Ontem meu chefe me perguntou se eu conhecia um cara chamado Yonlu. Brasileiro, músico - aparentemente jazz e bossa-nova - que haveria se matado aos 17 anos. Ele ouvira uma canção na rádio e gostara da música. Intrigado, disse a ele que tentaria descobrir... e cá está:
Além de música, Yonlu, apelido de Vinícius Gageiro Marques, também se interessava por poesia, desenho e fotografia. Ele sofria de depressão e estava sob internação domiciliar havia dois meses. O suicídio, explicado em uma carta deixada aos pais, foi compartilhado ao vivo com um grupo de internautas - assunto que gerou uma longa matéria sobre sites que incentivam suicídios na edição da revista Época, em fevereiro de 2008 [link]. Suspeitou-se este grupo não só o haviam incentivado mas também lhe deram conselhos sobre o método: intoxicação por monóxido de carbono.
Em 2008 o selo goiano Allegro lançou um CD com uma seleção de 23 canções de Yonlu. O disco chegou nas mãos da gravadora Luaka Bop (do David Byrne), conhecida por suas coletâneas de música brasileira (em seu catálogo estão Tom Zé, Nouvelle Vague e Susana Baca). Os caras dizem ter gostado do material antes de ouvir a história, mas só lançaram o disco depois de ouvir a história.
A versão americana é diferente da brasileira, com algumas faixas inéditas e uma abordagem mais conceitual, mas a pergunta que não quer calar é: será que o selo teria lançado um álbum com as demos de um compositor desconhecido, de 16 anos, se tivesse ouvido o material antes da sua morte?
Especulações como estas trouxeram à tona o caráter oportunista do sensacionalismo, e em defesa disseram que o fato de que ele não estar vivo tornava mais difícil a tarefa de fazer as pessoas ouvirem o disc, ou que seria mais fácil se ele pudesse dar entrevistas e tocar para as pessoas, e ainda que o fato dele não estar vivo era particularmente triste, por ele não poder presenciar o que sua música está provocando nas pessoas, e que teria sido incrível poder fazer um próximo álbum, se ele já soava assim aos 16, imagine mais velho?. E por aí vai.
No outro lado da moeda reza que se não ouvesse o suicídio, o garoto poderia não passar de mais um potencial talento anônimo, como tantos, ou se chegasse a gravar, a gravadora teria que discutir termos com ele, o autor, o que por vezes é um fator impeditivo. Um possível segundo álbum poderia não decolar, ou o amadurecimento do artista poderia estragar sua música, e etc, etc, etc.
Mas o álbum está aí, se chama "A Society in Which No Tear Is Shed Is Inconceivably Mediocre", e pode ser comprado aqui, ou baixado (g-r-á-t-i-s) aqui - talvez precise de inscrição...
Além de música, Yonlu, apelido de Vinícius Gageiro Marques, também se interessava por poesia, desenho e fotografia. Ele sofria de depressão e estava sob internação domiciliar havia dois meses. O suicídio, explicado em uma carta deixada aos pais, foi compartilhado ao vivo com um grupo de internautas - assunto que gerou uma longa matéria sobre sites que incentivam suicídios na edição da revista Época, em fevereiro de 2008 [link]. Suspeitou-se este grupo não só o haviam incentivado mas também lhe deram conselhos sobre o método: intoxicação por monóxido de carbono.
Em 2008 o selo goiano Allegro lançou um CD com uma seleção de 23 canções de Yonlu. O disco chegou nas mãos da gravadora Luaka Bop (do David Byrne), conhecida por suas coletâneas de música brasileira (em seu catálogo estão Tom Zé, Nouvelle Vague e Susana Baca). Os caras dizem ter gostado do material antes de ouvir a história, mas só lançaram o disco depois de ouvir a história.
A versão americana é diferente da brasileira, com algumas faixas inéditas e uma abordagem mais conceitual, mas a pergunta que não quer calar é: será que o selo teria lançado um álbum com as demos de um compositor desconhecido, de 16 anos, se tivesse ouvido o material antes da sua morte?
Especulações como estas trouxeram à tona o caráter oportunista do sensacionalismo, e em defesa disseram que o fato de que ele não estar vivo tornava mais difícil a tarefa de fazer as pessoas ouvirem o disc, ou que seria mais fácil se ele pudesse dar entrevistas e tocar para as pessoas, e ainda que o fato dele não estar vivo era particularmente triste, por ele não poder presenciar o que sua música está provocando nas pessoas, e que teria sido incrível poder fazer um próximo álbum, se ele já soava assim aos 16, imagine mais velho?. E por aí vai.
No outro lado da moeda reza que se não ouvesse o suicídio, o garoto poderia não passar de mais um potencial talento anônimo, como tantos, ou se chegasse a gravar, a gravadora teria que discutir termos com ele, o autor, o que por vezes é um fator impeditivo. Um possível segundo álbum poderia não decolar, ou o amadurecimento do artista poderia estragar sua música, e etc, etc, etc.
Mas o álbum está aí, se chama "A Society in Which No Tear Is Shed Is Inconceivably Mediocre", e pode ser comprado aqui, ou baixado (g-r-á-t-i-s) aqui - talvez precise de inscrição...
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