O último canto do cisne

A expressão "canto do cisne" é uma referência a uma antiga crença de que o cisne é completamente mudo durante a sua vida, até pouco antes de morrer, quando canta uma bela canção.

Cisnes não são realmente mudos em vida, e não cantam ao morrerem, mas a fábula é atraente e continua a aparecer em vários trabalhos artísticos. Entre tantas, eu gosto do conhecido madrigal Orlando Gibbons (The Silver Swan):

The silver Swan, who living had no Note,
when Death approached, unlocked her silent throat.
Leaning her breast against the reedy shore,
thus sang her first and last, and sang no more:
"Farewell, all joys! O Death, come close mine eyes!
"More Geese than Swans now live, more Fools than Wise."

Que numa tradução livre seria soaria...

O cisne prateado, que em vida não emitiu uma só nota,
quebrou o silêncio quando a morte se aproximou,
Enchendo seu peito contra a recoberta costa,
cantou seu primeiro e último canto, depois calou:
"Adeus, alegrias, ó morte, molha meus olhos com teus lábios!
"Mais Gansos que Cisnes vivem agora, mais Tolos que Sábios".

É isso aí... agora, aproveito o fim de semana prolongado e vou tirar uma semana de férias, e fechar a TUDA nalgum lugar da Europa...

Partindo na Sexta-feira...

Amanhã, sexta-feira, é o meu último dia de IBM. E como é uma sexta-feira, e o "despejo" se deu pela "falta de verba" para o projeto, achei oportuna a música do Genesis, Get'em out by Friday, que tem como abertura um belo diálogo entre guitarra e teclado, com um baixo forte e acordes de órgão intercalados.

O mais interessante é que a música funciona como trilha sonora - no melhor sentido que isso possa evocar - para a letra, que parece mais uma peça de teatro, com diferentes personagens, que Peter Gabriel incorpora empregando diferentes estilos vocais em diferentes partes do texto. O tema é basicamente de crítica social da ganância corporativa e opressiva do sistema de habitação do Reino Unido nos anos 70.

A peça contém três personagens principais:

• John Pebble: Um homem de negócios da Styx Enterprises. Perto do fim da canção, ele foi condecorado e trabalha para a United Blacksprings International.
• Mark Hall (também conhecido como "The Winkler"): Um homem que trabalha para Styx Enterprises e tem a tarefa de despejar inquilinos.
• Sra. Barrow: inquilina numa casa em Harlow, comprada por Pebble.

A trama começa com Pebble ordenando Hall a despejar os inquilinos até sexta-feira - o título da música. The Winkler informa a incrédula Sra. Barrow de que uma empresa adquiriu sua propriedade e que ela foi despejada. Ela se recusa a sair, mas The Winkler oferece £400 para a ela mudar-se, o que ela faz  meio que a contragosto.

Uma parte instrumental indica a passagem do tempo, levando a história para 2012, onde uma companhia, a Genetic Control, anuncia a restrição da altura de todos os seres humanos a 1,5 metros. A notícia  corre os pubs, e um tal de "Joe Everybody" revela ser a restrição devido ao fato da Genetic Control ter comprado algumas propriedades no mercado, e assim poderá acomodar o dobro de pessoas no mesmo espaço físico, ganhando mais dinheiro...

É, o dinheiro... sempre o dinheiro...

Bodas de madeira...

Pois é, comemoramos hoje 5 anos de casados... Nem parece! (um poema aqui)

Vamos desfrutar um jantarzinho básico no Aqua, que tem uma vista maravilhosa da baia de Howth. E como é early bird, das 7pm às 9pm, capaz que a gente termine a noite aqui no nosso local, o já aclamado Hole in the Wall, para uma última taça de vinho...

Oxfam Ireland - Trailtrekker 2010

Para você que já é meu seguidor (!), que já lê o meu blog com certa regularidade, anuncio: Vou participar do Oxfam TrailTrekker 2010, edição Irlanda! É o segundo que acontece no país...

Para tanto, nosso time precisa arrecadar 2000 euros. Sim, o evento é beneficente, e a grana vai para o combate da pobreza e da miséria de gente mais necessitada... quase como o Lula está tentando fazer!

