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Wednesday, January 10, 2018

Obediência antecipada

Obedience, by Ann Bakina
As runas são letras características, usadas para escrever nas línguas germânicas da Europa do Norte, principalmente na Escandinávia, ilhas Britânicas e Alemanha (regiões habitadas pelos povos germânicos) do século II. Com o avanço do cristianismo na Europa central a partir do século VI, as runas foram aos poucos sendo substituídas pelo alfabeto latino. As inscrições rúnicas mais antigas datam de cerca do ano de 150.


Aí tem o Heinrich Himmler, que foi um dos homens mais poderosos da Alemanha Nazista, e um dos principais responsáveis pelo Holocausto. Ele tinha um certo fascínio pelo simbolismo rúnico, tanto que as runas aparecem nas insígnias da Schutzstaffel, ou SS, a organização paramilitar liderada por Himmler, representada pelos símbolos rúnicos "ᛋᛋ". Diz a lenda que toda a idealização do extermínio em massa de judeus veio da SS, espontaneamente, sem que tivessem recebido ordens para fazê-lo. Eles acharam que seus superiores queriam algo parecido, e eles demonstraram que era possível!

Essa é a tal da "obediência antecipada"! No primeiro estágio, significa adaptação instintiva, sem reflexão sobre uma situação nova. Mais ou menos o que aconteceu com o povo Alemão em relação às atrocidades contra os Judeus: uns olharam com espanto, outros com curiosidade, mas a maioria aceitou sem questionar!

Dr. Stanley Milgram, um psicólogo social da universidade de Yale, ficou famoso por seu controverso experimento sobre obediência, conduzido nos anos 60, que demonstrou como pessoas comuns e sem traços violentos podiam ser capazes de atos atrozes. Sua maior inspiração era entender como pessoas apareentemente decentes e de bom caráter podiam ter colaborado com os horrores do holocausto. Milgram acreditava que qualquer pessoa, se submetida à pressão da autoridade, tem tendência de simplesmente obedecer. Recentemente assisti ao filme sobre o expimento, Experimenter: 40 voluntários emitindo choques de até 450 volts em desconhecidos, apenas porque foram gentilmente solicitado a faze-lo.

Eugène Ionesco, um dos maiores patafísicos e dramaturgos do teatro do absurdo, presenciou os amigos, aos poucos, se renderem aos absurdos nazistas. No início, diz ele, todos eram veementemente contra, mas aos poucos, mais e mais foram suavizando o discurso: "eu sou contra, mas que, no fundo, eles têm uma certa razão, ha, isso eles têm". Dessa sua experiência, Ionesco deu a luz à sua obra-prima, a peça Rinocerontes, de 1959 (que aliás eu tive o prazer de assistir no teatro TUCA, no final dos anos 90). Lançada também em livro, Rinocerontes é leitura prazerosa, garantida!

Apesar dessa mistura de assuntos, o recado ainda é um só: tenha um sólido sistema moral, siga seus princípios, questione as idéias feitas e as autoridades pela autoridade... Só isso já é um bom começo. Não de ano, mas de vida!

Sunday, November 05, 2017

estão jogando com você...

Deu na mídia semana passada (mídia real, de verdade... o bom e velho jornal) que o Facebook - que eu gosto de chamar de Livrocara - atingiu a marca de 2 bilhões de usuários por mês! É muita gente perdendo tempo nesse programinha, não?

Nada de errado com isso, alguém pode dizer... cada um perde seu tempo como quer! Afinal, a recém renovada "missão" do Livrocara é dar às pessoas o poder para construírem comunidades, e juntas tornarem o mundo mais próximo.

Quem engole tal balela?

A primeira pergunta, e bem básica, que vem à mente é Por quê? E para entendermos o Por quê da questão, devemos entender o Para quê e o Para quem!

Tuesday, February 12, 2013

Sopão


Lembro de minha mãe fazendo o sopão - sabe o que é o sopão, né? Ou você é como o Slobodan Matarazzo, que não sabe o que é pobre, nem o que é sopão - e mesmo assim não gosta de nenhum dos dois! Eu, particularmente, soltaria o seu Slobodan lá na Baixada Fluminense, ou no Capão Redondo, tardinha da noite, pra ele ter um pouco de contato com a realidade do país onde vive... Não quer saber de pobre? Vai morar na Suiça!

Bem, esnobismo e ignorância à parte, sopão é aquele resto de tudo, tudo junto, numas de economizar e aproveitar o que sobrou! Minha mãe - que Deus a tenha - juntava coisas do almoço, da janta, do almoço de novo e da janta de novo... e ficava bom "pra dedéu!"

