Monday, June 01, 2009

Cadê o meu cachê!

Aquele pesadelo orweliano de "1984" já é mais que realidade. No livro "1984" de George Orwel, o controle e a opressão ao indivíduo é praticada pelo Estado. Hoje em dia, é praticada por indivíduos. O Big Brother exercia controle sobre os cidadãos rastreando-os com câmeras e telas. Isso acontece agora com cada vez mais frequência, mas na vida real não é obra de um tirano autoritário, mas os "Little Brothers" - "Sorria, você está sendo filmado"!

Jerome Dobson, presidente da Sociedade Geográfica Americana, criou o termo "geoescravidão" para dizer que o controle sobre a vida de indivíduos está acontecendo "no varejo", e não mais "no atacado" - provavelmente devido ao barateamento dos GPS (lembra?). Qualquer um disposto a pagar alguns dinheiros por mês pode rastrear uma pessoa 24 horas por dia. Isso certamente trará profundas mudanças sociais - nas relações entre pais e filhos, maridos e esposas, patrões e empregados... mas lá vamos nós, novamente, culpar a tecnologia pela nossa incapacidade de identificar limites!

Há um caso para ilustrar isso: Martha Stewart, apresentadora de TV que cometeu irregularidades em negociações de sua empresa e foi colocada sob prisão domiciliar. Como? Ela tinha de usar uma tornozeleira eletrônica com rastreador. O juíz determinou a "pena de encarceramento" - como se fosse uma cela - o uso de um rastreador. Pode não ser uma "prisão", mas tampouco é liberdade.

Creio que foi em "Trust" que Francis Fukuyama defendeu a ideia de que Orwel disseminou um medo errado em "1984", defendendo que a tecnologia da informação, juntamente com a internet e os celulares, trouxe liberdade para os indivíduos, não opressão. Polêmico, Fukuyama acredita que a humanidade - ou a América - precisa de um antídoto para o que ele chama de "crescente cultura de formas extremas de individualismo", que segundo ele pode trazer "conseqüências terríveis" para a saúde econômica das nações...

O grande problema é que essa forma de vigilância é muito mais aceita do que a anterior - vide George Bush e sua política de cercear liberdades individuais em pról da segurança coletiva. É a maior ameaça já experimentada pelos humanos às suas liberdades individuais. Pessoas honestas em atividades honestas sendo observadas e controladas.

O maior problema, ao meu ver, é a complacência voluntária à falta de liberdade e de individualiudade. É o sentido derivado-expandido - e inverso - dessa vigilância. Muito além das comunidades virtuais (Orkuts, Facebooks, LinkedIn, etc), há os "tweets", verdadeiros alimentadores de bisbilhoteiros, auto-denominadas "redes sociais" estilo microblog, que permitem usuários enviarem atualizações pessoais e lerem a dos de outros, através da própria Web ou por SMS. Pessoas chegam ao absurdo de atualizarem seus tweets a cada minuto...

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