Vai lá, doa vai?!? Alguns Reais/Dólares/Euros/Pounds não vão fazer diferença...

http://netdub.oxfamireland.org/netcommunity/eduardomiranda


Eu, daqui, já agradeço antecipadamente!

Um Rioja DOC

Há mais coisas entre um Somontano e um Ribera Del Duero, Horácio, do que sonha a tua vã filosofia!

Pois é... uma surpresa! Quando eu mais achava que já estava cansado e enjoado dos Riojas, não é que o melhor vinho da noite, na minha opinião, acabou sendo um Rioja? E "jovem", além de tudo!

Rioja é uma Denominación de Origen Calificada (D.O.C.) da região conhecida como La Rioja, cujas uvas - uma pequena parte - também crescem em partes da região de Nafarroa (Navarra) e Araba (Álava), no País Basco. Rioja é dividida em 3 sub-regiões: Rioja Alavesa, Rioja Alta e Rioja Baja. A maioria dos viñeros (produtores de vinhos) misturam as uvas de diferente regiões, mas a prática de usar uvas únicas anda crescendo na região.

Don Carlos, este foi o vinho ontem! Um 2006, 100% tempranillo, que passou de 3 a 6 meses em pequenas barricas americanas de carvalho. Na noite também tivemos o fantástico Don Carlos Reserva, 2001, também 100% tempranillo (que caiu muito bem com os medalhões de porco cobertos com repolho roxo, levemente adocicados, e com um retro-gosto de canela), e um outro muito bom, Campomayor Reserva 2001, DOC Toro, mas o campeão, sem dúvida, foi o semi-crianza Don Carlos!

entre tapas & vinhos

É entre tapas & vinhos que será a noite de hoje... uma noite bem espanhola!

Todo mundo tem um pub para chamar de local. O meu so called "local pub", o maravilhoso Hole in the Wall - ou Buraco na Parede, já que fica ao lado de uma entrada do Phoenix Park - que já há algum tempo promove cursos de vinho, também promove noites temáticas, sempre ao redor da comida e do vinho, é claro! E hoje será a vez da Noite Espanhola!

Que tapas servirão? Será que teremos as famosas Albóndigas e os deliciosos Chopitos? Cojonuda, chorizo, croquetas, empanadillas e gambas? Mejillones rellones, pimientos de padrón, pinchos, patatas bravas e puntillitas? Manchego, solomillo, tortillas e zamburiñas?

Ah, contanto que acompanhadas de belos vinhos... Eu sinceramente espero a degustação de vinhos de outras regiões além das já famosas Rioja e Ribera del Duero. Ultimamente ando me encantando com vinhos de Somontano e Priorat, mas não vou reclamar se servirem vinhos de Castilla y León, La Mancha y Toledo, Penedés, Navarra ou Jumilla.

Contanto que abram com uma bela Cava e fechem com um belo digestivo, não vou reclamar não...

A caminhada de sábado

Devagar e sempre... esse é o segredo!

Comecei com 8km (Ashtown-Dublin), depois 12km (Mulhuddart-Ashtown), 14km (Bray-Greystones-Bray + Bray Head), 16km (Howth-Dublin), 25km (Howth Head + Howth-Dublin), e agora, 30km, de Greystones até Sandymount... Uma bela caminhada, com subidas, descidas, trilhas irregulares, trilhas planas... um pouco de tudo.

A caminhada me serviu para experimentar um tênis-bota, próprio para terrenos mais irregulares. Realmente, quando andamos pelos penhascos de Greystones-Bray ele fez a diferença. Ao voltar para terreno plano calcei o tênis para caminhada, muito mais leve e confortável, mas as pedras da costa de Bray não estavam nos planos... pedras grandes e irregulares, forçaram muito - e desnecessariamente - os tornozelos e os joelhos.

Teríamos andado mais, não fosse praia de pedras entre Bray e Dún Laoghaire.

No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no mei do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.

Grande Drummond... E semana que vem tem mais!

