Thursday, September 09, 2010

de caminhadas, ongs & fome


Pois é, caminhamos 100 quilômetros. Cem quilômetros em 26 horas e 57 minutos. Para tanto, arrecadamos mais de 3.000 euros em nome da Oxfam, na esperança que ela use o dinheiro para uma boa causa... mas e daí?

Um amigo me inquiriu: Edú, se não houvesse o evento, a caminhada, você teria a iniciativa de sair arrecadando dinheiro? E daria esse dinheiro para uma ONG? Quantas e quantas ONGs já não se provaram deletérias? Seja por pilantragem ou mesmo por pequenos desvios ou interesses pessoais de seus dirigentes?

Um problema... a caridade é algo bem inerente da cultura irlandesa e britânica. As pessoas doam. Se dão naturlamente. No Brasil, isso não ocorre. As pessoas fogem de doações, viram as costas mesmo. Não as culpo. Desconfiadas justamente pelo histórico de corrupção que as ONGs carregam, chegam até a ignorar o pedido, mesmo vindo de um amigo.

Não acredito em ONGs. Aliás, não acredito em aglomerações, de nenhum tipo. Mais de uma pessoa envolvida em qualquer coisa e já existe a possibilidade dos jogos de interesse... e se levantarem uma bandeira então, a mim já virou fanatismo. E a Oxfam é isso, um aglomerado de pessoas atrás de uma marca, defendendo um suposto ideal em meio - suponho - a jogos de interesse. Mas entrei nessa pelo desafio pessoal, puramente.

Esse meu amigo achou uma maneira de ajudar as pessoas. Formou uma fisioterapeuta que era menina de rua. Proporcionou estudos a um faxineiro que se tornou engenheiro eletrônico. Assim como meus pais, que formaram advogada a filha da empregada. Todos acharam sua maneira de ajudar... eu ainda procuro a minha, embora o principal, na minha opinião, seja o desapego ao vil metal, que como tudo nesse mundo tem seu lado bom e o seu lado mal. E isso eu acho que já consegui há algum tempo. Dinheiro não me impressiona mais, e espero poder ter o suficiente para viver simplesmente. Cada vez mais simples, essa é a minha luta...

Uma elocubração sobre a fome - Se temos fome é porque estamos vivos e com saúde. Seria certo acabar com ela? Mas a fome pode deixar sequelas irreversíveis num organismo. Vide o recém libertado prisioneiro político de Cuba, Ariel Sigler. Eu mesmo nunca passei fome por mais de algumas horas, sabendo que o alimento logo chegaria. Estender essa agonia por dias, semanas ou meses, sem a menor perspectiva de quando acontecerá a próxima refeição, seja lá o que seja isso, deve ser horrível. Por isso apoio, por mais demagogo que seja, o programa Fome Zero do governo. Fome é a primeira coisa que deveria ser extinta do mundo, e qualquer iniciativa nesse sentido é válida, mesmo que alguns filhos-da-puta se aproveitem da situação. E filhos-da-puta aproveitadores sempre existirão, com ou sem Fome Zero, com ou sem Bolsa Família. Aqueles que se benificiam de tais programas, por outro lado, podem ter suas vidas mudadas de maneira significativa, enquanto os filhos-da-puta aproveitadores só terão mais dinheiro em suas contas já gordas. Um dinheiro que em meio a tanto que já têm nem fará diferença. É na consciência e na cosmologia... é lá que eles acertarão suas contas.

E falando em caminhada, eu ainda estou de molho - pés para o alto, antibiótico em pílulas e pomada nas bolhas estouradas, esperando que as canelas e os pés desinchem completamente - já estão bem melhores de como estavam no domingo à tarde! Volto a trabalhar Segunda-feira... e a treinar para o próximo Trailtrekker no mês que vem!

1 comment:

Unknown said...

K-raca mano, Parabéns. Isso é que eu chamo de caminhada. Só de imaginar, já to com dor nos pés...... Napoli