E como o sopão que vai tudo, este post também vai um pouco de tudo: tem o papa que renunciou, alegando não ter mais forças... políticas para enfrentar a pressão no quesito da pedofilia dos padres - na Irlanda, particularmente, virou um escândalo tal que até o Taoiseach (primeiro ministro) Irlandês, Enda Kenny, atacou a igreja! E para aqueles que assistiram Deliver Us from Evil - excelente documentário sobre Oliver O'Grady, um padre católico irlandês que atuava nos Estados Unidos, que foi sistematicamente transferido de uma paróquias para outra durante a década de 1970, numa tentativa por parte da Igreja Católica para cobrir o estupro de dezenas de crianças - nada disso é novidade, já que o filme mostra o atual Papa, na época Arcebispo, encobrindo os crimes de estupros de O'Grady.

Surprise! Surprise!

E a carne de cavalo? Absurdo, não? Mas o problema nunca foi o cavalo em si, e sim a documentação do cavalo... é, passaporte, vacina, exame médico, etc, etc. De novo, coisas do capital... já que o cavalo "documentado", que é vendido para consumo humano em praticamente toda a Europa, custa em torno de €600, enquanto o "sem papel", vendido para virar ração de animais, custa menos de €100! E o nosso famoso bife à cavalo, como é que fica? Nada mais "politicamente incorreto", como diria o Macaco Simão - "o meu eu quero sem ovo, por favor!"

É isso o sopão... um monte de coisa na mesma panela! E eu, que só postei porque me cobraram e me fizeram acreditar que "alguém lá fora" lê o meu blog, para "engrossar o caldo" colocaria um pouco de proteína... talvez testículos de carneiro, se me permitem... temperados com sal e alecrim, fritos no azeite!

Wednesday, December 12, 2012

121212


... ou
O Poder Místico da Ignorância Humana
ou ainda
A Ética Desvirtuada e a Imbecilidade Capitalista

12/12/12, uma data como outra qualquer... ou pelo menos como foi 11/11/11, 10/10/10, 09/09/09, 08/08/08... etc, etc, etc, e nada, absolutamente nada de importante, ou meramente relevante, aconteceu. Alguém lembra?

MAS, como sempre tem um místico de plantão para associar os números, as datas, os eventos, eis que hoje pela manhã, no programa Morning Ireland, os caras tiveram a pachorra de despender longos 10 minutos (ou foram 15? Ou 5?) numa entrevista com 2 garotas que aniversariam hoje. Veja só que interessante: ambas fazem 12 anos hoje! E daí? Pois é, também me perguntei, mas a apresentadora nem ao menos deixou eu formular a pergunta, e já fez questão de ressaltar que ambas nasceram no dia 12 do mês 12 de 2000, portanto faziam 12 anos no dia 12 do mês 12 do ano 12.

Ah, mas não acabou por aí, não... além disso, elas estudam na mesma escola!!! E, pasmem agora, NA MESMA CLASSE!!!!! "Não é demais?"

Não, não é. Foi o que também pensei...

Se a RTE, a rádio que transmite o Morning Ireland, é bem conhecida por algo, esse algo são os âncoras mal-educados, grosseiros, pretensiosos e petulantes, que raramente deixam o entrevistado terminar seu ponto de vista, interrompendo as respostas com perguntas complementares, causando confusão não só para o entrevistado como para o ouvinte. E por terem seus microfones mais altos do que o dos entrevistados, não sobra chance para os entrevistados terminarem suas colocações, mesmo que insistam em continuar suas respostas por cima da interrupção. Uma coisa realmente horrível de se ouvir, tanto que chega a ser cômico - por isso mesmo eu ouço!

Chegam ao absurdo, estes âncoras, de cortar a entrevista em pontos cruciais para chamarem os comerciais? Ora, se o tempo é tão valiosos assim, como podem colocar 15, 10, ou mesmo 5 minutos dessa baboseira de 12/12/12 no ar?

Não duvide de nada, é o que sempre prego. Nem da estupidez humana, nem da ilógica do capital... tampouco do fim do mundo, já plenamente anunciado para 21/12/12... Percebeste os números? invertidos?!?

Sunday, July 15, 2012

Drogas não esfaqueiam pessoas...


