Thursday, December 26, 2013

Nos velhos tempos...


Entre os vários rituais pagãos que acabaram fazendo parte do Natal, um deles, queimar o tronco de Yule (do nórdico antigo Jōl, hoje em inglês moderno, sinônimo de natal, época natalina), simbolizava a continuidade da sorte ao longo do ano. Os druídas costumavam mantê-lo aceso por 12 dias durante o solstício de inverno (por volta de 22 de Dezembro), e parte do tronco era guardado para a chama inicial que iria acender o tronco do ano seguinte. Os vikings esculpiam runas (inscrições antigas) nas toras e pediam aos deuses para afastarem o indesejado; geralmente a má sorte e a desonra, grandes valores da época.

Ninguém crê muito na sorte hoje em dia. E honra, nesta floresta de pedra da modernidade, muita gente nem sabe o que é, ou distorceu o sentido... e aquele princípio de conduta pessoal fundamentado na ética, honestidade, dignindade e coragem, entre outros, hoje são considerados virtuosidades! Aquele conjunto de normas, princípios e padrões sociais, amplamente aceitos e mantidos por indivíduos, para o bem de uma sociedade, que se bem me lembro dos valores que mamãe e papai me ensinaram, a honra já estava lá... mas parece que não mais.


Mizaru Kikazaru Iwazaru

Os Três Macacos Sábios é uma lenda japonesa. Eles são uma máxima pictórica que encarna o princípio proverbial "não veja nenhum mal, não ouça nenhum mal, não fale mal", mas no mundo ocidental, a frase é muitas vezes erroneamente usada para se referir àqueles que dão as costas para problemas.

Se uma coisa só fizéssemos, que fosse o que representam os três macacos sábios, aqui muito melhor representados...

Saturday, December 21, 2013

Outro tesouro

Já disse nesse espaço que tempo era um luxo - e ainda é! Eu, exemplo vivo, que o diga! Blogar, escrever, tocar... atividades que tanto gosto, estão ficando cada vez mais esparsas...

Mas há um outro tesouro, uma outra riqueza, que sempre que acho que tenho a graça de possuir, percebo que algo me falta, pois assim que alguém diz "eu tenho", já é o sinal de sua falta.

Humildade!

Entre tantos tesouros - saúde, tempo, bom-senso, sabedoria, sensibilidade - talvez a humildade seja o mais valioso de todos, e consequentemente o mais difícil de obter-se, devido ao intríseco poder de repulsão que ela possui.

Incrível o poder inverso que a humildade exerce nas pessoas: quanto mais humilde alguém se mostra, se apresenta, mais falta humildade no outro, próximo ou distante. É como se a humildade, não humilde ela mesma, não suportasse a convivência com outra de sua própria espécie, e travam então uma batalha de nervos, onde apenas uma delas acaba vencendo e botando a outra pra correr!

E se você for o azarado da humildade derrotada, só lhe restará rezar, camaradinha, para que um resquício qualquer de bom-senso o desperte da arrogância alucinada na qual você provavelmente estará atolado, a discursar absurdos cheio de propriedades, e com um pouco de sorte, você se retrairá a tempo de salvar um pouco de dignidade...

Rara e cara, desejada e difícil de se obter, e mesmo quando está disponível, acaba-se não tendo! E se de algo me falto, também me alimento, que a pele é a melhor escola - tudo que se sente na pele, sente-se mais; tudo o que se aprende pela pele, nos marca mais!

Wednesday, September 25, 2013

Arthur's Day



Amanhã é Arthur's Day, supostamente para comemorar o aniversário da Guinness. Foi organizado pela primeira vez por Diageo (multinacional de bebidas alcoólicas com sede em Londres) em 2009, e consiste numa série de eventos de música, onde vários artistas - alguns bem famosos - se apresentam em lugares não previamente determinados, ou seja, você pode estar lá tomando uma Guinness no seu pub local e de repente o Bono Vox grita um "Good Night all, we are the U2" e começa a tocar Beautiful Day!

Tudo muito bem, lindo e maravilhoso, não fosse um bando de artistas levantando algumas bolas sobre o assunto, sob a bandeira Anti-Arthur's Day. Por exemplo, acusam a Diageo de estar interessada apenas nas vendas (que novidade!) e não no aspecto cultural do evento, aspecto asliás bem negativo, pois apenas instiga mais um dia de bebedeira, e explora o estereótipo do irlandês beberrão apelando para um símbolo nacional - a cerveja Guinness! "Um St. Patrick Day é o bastante no ano", clamam!

