Quem achava que o NÃO irlandês poria fim à discussão sobre o Tratado de Lisboa, enganou-se. Depois dos irlandeses terem rechaçado o Tratado, Bruxelas comporta-se como se o referendum não tivesse acontecido, na esperança que An Taioseach Brian Cowen se explique e tome providências para contornar "a bagunça" irlandesa!
Não parece muito justo tratar a opinião dos irandeses como um erro, ou como sendo O problema - o que ainda é menos ruim do que se falar numa nova votação. Embora o texto do Tratado não parece ter sido feito para uma leitura simples, tampouco trata de questões que possam ser respondidas com meros sims e nãos (os portuguêses diriam sins e nões), mas a verdade é que 11 Estados-Membro prometeram que dariam a seu povo algum tipo de referendum em se tratando da Constituição Européia, e 10 deles têm sido desonestos em tentar disassociar o Tratado da Constituição. São exatamente o mesmo documento. A constituição irlandesa prega que toda decisão em nível europeu deve ser conduzida pelo voto direto do povo.
Bruxelas, num atentado terrorista à democracia que faria Aristóteles revirar-se no caixão, sinalizou aos outros Estados-Membro que continuassem a ratificar o Tratado. Ora, o que isso realmente quer dizer se a regra hoje prega que toda decisão deve ser UNANIME? An Taioseach Brian Cowen embaraçadíssimo, está num mato sem cachorro: se convocar um novo plesbicíto, literalmente manda às favas os princípios democráticos. Se sustentar a vontade do povo, corre o risco de ser desmerecido politicamente no parlamento Europeu.
Terrorismo à parte, a Europa vai bem, e a tão proclamada crise parece ser mito. Essa história de que a Irlanda pode sair da União Européia, ou que serão criadas duas linhas de desenvolvimento, uma mais rápida e outra mais lenta, e que a Irlanda fará parte da mais lenta, ou ainda que, a pior de todas, 1 milhão de irlandeses emperraram o futuro promissor de 450 milhões de pessoas, não passa de balela! Bruxeals, Luxemburgo e Estrasburgo já estão atolados até o pescoço em deconfortos diplomáticos, mas parecem não ligar. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
Não se pode dizer muito sobre o motivo dos irlandeses terem votado NÃO. Basicamente foi por ignorância mesmo. Culpa do governo - novamente - por não informar o povo propriamente. Culpa também dos eurocratas, que não são capazes de dizer em termos humanamente compreensíveis o que muda e por quê. Mas ainda assim, a democracia deve ser respeitada, ao menos. Declarações como a do escritor irlandês John Banville (postado aqui) apenas mostram como uma mente totalitária e xenófoba pode deturpar as informações com requintes de liberalismo e progressismo. UM PERIGO!
Com tantos assuntos importantes à flor da pele, melhor mesmo seria que a Europa colocasse o Tratado de Lisboa num lugar seguro - a sete palmos abaixo da terra - e tivesse assim mais tempo para eles. Questões como combustíveis, subsídios e imigração não podem ser deixados ao léu, ao alcance de líderes deturpados como Sarkozy, que acha que deve-se trabalhar 60 horas por semana, e Berlusconi, que decretou que imigrante sem papel é criminoso. Berlusconi tambem pleiteia "carta branca" para poder atuar sem o congresso italiano "quando necessário". Ainda existe isso?
Muito além - mas muito além mesmo! - do que a manifestação legal e democrática dos irlandeses contra um tratado obscuro e verboso, estes políticos sim são uma ameaça ao ideal humano que sempre caracterizou a União Européia.
Não parece muito justo tratar a opinião dos irandeses como um erro, ou como sendo O problema - o que ainda é menos ruim do que se falar numa nova votação. Embora o texto do Tratado não parece ter sido feito para uma leitura simples, tampouco trata de questões que possam ser respondidas com meros sims e nãos (os portuguêses diriam sins e nões), mas a verdade é que 11 Estados-Membro prometeram que dariam a seu povo algum tipo de referendum em se tratando da Constituição Européia, e 10 deles têm sido desonestos em tentar disassociar o Tratado da Constituição. São exatamente o mesmo documento. A constituição irlandesa prega que toda decisão em nível europeu deve ser conduzida pelo voto direto do povo.
Bruxelas, num atentado terrorista à democracia que faria Aristóteles revirar-se no caixão, sinalizou aos outros Estados-Membro que continuassem a ratificar o Tratado. Ora, o que isso realmente quer dizer se a regra hoje prega que toda decisão deve ser UNANIME? An Taioseach Brian Cowen embaraçadíssimo, está num mato sem cachorro: se convocar um novo plesbicíto, literalmente manda às favas os princípios democráticos. Se sustentar a vontade do povo, corre o risco de ser desmerecido politicamente no parlamento Europeu.
Terrorismo à parte, a Europa vai bem, e a tão proclamada crise parece ser mito. Essa história de que a Irlanda pode sair da União Européia, ou que serão criadas duas linhas de desenvolvimento, uma mais rápida e outra mais lenta, e que a Irlanda fará parte da mais lenta, ou ainda que, a pior de todas, 1 milhão de irlandeses emperraram o futuro promissor de 450 milhões de pessoas, não passa de balela! Bruxeals, Luxemburgo e Estrasburgo já estão atolados até o pescoço em deconfortos diplomáticos, mas parecem não ligar. Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come.
Não se pode dizer muito sobre o motivo dos irlandeses terem votado NÃO. Basicamente foi por ignorância mesmo. Culpa do governo - novamente - por não informar o povo propriamente. Culpa também dos eurocratas, que não são capazes de dizer em termos humanamente compreensíveis o que muda e por quê. Mas ainda assim, a democracia deve ser respeitada, ao menos. Declarações como a do escritor irlandês John Banville (postado aqui) apenas mostram como uma mente totalitária e xenófoba pode deturpar as informações com requintes de liberalismo e progressismo. UM PERIGO!
Com tantos assuntos importantes à flor da pele, melhor mesmo seria que a Europa colocasse o Tratado de Lisboa num lugar seguro - a sete palmos abaixo da terra - e tivesse assim mais tempo para eles. Questões como combustíveis, subsídios e imigração não podem ser deixados ao léu, ao alcance de líderes deturpados como Sarkozy, que acha que deve-se trabalhar 60 horas por semana, e Berlusconi, que decretou que imigrante sem papel é criminoso. Berlusconi tambem pleiteia "carta branca" para poder atuar sem o congresso italiano "quando necessário". Ainda existe isso?
Muito além - mas muito além mesmo! - do que a manifestação legal e democrática dos irlandeses contra um tratado obscuro e verboso, estes políticos sim são uma ameaça ao ideal humano que sempre caracterizou a União Européia.