Tem uma RAP que canta que "armas não matam pessoas, rappers matam." Acho meio drástico e localizado, embora atinja o objetivo. Eu, por outro lado, diria que armas não matam pessoas, mas pessoas matam. Nessa mesma linha, o que aconteceu semana passada no concerto aqui no Phoenix Park, poderíamos dizer que "drogas não esfaqueiam pessoas. Pessoas esfaqueiam." Ou como o Irish Independent colocou: Knackers esfaqueiam!

Knackers, para os desavisados, é um termo que o dicionário urbano descreve como uma "subespécie de adolescentes irlandeses". Ao pé da letra é o comerciante de animais velhos ou improdutivos, vivos ou mortos, inteiros ou em pedaços. Pejorativamente associado aos travellers, irlandeses viajantes que vivem em traillers, hoje em dia se refere a todo um espectro de degenerados, uma subclasse de gente, que ficam geralmente vagabundeando em frente a lojas de bebidas e/ou de conveniência, badernando o espaço público e puxando briga aleatoriamente.

Skanger é outro termo para essa raça. No Reino Unido são chamados de Chavs ou Pikeys, e na América de White Trash. Seja qual for o termo, todo mundo sabe quem eles são, mas ninguém cita a palavrinha proibida... "classe".

Em vez disso travam debates sérios sobre o abuso de álcool na sociedade irlandesa, ou a responsabilidade dos agentes de segurança. E novamente aquela idéia simplista de aumentar o preço do álcool para que os jovens não possam comprá-lo, ignorando o fato de que o álcool é muito mais barato na Europa continental, e lá não se vê esses ataques de comportamento anti-social.

É... o irlandês tem uma relação problemática com a bebida, e aqueles promovem eventos com álcool certamente têm a responsabilidade de considerar isso. Mas nada disso responde uma perguntinha crucial: por que alguém iria trazer uma faca para um concerto? Ou ainda, quem traria uma faca para um converto? Knackers trariam. Skangers trariam. Chavs trariam. Scumbags trariam.

O que aconteceu no Phoenix Park acontece quase todas as noites no centro das cidades irlandesas. Não é preciso ser muito esperto para identificar os prováveis ​​suspeitos - embora a polícia continue fingindo que o problema está fora da sua capacidade de ação, e que é tal "mistério" deveria ser desvendado por uma equipe de cientistas sociais... Balela! Não há mistério em esfaquear pessoas! Eles gostam de esfaquear pessoas, mesmo! Lhes dá mais barato que heroína! E é mais barato também! O problema é outro... MEDO é a palavra que não ousa dizer o seu nome!

A polícia teme essa subclasse de baixa escolaridade, que usufruem dos benefícios sociais do governo por tempo quase que permanente, que vivem à margem da criminalidade, que são desassimilados, e que são hostis para com a sociedade em geral. E nós, a sociedade em geral, continuamos pagando nossos impostos cada vez mais altos para manter esses criminosos vivendo nesse estilo de vida disfuncional e anti-social, nos ferindo e nos ameaçando! Não se pode impedir que pessoas sejam esfaqueadas até que se mostre que as conseqüências são tão graves e desagradáveis, que até knackers analfabetos entenderão que não vale a pena o risco!

Assim, a sociedade não demonizaria os knackers pelo que representam, mas pelo que fazem, se fazem, e quando fazem... como todo o resto. Afinal, pelo menos aqui na Irlanda, ser um vagabundo criminoso e desordeiro não é algo inevitável... é muito mais uma escolha.

Thursday, June 14, 2012

Um apelo ao tempo ou à humanidade?



Antes fosse só o tempo que nos afligisse. Deixou de ser! Ou melhor, agregaram-se a ele outras inquietudes, outras preocupações, outros afazeres, outras tantas coisas que acontecem enquanto estamos perdendo tempo com alguma coisa... A síndrome do tempo perdido, do acontecimento imediato, da informação disponível... chamem de FOMO, agorafobia, ou pura perda de tempo, a coisa é mais profunda do que parece.

Leia mais no Autopensante.

