 o conceito de inteligência artificial e a possibilidade de vida artificial criada eletrônicamente. Seria isto já um virús? Creio que não. Embora a auto-reprodução seja o que mais caracteriza um vírus, ainda assim não é tudo.

Nos anos 60 estudantes universitários já criavam competições científicas com o objetivo de desenvolverem minúsculos programas de auto-replicação; nos anos 70 estudantes fizeram a primeira tentativa efetiva de desenvolver um software que se duplicasse e executasse alguma ação útil - viram? uma ação útil - mas foi só nos anos 80 que estudantes - eles de novo! - escreveram, para o Apple II, um programa que se auto-reproduzia. E nem mesmo assim poderíamos chamá-lo de vírus...

O termo "vírus de computador" foi cunhado por Fred Cohen, em 1986, na apresentação de um trabalho no seu doutoramento em engenharia elétrica da University Southern California. Ao cunhar o termo, aproveitou e definiu como sendo um programa que pode infectar outros programas modificando-os e incluindo neles uma cópia de si mesmo.

É isso? Hum... eu diria mais: além da infecção e da reprodução, creio que o ato, a intensão conta muito. Consta que o primeiro "programa malicioso" foi desenvolvido em 1987, também para sistemas do Apple II, por um garoto de 15 anos chamado Rich Skrenta. O programa se auto-instalava à partir do "boot" (carga do sistema operacional), reproduzia-se e, após o quinquagésimo "boot" da máquina, mostrava na tela a mensagem:
Elk Cloner: The program with a personality

It will get on all your disks
It will infiltrate your chips
Yes it's Cloner!

It will stick to you like glue
It will modify RAM too
Send in the Cloner!
Embora este "mal" seja considerado apenas uma brincadeira de mal gosto - a poesia é semântica e gramaticalmente ruim - este foi, provavelmente, o primeiro relato do ataque de um vírus. Outra característica virótica foi o fato de que o programa - Elk Cloner - ter sido também o primeiro a ser espalhado fora de laboratórios ou computadores onde estes experimentos eram criados e testados.

Diz-se que a idéia de desenvolver o vírus veio por acaso, já que Rich, para se divertir, gostava de pregar peças em seus amigos, e para tanto presenteava-os com jogos "modificados" - ele mesmo os modificava - para que, após um certo número de vezes que fossem acionados, parassem de funcionar, mostrando algum tipo de mensagem de humor sarcástico na tela. Quando seus amigos começavam a se interessar pelo jogo, ele simplesmente parava de funcionar. Após algum tempo os amigos de Rich aprenderam que não podiam deixar seus disquetes por aí, ao seu alcance, e foi assim que Rich teve a idéia de criar o Elk Cloner, para continuar a perturbar seus amigos sem que precisasse ter acesso aos disquetes.

Jargões às favas: a necessidade faz a força...

Thursday, July 12, 2007

da tolerância e da função dos prazeres

Fosse a tolerância apenas uma tendência de admitir nos outros algumas maneiras de pensar e de agir diferentes das nossas, mais leve seria o sofrer e o aturar.
"Libri Iucunditas quod Mundane Res"
(Livro dos Prazeres e das Coisas Mundanas)
Falando em tendências, aprendemos que as pessoas tendem a procurar atalhos (ah, como é bom aprender!). E nesta ânsia de encurtar tudo, nem sempre cuidam-se de todos os detalhes (ora... detalhes!) que na hora ou não parecem importantes, ou são importantes mas não tão importantes assim para serem considerados, ou ainda - e geralmente - são muito importante mas iriam tomar um tempo danado, e por isso são deixados de lado, na esperança de que ninguém se dê conta deles. Ora pois... como diria Eremildo, O Idiota, se é para encurtar, deixemos logo de fazer. Não julguemos Eremildo, que só queria entender por que se faz mal feito com a intensão de encurtar, se depois precisa-se emendar a cagada, o que toma mais tempo ainda... coisas de idiotas, eu diria... E assim foi!

Haja tolerância, companheiro Eremildo!!!