Caçadores de Cabeças

A decapitação e a tomada de cabeça, fosse para a prática de rituais ou como meros troféus, teve sua origem em tempos tão remotos como a Idade da Pedra. Algumas tribos primitivas acreditavam que cortando a cabeça de seus inimigos e bebendo seu sangue adquiriam a força e o poder espiritual da vítima. Como troféu, conferia a seu portador grande força e influência na tribo.

A prática de caçar cabeça era muito comun em partes da China, Índia, Nigéria, Nuristan, Myanmar, Bornéu, Indonésia, Filipinas, Taiwan, Japão, Micronésia, Melanésia, Nova Zelândia, e Bacia Amazônica, bem como entre certas tribos celtas e citas (povos iranianos que viviam na região que ia dos Montes Altai, onde as fronteiras de Mongólia, China, Rússia e Cazaquistão se encontram, até a região do baixo Danúbio, na Bulgária).

Caçadores de cabeças não deveriam mais existir, não nesse nosso mundo moderno e globalizado, mas a coisa não é bem assim... Embora algumas tribos na Indonésia e na região amazônica ainda pratiquem essa barbaridade, é justamente esse nosso mundo moderno e globalizado que acabou criando uma nova raça de caçadores de cabeças, mais cruel e sanguinária... os headhunter, palavra inglesa que literalmente significa "caçador de cabeça", mas que no português acaba sendo traduzida como "caçador de talentos". Eu prefiro o sentido inglês da palavra!

Embora sejam bem agressivos, os headhunters modernos não andam armados pelas selvas urbanas, nem arrancam a cabeça de suas vítimas. Aliás, a vítima acaba sendo beneficiada pela caçada. Na verdade, nesta caçada todos ganham: a caça, o caçador, e até mesmo o freguês que "compra" a caça previamente encomendada.

Para quem não adivinhou ainda, o trabalho do headhunter consiste em buscar os melhores talentos profissionais do mercado de trabalho para ocuparem posições estratégicas nas empresas. O headhunter (caçador) sempre trabalha para uma empresa (freguês), e a caça (os candidatos às vagas) representam seu campo de trabalho.

Vos digo, ser assediado por um headhunter é bom e faz bem para o ego, além de poder vir a fazer bem para o bolso também. O que não podemos esquecer é que embora elogios de consultores experientes sejam valiosos e bem-vindos, ninguém faz milagre, e ao final do dia, sua carreira só pertence a você!

Declaro aqui aberta a temporada de caça!

goethiano

"Todo mundo quer ser alguém, mas ninguém quer crescer", já dizia Goethe. É... crescimento só vem com mudança, exposição... é preciso sair do comforto, da comodidade, para enxergarmos as coisas de um ângulo mais amplo. O processo de transição gera crescimento e desenvolvimento. Geralmente de maneira positiva, por mais negativa que a transição possa ser.

Mudanças não são fáceis ou confortáveis - alguém disse que seria? Começamos a mudar com a libertação da pessoa que pensamos ser. Isso acaba nos mostrando que ainda "somos" sem uma porção de coisas que costumamos pendurar na gente - uma grande descoberta!

Começo a me preparar para uma mudança... talvez não aquela mais radical que eu há tanto me demando, mas assim mesmo uma que estará me tirando do estado letárgico das rotinas do dia-a-dia.

É muito interessante, deste outro ângulo, poder perceber verdadeiramente as pessoas ao seu redor...

Rumo aos 100k

Dando continuidade aos preparatórios da caminhada de Oxfam - aqueles 100 quilômetros em 36 horas - sábado passado andamos 25km em 4.5 horas! Uma média de 5.5km por hora, o que está muito bom, considerando o despreparo do papai aqui...

Dores na sola do pé, nos dedos do pé, no joelho, na perna, nas costas... mas chegamos inteiros!

Hoje pela manhã andei mais 8.5 Km em 1 hora e meia (devagar, mas recuperando), e quinta pretendo andar mais 10km, para no fim de semana embarcar novamente nalgo mais longo - quem sabe Wicklow-Greystones?

Pé na estrada!

Tem vaga aí?