Tuesday, September 06, 2011


É, ando meio afastado de tudo, blog, rede social... menos dos amigos! É que tem tanta coisa acontecendo que o tempo para sentar e escrever algo interessante está escasso, mas eu estou voltando... como dizia o Chico:

Pode ir armando o coreto
E preparando aquele feijão preto
Eu tô voltando
Põe meia dúzia de Brahma pra gelar
Muda a roupa de cama
Eu tô voltando
Leva o chinelo pra sala de jantar
Que é lá mesmo que a mala eu vou largar
Quero te abraçar, pode se perfumar
Porque eu tô voltando
Dá uma geral, faz um bom defumador
Enche a casa de flor
Que eu tô voltando
Pega uma praia, aproveita, tá calor
Vai pegando uma cor
Que eu tô voltando
Faz um cabelo bonito pra eu notar
Que eu só quero mesmo é despentear
Quero te agarrar
Pode se preparar porque eu tô voltando
Põe pra tocar na vitrola aquele som
Estréia uma camisola
Eu tô voltando
Dá folga pra empregada
Manda a criançada pra casa da avó
Que eu to voltando
Diz que eu só volto amanhã se alguém chamar
Telefone não deixa nem tocar
Quero lá, lá, lá, ia, porque eu to voltando!

Monday, November 29, 2010

Dar o sangue

Mal cheguei e já dei o sangue! Isso é que é cabra esforçado!!! Sim, um esforço, de certa maneira... 12 horas de jejum alimentar, 48 horas de jejum sexual, 72 horas de jejum alcoólico... haja privação - e provação! E até digo que desta vez foi fácil. Da outra, a última minha, acabei ficando mais de 14 horas em jejum alimentar, o que impossibilitou os exames - índices de glicemia muito alterados. Quer dizer, há vezes em que fazer mais do que o necessário acaba sendo pior! E ainda assim foi fichinha... que dar o sangue mesmo, deu - e dá - o pessoal da polícia no Rio de Janeiro. Policial no Rio deveria receber insalubridade só por ter que vestir uma farda!

A nova Los Angeles brasileira está com tudo, dando a dose necessária de diversão e entretenimento ao povo, sedento de desgraça disfarçada de aventura. São perseguições cinematográficas, recheadas de comentários dramáticos e sensacionalistas, para despertar a atenção voyeurística da platéia passiva das TVs. E agora, quando parece que a ocupação do Alemão amenizou, os devoradores de cérebro reprisam os momentos de tensão... eles precisam da tensão! Alimentam a tensão! Quase que desejam que a tensão volte, para alimentar novamente o povo, num ciclo interminável de repulsa e desejo.

Ah...

Wednesday, April 14, 2010

goethiano

"Todo mundo quer ser alguém, mas ninguém quer crescer", já dizia Goethe. É... crescimento só vem com mudança, exposição... é preciso sair do comforto, da comodidade, para enxergarmos as coisas de um ângulo mais amplo. O processo de transição gera crescimento e desenvolvimento. Geralmente de maneira positiva, por mais negativa que a transição possa ser.

Mudanças não são fáceis ou confortáveis - alguém disse que seria? Começamos a mudar com a libertação da pessoa que pensamos ser. Isso acaba nos mostrando que ainda "somos" sem uma porção de coisas que costumamos pendurar na gente - uma grande descoberta!

Começo a me preparar para uma mudança... talvez não aquela mais radical que eu há tanto me demando, mas assim mesmo uma que estará me tirando do estado letárgico das rotinas do dia-a-dia.

É muito interessante, deste outro ângulo, poder perceber verdadeiramente as pessoas ao seu redor...

Tuesday, March 30, 2010

a droga da droga

O assassinato de Glauco Vilas-Boas despertou um debate na sociedade sobre o uso de drogas. De novo? É, de novo... parece que o assunto nunca se esgota, pois sempre terão mais e mais pessoas virando usuárias, e ao passarem para a categoria de consumidores, provavelmente sofrerão as consequências da utilização de um produto ilegal, sofrerão o desconforto de se sentirem à margem da lei, e eventualmente questionarão a legalidade da coisa. Nada de mais nisso. Se fosse legal e vendesse na farmácia, ora, fique à vontade para consumir o seu fuminho, assim como outros consumem o seu álcool... mas não é assim.

Glauco era membro da seita Santo Daime, cujo sacramento principal se baseia no consumo da ayahuasca (nome quíchua de origem inca, para a bebida produzida a partir da decocção de duas plantas nativas da floresta amazônica, e significa "cipó dos espíritos"), substância que eles classificam como enteógena, mas que os cientistas consideram alucinógena, classificada como uma droga classe A (Classe A são as que causam maior dano, e fazem parte ácido lisérgico, a heroína, cocaína e crack. A Classe B abrange drogas como as anfetaminas e a Classe C inclui a maconha).