E além de tudo isso, há o prazer... falando em abreviar a vida e prazeres à parte, se quizermos durar, prazeres em excesso podem atrapalhar... principalmente os "mundanos".

Por isso nada de chocolates, sorvetes, comidas deliciosamente gordurosas, bebidas alcoólicas, cigarros de todos os tipos e outras coisinhas mais que podem nos trazer "um certo" prazer....

Mas o que é a vida sem prazeres? Dirão uns... Ora, se formos nos lançar a tudo que teoricamente - ou melhor, praticamente - é bom, colheríamos conseqüências terríveis. Pos isso mesmo somos animais racionais, e assim, ponderamos as coisas, baseado em parâmetros sociais, éticos, estéticos, culturais e etc. É por isso que, mesmo sendo "uma delícia" fumar um cigarrinho, opto em não fumar. Uma decisão da consciência "racional" sobre o prazer "irracional".

E disso aprendemos que todos os prazeres requerem esta distinção. Principalmente os da carne...

poucas e boas

CNN = Al-Jazira

Aqui na Itália costumo fazer, pela manhã, meu "jogging" na academia do hotel (chique, né?). E às vezes me canso da sôfrega língua italiana dos noticiários (não pensei que fosse tão difícil) e prefiro apenas deixar fluir facilmente o bom e velho inglês, que apesar de não ser uma BBC (ou uma RTÈ, façamos justiça aos irlandeses), ainda assim é uma CNN.

O problema é que, aproximadamente 80% das notícias - tirando esportes e previsão do tempo - são sobre a guerra do Iraque. A CNN está mais para Al-Jazira do que a própria CNN árabe!

Here he comes: More Moore

Michael Moore esta com um novo documentário: Sicko, que fala sobre o sistema de saúde americano. E desta vez ele comprou uma boa briga, pois o lobby da saúde já mandou seus capangas para "desmascararem" Moore... como? Ora, questionando seus dados: Onde ele diz, por exemplo, que o sistema de saúde de Cuba cobra apenas US$25 por pessoa, o lobby ataca dizendo que "Isto e uma inverdade. Você (Michael Moore) não pode sair por aí dizendo mentiras! O sistema de saúde cubano cobra US$29 por pessoa, e não US$25."

Como podem ver, é realmente MUITO relevante a informação...

Basicamente eles se pegam em dados não muito precisos. Moore se defende dizendo que se baseou em estatísticas - por si só uma ciência inexata - e que alguns por centos à mais ou à menos não mudam os fatos: Os EUA deveriam ter um sistema de saúde "far better" do que têm hoje, pelo preço que cobram.

Esperemos o documentário, que já é polêmico mesmo antes do lançamento.

Wednesday, July 11, 2007

das diversas maneiras de aliviar a alma

Pedro: Por que não posso seguir-te agora? Por ti darei a minha vida. Respondeu Jesus: Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: Não cantará o galo até que me tenhas negado três vezes.
João, 13:37-38.

Tem o homem o dom do arrependimento. O que nem sempre tem é a nobreza de assumir o erro e arrepender-se, ora porque o erro é deveras humilhante, ora porque simplesmente a humildade não lhe bate à porta. Segundo consta do "Livro da Formação e Das Causas Naturaes", datado de 449 a.C., tal virtude foi dada ao homem justamente para permitir-lhe, vez ou outra, desviar-se de sua reta conduta - desde que o torto não dê com a direiteza de outros - regra fundamental e que nem sempre é respeitada.

Peguemos dois exemplos bíblicos de homens que erraram e se arrependeram: Judas e Pedro.

Segundo a "Bíblia", Judas traiu Cristo por algumas moedas, e no seu arrependimento, escolheu como alívio para a sua alma a própria morte. Já Pedro, que negou o nome de Cristo por três vezes por medo de ter o mesmo fim que seu mestre, para aliviar sua alma resolveu pregar a palavra de Cristo algumas dezenas de anos depois do ocorrido, quando as coisas já estavam devidamente calmas e a pregação não pudesse oferecer perigo à sua tão cobiçada vida terrena.