Eu até vejo o ponto deles, mas para defender esta idéia - de banir o Arthur's Day para evitar a bebedeira - teria também que apoiar a idéia de que não se pode vender alcohol barato, e que ~uma cerveja no mercado custe no mínimo €1, e o vinho €5. Ora, se a bebida é barata para ser vendida abaixo deste preço, para que cobtrar mais? Por que não EDUCAR o povo para beber moderadamente? É cultural, tem que mudar!

Boicotar o Arthur's Day porque a Diageo é uma multinacional gananciosa, apoiado! Boicotar para que não haja so conhecidos espetáculos dos beberrões e beberronas pelas ruas da cidade, negativo! Gaste seu dinheiro em campanhas anti-bebidas, proibam propagandas de bebidas na mídia, enfrentem o poderoso e irresponsável lobby do alcohol que não tem interesse nenhum na cura, mas sim na doença. E finalmente, mudem o nome do festival para The Music Day!

E viva a música no Music Day!

Thursday, September 19, 2013

Do que realmente importa...

... da totalidade das coisas e dos seres, do total das coisas e dos seres, do que é objeto de todo o discurso, da totalidade das coisas concretas ou abstratas, sem faltar nenhuma, de todos os atributos e qualidades, de todas as pessoas, de todo mundo, do que é importante, do que é essencial, do que realmente conta...
É assim que eu descrevo a TUDA, minha revista eletrônica de poesia, literatura e arte. Mas não é de TUDA de que quero falar... mas do que realmente importa.

Há quem diga que o que importa é o tempo - ah, nada como um bom verão, sol, praia, etc... outros dizem que é a comidinha, os amigos, a família... mas para mim, o que não tem preço mesmo, é você chegar do almoço e encontrar um email como este, distribuído para a empresa toda:

Subject: Money Found

Fellow Burlington Road Residents,

A sum of money was found yesterday afternoon (Wedday, September 18) in the stairwell. If you believe it is yours, please contact Joe Sargent on extension 21224.

Kind Regards,
Michael Kindle
Ô saudades do Brasil...

Wednesday, September 11, 2013

Se eu quisesse falar, eu diria...

... diria que o Cork Jazz Festival que vai acontecer em Outubro aqui na Irlanda - em Cork, é claro - tem muita coisa boa, mas que não classificaria de jazz... pouco importa, eu vou! Vou para o genial Bugge Wesseltoft, que se ficar só no piano confesso que vai me fazer pescar. Vou para o veteraníssimo Billy Cobham, e para não passar o domingo em negro, vou de dobradinha Mingus Big Band / Snarky Puppy. Vamos ver no que dá...

... diria que o os ataques químicos na Síria são repulsivos, e que isto sim justificaria uma intervenção da ONU no país, no combate de crimes contra a humanidade... só que ninguém percebe (será?) que a merda toda está fedendo porque os EUA se acham os moderadores do mundo, e decidiram que a Síria precisa ser democrática, então para derrubar o regime em vigor, decidiram ajudar um bando de guerrilheiros mercenários na missão, e molharam a mão dos caras com armas, e agora que a bandidagem conseguiu o que queria, querem mais que a tal da democracia se foda, e partiram para o que interessa a eles, matança em massa. E qualquer semelhança com a ajuda à Al-Qaeda no combate com os russos nos anos 80, ou a invasão do Iraque para preensão de supostas armas químicas, a intervenção no Egito, na Líbia... pura coincidências!

... diria também que o Brasil, nessa inflação reprimida, vai longe... bem longe do caminho do desenvolvimento sustentado! E cada vez mais longe da consciência do povo - ou é a consciência do povo que anda se afastando... já que aprendeu a comprar à prazo mas ainda não sabe usar a caderneta!

Aff...

Saturday, August 31, 2013

Do Digital, do Analógico e do Envelhecimento

Será que ainda há essa discussão? Provavelmente não: já ficou bem claro que a "qualidade sentimental" dos analógicos é muito mais profunda e tocante. Ao menos tratando-se de música!

E não é que eu queira (re)tomar esta discussão, não. É só que, na minha corriqueira manhã de sábado, lendo os jornais, ouvindo música, etc, dei-me a ouvir ao Trespass, o segundo álbum de estúdio do Genesis, gravado e lançado em 1970. Este foi o único álbum do Gênesis com o baterista John Mayhew, o último com o guitarrista Anthony Phillips, e o primeiro com Phil Collins.