Pois é, a ayahuasca chegou a ser proibida no país em 1985, sendo liberada dois anos depois, e ocorreu uma nova tentativa de proibição nos anos 1990. Atualmente não havia impedimento para o uso do chá em cerimônias religiosas, porém não existiam orientações para o seu uso em conformidade com o direito. Em janeiro de 2010 o governo brasileiro formalizou legalmente o uso religioso do chá ayahuasca.

 
Na mesma linha, usuários e simpatizantes da maconha querem fazer a sociedade acreditar que a erva não faz mal! Ao contrário do que se divulga por aí, estudos do Instituto Nacional de Consumo de Drogas afirmam que o uso contínuo da maconha provoca ou potencializa graves distúrbios psiquiatricos, como a esquizofrenia e a bipolaridade. Vira e mexe vem um louco - chapado mesmo - dizendo que o álcool e o tabaco causam mais danos à saúde do que algumas drogas ilegais como a maconha, o LSD e o ecstasy. Dizer que fumar maconha cria um risco “relativamente pequeno” de doença mental comparado aos riscos dos fumantes de contrair um câncer no pulmão é no mínimo irresponsável!

Digamos que o assassíno do Glauco tivesse fumado 10 maços de cigarro, e que estivesse nas últimas, quase para bater as botas devido a um câncer no pulmão - e outro na garganta, outro no esôfago, e na língua também! Será que ele alucinaria e, na sua loucura mataria alguém?

São os preços a serem pagos...

Tuesday, March 09, 2010

Dia d...


É, eu sei que ontem foi o chamado Dia das Mulheres e eu não disse nada a respeito... é que eu não acredito na reafirmação das minorias. A ideia da existência de um dia internacional da mulher reduz a mulher à categoria de minoria - moral e social. A comemoração é um incentivo socialista, proposto na virada do século XX, no contexto da Segunda Revolução Industrial, quando a mão-de-obra feminina começou a ser explorada em massa pela indústria, e logo vieram os protestos contra as condições de trabalho insalubres e os baixos salários. Isso foi num 8 de Março, no ano de 1857, em Nova Iorque. E comemorar esse dia só serve para incitar feministas radicais a tirarem seus sutiãs novamente - ora, não é mais preciso! Já confundiu-se muito as liberdades sexuais com libertinagem. E socialmente, em busca da igualdade do que é diferente - do que foi feito diferente - a mulher acabou se perdendo num limbo apático entre o prover e o cuidar - não sabe se provê a casa ou se cuida da casa.

Papéis sociais são a base fundamental da família, e precisam ser claramente definidos. Desde os tempos das cavernas já o eram assim: cabia ao homem o sustento do lar e a manutenção do respeito tanto interior como exterior à família. O espaço do homem é fundamentalmente externo - a selva, a caça, a defesa do seu lar. À mulher sempre coube o cuidado da casa e da família.

Sempre discuto estes papéis sou mal-compreendido... não defendo o jargão machista "lugar de mulher é em casa", apenas digo que a família exige papéis sociais definidos: Se o homem caça, a mulher cuida do acampamento. Se é a mulher que sai para caçar, o homem deve ficar e cuidar do acampamento. Ou que se intercalem os papéis, ora um caça e outro defende e vice-versa... o importante é que alguém cace enquanto o outro protege. Os dois saindo para a caça deixa o acampamento à merce de predadores... aí, camaradinha, as coisas começam a sair do controle, e é onde aparecem aqueles psicólogos sem noção de nada, falando um monte de merda de como você tem que cuidar do seus filhos, de como você tem que conversar com sua mulher, de como você deve se comportar no trabalho...

Se as coisas continuarem assim, o legado literário da humanidade será composto apenas de auto-ajuda!

Sunday, January 17, 2010

anti-resoluções


Antes tardo do que nunco: resoluções para o novo ano... Tem quem asche isso coisa ou de criança ou de velho, um hábito que se carrega no máximo até os 18 anos, ou só depois dos 70... mas não eu! Sempre achei que as resoluções de ano novo são uma oportunidade de "passar a régua" e deixar tudo (o que não deu certo) para trás. Que oportunidade!!!

E já que este ano não me contaminei lendo as resoluções dos outros, sinto-me mais íntegro para fazer as minhas, com uma pequena variação: este ano, farei anti-resoluções. É, soa melhor você determinar o que NÃO quer fazer.

A primeira anti-resolução é não deixar de ler. Seja jornal, revista, gibi... ler! De preferência livros, mas isso pode ser conquistado aos poucos. E como os livros de hoje em dia parecem estar cada vez mais grossos e cada vez mais chatos, passar longe de livros escritos nos últimos vinte anos - salvo poucas excessões - e reler os clássicos. Não me arrependerei, tenho certeza!