O erro de Judas foi sem dúvida mais "abrangente" do que o de Pedro, mas o arrependimento de Pedro de longe foi mais conseqüente. Judas só interferiu na direitura do próprio Cristo, enquanto Pedro criou mais um divisor no mundo. A abrangência das coisas que contou de memória - provavelmente aumentadas pelos anos de arrependimento da negação do nome daquele em que acreditou, viu morrer e não teve a coragem de se juntar.

Sendo assim - que me perdoem a palavra! - o beijo de Judas me parece mais doce do que parecia, e ajuda a aliviar a heresia da palavra dos homens...

Monday, July 09, 2007

de homens & sentimentos

Andamos a aprender algumas lições sobre homens e mulheres:
  • De que todos são vaidosos, sem excessão. A diferença é que enquanto alguns, como os gregos, são vaidosos por dentro - ou seja, com os miolos - outros, como os romanos, são vaidosos por fora - quer dizer, com o rosto e os cabelos;

  • Que mesmo sendo pequenos, os homens sempre se acharão grandes ao encontrarem alguém menor;

  • Que a nossa coragem é tão somente nossos medos com uma espada na mão;

  • Que mesmo sendo o vinho o sangue de cristo, ainda assim ele exalta as línguas e atiçam-nas para fora das bocas, muito mais do que deviam;

  • E sendo o vinho o sangue de cristo, conclui-se que a cachaça é o mijo do diabo, e constata-se que também tem o poder de manipular as línguas, fazendo-as saltar pra fora das bocas e vez ou outra procurar morada em bocas outras;

  • E que se misturarmos o sangue de cristo com o mijo do diabo, percebemos que a espada que está na mão dos nossos medos se torna muito maior;

  • Que o mal não é só o que sai da boca do homem, mas o que entra também;

  • Sendo o futuro não mais que uma miragem e o presente mais rápido que um relâmpago, acha-se que se tem o poder de mexer as contas para frente e para trás, e assim desfazer as besteiras feitas sob o efeito das experimentações descritas acima, e que agora pertencem ao universo do passado: não é bem assim que o mecanismo dos tempos e dos espaços funciona - infelizmente;
Sendo o mundo redondo e não aquela meia-bola flutuante no oceano, tampouco aquele disco plano sustentado nas costas de tartarugas ou elefantes, uma certeza que temos é que dará voltas. E na passagem dele por nossas bandas novamente, poderemos pegar de novo o trem da história pra ver onde é que isso tudo vai dar...

De volta ao Terra Papagalli - um belíssimo livro!

Thursday, July 05, 2007

de cavalos, viajantes e testículos

Considerada uma gíria Irlandesa, a palavra knacker, literalmente, é o comerciante de animais velhos ou improdutivos, vivos ou mortos. Animais que morrem de doença ou velhice, ou que são muito velhos para trabalhar. A expressão knackered significa cansado, exausto, acabado (gíria), ou ainda que se está pronto para o knacker’s yard (lugar onde animais velhos ou inválidos são abatidos e viram ração para outros animais). Depois do surto da "Doença da Vaca Louca" dos anos 80, o termo knacker’s yard foi definido como 'qualquer área usada em conexão com a prática de abater, esfolar ou cortar animais cuja carne não se destina ao consumo humano.'

De volta aos knackers, a palavra é derivada do Irlandês antigo "an each", pronuncia-se a nack, e significa cavalo. Dela derivou-se a palavra para negociante de cavalos "an eachoir", pronuncia-se a nack-ower e que anglicizada ficou knacker. Muitas vezes o termo é usado para designar os irlandeses viajantes, tidos como "itinerantes" ou "nômades" por viverem acampados em traillers, mas o termo tem conotação pejorativa. Por vezes também é usado para descrever uma pessoa do campo, um caipira ou pessoa sem cultura, mas também de forma pejorativa e derrogatória.

E embora na região da Australásia - Austrália e Nova Zelândia - e na Inglaterra, knacker é uma gíria para testículos, para os alemães, não passa de mais uma salsicha...