Camões vivia da ajuda de amigos. João Cabral de Melo Neto e Vinícius de Moraes foram diplomatas. Murilo Mendes e Carlos Drummond de Andrade foram funcionários público... essa gente toda precisou de subsídio para poder escrever e viver! Poesia não enche barriga não!

É por isso que eu quero um emprego de diplomata... adido cultural em alguma cidade legal... Viajar, expandir fronteiras culturais, levar a cultura brasileira aonde quer que seja... quem não quer? Querendo dá até tempo de trabalhar!

É, até daria tempo de tra balhar... mas em plena sexta-feira, com o sol dançando na baía de Dublin num verdadeiro espetáculo de privavera, depois desses dias nebulosos e chuventos que tivemos por aqui, camaradinha, ninguém aguenta! Vai ser uma contagem regressiva e, massa!

03:29:55, 03:29:56, 03:29:57, 03:29:58, 03:29:59... Fui!

Citar Mais é de Marx, né?

Frase do saudoso Arnaldo Xavier (1948-2004)

Nem sempre sou da minha opinião, mas sempre digo que absurdo é aquilo que nunca muda. Eu não evoluo, apenas sou, embora tenha a certeza de que amanhã não serei o que fui, nem o que sou, pois só é possível transformar-se na medida em que já se é... inovar não é reformar, e mudanças nunca ocorrem sem inconvenientes, até mesmo do pior para o melhor. Ser capaz de suportar tudo, sofrimento, doença, exílio, não faz da passagem de um estado para o outro algo menos terrível. O tempo de nos instalarmos é caro e precioso.

Trago em mim o germe, o início, a possibilidade para todas as capacidades e confirmações do mundo, mas infelizmente, as pessoas que querem mudanças nunca são felizes...

Na fila por um iPad

A Apple tentará convencer os consumidores de que um tablado é uma ferramenta indispensável... e pode até ser, se você considerar que este tablado é o mais novo brinquedinho da Apple, o iPad, um tipo de iTouch gigante, supondo que você saiba que o iTouch é um iPhone sem fone, ou um iPod totalmente touch-screen... e iPod nada mais é do que um MP3 player.

OK, com os pingos em seus devidos "is", à par de tudo o que rola no mundo Apple, corra para a loja mais próxima, pois a Apple lançou esta semana o seu iPad, e como era de se esperar, as filas dobravam quarteirões antes mesmo das lojas abrirem, assim como foi com o iPhone. Dá para imaginar, os caras abrindo as lojas e aplaudindo as pessoas que passaram metade da noite numa fila esperando a loja abrir? Uma cena muito yankee para o meu gosto anti-americano!

No final, as coisas nem foram de tanta euforia assim... os números sugerem que o fervor durou pouco na maioria das lojas. No final da tarde de sábado, parecia outro dia qualquer de compras, com exceção para o pequeno aglomerado que havia se formado em torno da mesa onde iPads estavam sendo testados. Não que isso signifique um fracasso, pois os iPads à venda esta semana são apeans WiFi, e muita gente espera os com capacidade de telefonia celular, que deve sair no final de Abril. Além disso, os clientes puderam comprar iPads online antes mesmo do lançamento nas lojas.

Por isso camaradinha, você nem precisa correr, pois é bem capaz que você possa pegar o seu iPad numa Apple no final da tarde, sem nem mesmo ter que enfrentar fila...

Cáisc Shona Duit!

É isso aí, Boa Páscoa em irlandês!

As aulinhas vão bem... desde que Ciarán forçou-nos a fazer lição de casa, a coisa melhorou, para todo mundo! Como somos, não? O ser humano, se não pressionado, tende a se acomodar. Por outro lado, é essa mesma letargia que nos proporciona esta extraordinária capacidade de adaptação!

Não se pode ter tudo. É o que dizem... mas eu posso querer! O problema é como lidar com as eventuais frustrações ao longo do caminho da felicidade. E como semana passada foi o Dafodil's Day aqui na Irlanda, vale lembrar o que rege o Daffodil's Principle:

trabalhe como se não precisasse de dinheiro,
ame como se nunca nouvesse sido magoado,
dance como se ninguém estivesse olhando...
a felicidade é uma viagem, não um destino).

Então... Cáisc Shona Duit!