Outra - não publicar livro - blogue. Salvarei muitas árvores, e provavelmente serei mais lido, já que tudo que cai na redinha parece ter uma aura de sagrado. E se alguém me chamar pra participar de alguma coletânea, tentar (ao menos tentar) resistir e dizer não! Os amigos agradecerão, pois não terei que recorre a eles para vender a minha cota!

Na música, não se comprometer - e não ter preguiça de ligar todos os equipamentos a toda hora. Inspirou, componha, ou anote, escreva, cantarole, grave a idéia para mais tarde... e não se acanhe de queimar um CD... não é anti-ecológico!

No campo da saúde, não exagerar. Não exagerar na osciosidade (criativa, é claro!) tampouco na atividade; não exagerar nas bebidas tampouco na abstinência; não exagerar na alimentação tampouco na dieta... simples, não?

No mais, manter-se em contínuo processo de aprendizagem e compartilhar as poucas e humildes experiências de vida na luta incansável contra a plastificação estética - estamos aqui para servi-lo, em que posso ser útil? Sorria, você está sendo filmado. Esta conversa pode ser gravada para fins de treinamento...

E embora eu ainda ache estranho, não reclamar de vir sendo agraciado já há tanto tempo...

Friday, January 15, 2010

Os Simpsons


A Fox festejou o aniversário de 20 anos dOs Simpsons com um concurso de cartazes. Os fãs da típica e disfuncional família norte-americana enviaram ilustrações sobre a família da vida cotidiana moderna. O vencedor do concurso ganha uma viagem para Los Angeles além do direito de incluir uma personagem no seriado.

A Fox comemorou o evento levando ao ar o episódio de número 450 domingo passado, em horário nobre, lá na terrinha natal deles... Por aqui, as coisas demoram um pouco mais

Thursday, December 31, 2009

Sucesso!


Novo ano, novas metas, novas esperanças, novas idéias, novos ideais... novos fracassos, até! O que você quer de você neste novo ano? Saúde? Felicidade? Prosperidade? Afinal, o que significa tudo isso?

Pedir saúde talvez seja o maior desafio ao divino... do jeito que o povo fuma, bebe, come mal, dirige loucamente... não dá! Nesse quesito, camarada, melhor cada um por sí do que esperar a mãozinha do todo-poderoso!

Felicidade, segundo Aristóteles, é o bem maior a que todos almejamos. Tomás de Aquino complementou, dizendo que alcançamos a felicidade mesmo ao praticarmos o mal. De Hitler a madre Teresa, de Bush a Lula, de Bin Laden a Gandi, todos buscam, em tudo o que fazem, a própria felicidade. Isso é claro não institucionaliza o vale-tudo, moralmente falando.

Prosperidade então, todos querem, e para isso não apenas pedem ao divino, mas jogam na mega-sena acumulada de ano-novo! Até eu, que sou mais cético fiz uma "fézinha"! Mas de prosperidade mesmo, do estado do que é ou se torna próspero, pouco se pensa a respeito que não seja abundância, fartura, fortuna, riqueza, acúmulo de bens materiais... mas eu quero mais!

Eu quero luxo! Muito luxo... o luxo é único, e o único cativa cada vez mais numa sociedade em ascensão, afinal, o que determina o conceito do luxo é a escassez. E eu quero muito do escasso... muita SIMPLICIDADE, muita HUMILDADE e SOLIDARIEDADE, este, o sentimento mais nobre do homem, junto com a COMPAIXÃO, que eu também quero em grandes quantidades...

Saúde, como disse a Rita Lee nos anos 80, eu vou atrás. Dinheiro, ainda não preciso pedir para os outros, nem mesmo pra deus, e a prosperidade, pretendo colher da minha luxúria...

Feliz vinte-dez pra todos!!!

Thursday, December 24, 2009

É Hoje...


É amanhã, na verdade, mas começa hoje... a festança! Bebida pra cá e pra lá, comida pra lá e pra cá, "boas festas" acompanhado de um tapinha nas costas, mas poucos realmente falam da boca pra dentro. Aliás, a arte (?) de falar da boca pra fora é algo muito comum entre o bicho-homem - começando pela casta dirigente, que, reis da artimanha e da ardileza, transformam-se em paradigmas - causa e conseqüência do malogro da patuléia.

Mas se são de solidariedade os tempos, de compaixão e amor ao próximo, por que não damos justamente aquilo que pregamos? Por que ainda viramos as costas a um pedinte, pra depois sentirmos pena? Se não adianta dar esmolas, esmolar também não vai fazê-lo menos miserável, ele mesmo sabe disso, mas pode salvar o dia - seja para um prato de comida, seja para um trago de pinga... alguém aí vai julgar?!? Porque o que incomoda é a presença... ah, se pudéssemos simplesmente eliminá-los! Sim, a eliminação é possível, e de maneira humana! Sua arma, camarada, é a consciência - igualmente toda força e toda fraqueza do homem.

Por isso, enquanto estiver se empaturrando de perú e cerveja, não precisa pensar que tem gente remexendo o lixo e morrendo de fome não... seria muito hipócrita, e de hipocrisia a humanidade já está cheia. Quando estiver desejando boas festas, saúde e paz, prosperidade e harmonia, não precisa nem se esforçar em realmente desejar isso - eu sei, é difícil...

A fórmula é simples:
  1. Faça a sua parte
    a consciência é uma entidade individual. Opere-a por si mesmo
  2. Preste atenção no que faz
    um hábito ruim, embora sempre tenha sido feito, não está lá desde o início dos tempos, e pode ser mudado
  3. Pense bem
    a grande vantagem do ser-humano é sua capacidade de pensar, só que como tudo, requer treino... então TREINE MUITO, e fuja das coisas que não querem que você treine
  4. Espelhe-se
    se não quer pra você, não deseje para o outro
Fora isso, o resto você já sabe: feliz natal, próspero ano novo, muita paz, muita saúde, pra você e pra sua família, que o novo ano seja repleto de paz, amor e harmonia, que nossos políticos sejam mais honestos, que o lula tire o diploma do primeiro grau, que o obama plante grana aqui no quintal, que a educação se instaure magicamente no povo brasileiro, que a tv seja extingüida num futuro muito próximo, etc etc etc...

Tuesday, December 22, 2009

Inverno


Ontem foi o Solstício de Dezembro, o dia mais curto do ano lá nas Terras de Cima. Mais curto e provavelmente o mais frio... frio, que palavra boa! Claro que eu não gosto do frio frio, mas não gosto muito mais do calor calor. Este calor calor calor que está fazendo aqui, é de fritar. Ontem fui de trem e metrô, e te digo camaradinha... ninguém merece! Não a condução - vou de ônibus, trem, metro ou andando, numa boa... numa boa mesmo - mas o calor calor calor calor dentro da condução... não tem ventilador ou janela aberta que resolva! E isso te frita os miolos, quase que literalmente...

E frita mesmo: neguinho fica irado, nervoso, e acaba empurrando, não pede licença nem por favor, obrigado então, não existe no vocabulário limitado do dia-a-dia, onde a carranca faz as vezes, numa linguagem corporal inconfundível.

Ah, se desse pra trazer aquele friozinho pra cá...

Thursday, December 10, 2009

violência... leva pra casa!


As imagens do fim-de-semana do futebol no Brasil foram dantescas... um grande espetáculo do que infelizmente é o futebol: evento supostamente esportivo que reúne pessoas sem o grau de educação e civilidade necessário para serem chamados de gente.

Já está mais do que na hora de acabar com esta palhaçada: nem o esporte é mais o mesmo, onde o amor à camisa deu lugar à paixão pelos euros, e boa parte do público só está interessado em baderna e violência - bandidagem pura!

Se acabar de vez com o esporte não é possível - embora soe bem sensato - poderiam sim passar a fazer os jogos em lugares fechados, com a presença da imprensa, e transmitir a peleja pela TV, assim os bandidos podem ficar em suas próprias casas, e se por acaso sentirem-se injustiçados e com vontade de extrapolar seus sentimentos, podem matar o próprio filho de porrada.

Thursday, November 05, 2009

Ladrões de Bicicleta


Tem um filme que me lembro bem, e que já assisti várias vezes... "Ladri di Biciclette" (Ladrões de Bicicleta) de Vittorio de Sica, o poeta do neorrealismo italiano, movimento artístico dos meados do século XX com ideologia marcada na esquerda marxista e que influenciou a literatura, a pintura e a música, mas teve no cinema o seu expoente máximo. E particularmente no cinema italiano.

Ladrões de Bicicleta faz uma relação entre o mercado negro - representado pelo mercado de bicicletas - e o desespero humano; até onde uma pessoa pode chegar, a degradação humana pela necessidade, em busca do banal, que no desespero não é banal, e sim vital, a exploração do ser-humano pelo próprio ser-humano; tudo com o toque sentimental inconfundível de De Sica.

Ladrões de Bicicleta mostra a triste realidade de uma época... mas ainda mais triste é a realidade real! É que nesta semana dois amigos tiveram suas bicicletas roubadas - um na porta de casa ("pô, mas eu moro numa rua sem saída!", reclamou indignado), e e a outra na estação de trem (nas estações existem umas vagas onde o pessoal pode parar - e trancar com corrente e cadeado - suas bicicletas).

Esta última nos ligou pedindo se poderíamos emprestar uma das nossas bicicletas, (temos 3) pois a usa para trabalhar. "Sem problemas", falei, e desci até a garagem do prédio onde tenho as bicicletas acorrentadas naquele mesmo tipo de vagas existentes nas estações de trem. E qual não foi a minha surprêsa! Haviam levado as 3 bicicletas! Cortaram os cabos de aço - que eu julgava serem "inquebráveis" e levaram as bicicletas... as três!!! Será que vivemos novamente aqueles tempos desesperados que De Sica retratou? Menos românticos, talvez...

Como consolo, deixaram os cadeados... super-resistentes!

Tuesday, September 08, 2009

Tempo de mudança 2

Estive afastado a semana toda! São as mudanças... e suas várias fases. Depois da mudança física, vem a psicológica - sempre necessária nessas coisas de arrumar a mala de ser. Difícil é começar, até mesmo com toda a boa vontade do mundo - deste e de outros!

O primeiro passo ainda é no campo da mudança física, dar uma cara ao lugar tal qual a sua. Seja pintando a parede, instalando uma estante nova, pendurando um quadro, adicionando uma almofada ou simplesmente reposicionando os móveis. Tudo isso antes mesmo de entrar! Então você soca tudo dentro do novo lugar, e é aí que vem o mais trabalhoso: deixar de viver em caixas: arrumar um lugar para cada coisa, e no caso de mudar para um lugar menor - deliberadamente o nosso caso - se desfazer das coisas que não encontraram o seu lugar.

Agora sim: quebrado os laços emocionais destes relacionamentos com seus objetos - e te digo, eles são fortes mesmo! - é tempo de se adaptar à sua nova vida (quase, e sempre ao rumo de ser) espartana. E espartano aqui, não é aquele cidadão de Esparta, cidade-estado da Grécia Antiga, tendo figura exemplar em Aristodemo, um dos 300 espartanos enviados para a famosa Batalha de Termópilas, que opôs os defensores da Grécia aos persas invasores, em meados de 480 a.C., mas sim aquele cidadão simples que pode viver sem excessos nem luxúria.

E acredite, a simplicidade não é fácil!

Friday, August 28, 2009

Tempo de mudança

Assim como temos o tempo de amar e o tempo de odiar, o tempo de rir e o de chorar, o de fugir e o de enfrentar, de receber e de dar, o tempo de viver e o tempo de morrer, o tempo de vingar e o de ser vingado, o de caçar e o de ser caçado, de perdoar e de ser perdoado, o tempo de plantar e o tempo de colher o que foi plantado, o tempo de espalhar pedras e o de juntar pedras espalhadas, o de edificar e o de derrubar, de falar e de calar, temos o tempo de ficar e o de mudar... Hoje é tempo de mudar... De casa!

E mudar é uma coisa que a gente termina nunca - ainda bem! Incrível... mudança de hábito então, pelamordedeus! Andar pelo menos 45 minutos por dia, não comer carbo-hidratos à noite, comer mais fibras pela manhã, ficar longe da TV o maior tempo possível, mesmo que ela tente lhe pegar com algum "programa educativo" - cê sabe né, um programinha leva ao outro, e de repente você percebe que já são 2 da manhã e você perdeu 5 horas em frente a esta hiponotizante caixinha de alienação de pensamentos...

Mas como mudanças são sempre bem-vindas, mesmo que a princípio não gostemos delas, vou curtir muuuito esta: estaremos mais próximos do centro, pertíssimo da estação de trem, perto de todas as amenidades do dia-a-dia (inclusive um "local café" com jazz às sextas-feiras!

E já que hoje é sexta-feira... pro fim-de-semana, farei um grande esforço para 1) assistir ao menos um filme na telona e 2) ver alguma música ao vivo, que estou carente... ah, e tem o "'bora cumê lá em casa?" - a versão "tupiniquirish" do Come Dine With Me do Channel4.

Fui!