Enfim, ouvindo ao Trespass, no meu "antiguíssimo" (em 2004 era super-moderno e potente) Sony Vaio Portable Music Player de 40GB de HD, ao começar a primeira músic, Looking for Someone, confesso que senti falta do "crack" que costumava ouvir quando tocava o velho Long-Play na velha vitrola:
"(crack) Looking for someo(crack)ne, (... crack... crack...)
I guess I'm do(crack)ing that... (crack)"
Esclarecendo duas coisinhas: primeiro, não, eu não prefiro ouvir o "crack" no meio da música, mesmo que só no comecinho... é só o "charme" do vinyl, entende?!? Segundo, o Sony Vaio Portable Music Player que tenho não é o meu player diário, não! É só uma fase "revival" que estou passando. Eu, como todos os "normais" (!!!), ouço música no celular...

Ok, ok... é mentira! Na verdade só uso o celular de vez em quando. Eu ainda tenho CDs, mais de 1000, por incrível que pareça - e nem vou falar dos LPs... mais de 200! Agora, no Youtube não!!!

Incrível o processo de envelhecimento e seu poder de fazer você se decepcionar com as pessoas, não? Eu atribuo isso não ao que pejorativamente chamam de enrabujecimento do indivíduo, o que acaba sendo cômodo e apropriado - velho rabujento! Eu atribuo, sim, à noção do tempo. E se você tiver sorte, essa noção não será sobre um tempo perdido, mas sim de um tempo que ainda está por vir, e fatalmente, sobre o tempo que não virá! Isso, inevitavelmente, te leva a desconsiderar coisas não tão importantes. Naturalmente, e cada vez mais.

Cada vez entendo mais minha mãe e seus discos de 78 rotações... que Deus a tenha!

Saturday, June 22, 2013

Um Grande Carnaval...

... ou O Solstício de Verão!


Pois bem, se o primeiro dia oficial do verão no Hemisfério de cima não me fizesse blogar de novo, o que faria? As manifestações no Brasil, que mais parecem um carnaval antecipado, no sentido do oba-oba? Nãããooo!! As manifestações dos brasileiros aqui em Dublin, que tiveram o trabalho de pintar uma faixa com os dizeres "desculpem-nos o transtorno, mas estamos lutando por um país melhor!"? Nãããooooo!!!

Afinal, sobre o quê mesmo estão protestando?

Bonitinho os brasileiros aqui em Dublin, né? Mas acho que a faixa deveria dizer "Desculpem-nos pela inconveniência de fazer esta bagunça em suas ruas, devido a um problema histórico que não só nosso governo, mas todo nosso povo tem, de corrupção! Somos todos corruptos, desde os políticos que mal administram o país, estados e cidades, até o nosso famoso "jeitinho brasileiro" que nada mais é do que outro tipo de corrupção. Desculpem-nos por ousarmos trazer problemas lá do nosso país até aqui, em suas ruas, para que todos vocês, que nada têm a ver com isso, possam ver e, quem sabe, sentir pena da gente... pois é só isso mesmo que vamos conseguir, a compaixão dos países desenvolvidos, educados, que não conseguem ao menos conceber como alguém pode morrer de fome, ou ser morto por causa de um celular!

Palhaçada à parte, quem são os responsáveis pela violência afinal? Fácil: a polícia! Ou porque bateu em arruaceiro, ou porque não bateu em arruaceiro e eles quebraram tudo que encontraram pela frente! Mas e as tais "lideranças" dos manifestantes? Por que será que é tão difícil identificá-las? Porque defendem seu próprio interesse, sua própria agenda, que é a agenda da baderna, da arruaça, da instabilidade - do contra. Não há interesse em melhorar nada nessa gente, instigadores da desordem. Irresponsáveis, sabem muito bem que manifestações de massa como estas, inevitavelmente trazem consequências como estas - vandalismo, saque, violência gratuita! Tem muita gente que já nem sabe mais o que está fazendo nas ruas, mas continua lá, lutando por...

Queimaram a bandeira americana... para quê, exatamente? Qual a relação com as tarifas dos ônibus, ou com o dinheiro público gasto nos preparativos da Copa do Mundo, ou com a corrupção dos nossos políticos? Exatamente? Ou com qualquer outra coisa!!! Quer atacar os americanos? Não coma MacDonald nem tome Coca-Cola!

É assim que se protesta, com a cabeça! Quer ser realmente efetivo? Ataque os poderosos. Onde está o poder? Ao lado do dinheiro! Como ofender aos endinheirados? Boicotando! Tudo o que foi gasto nessa Copa tem um único objetivo: fazer dinheiro! Passagens de avião, passagens do transporte público para os estádios, estacionamento, ingressos para os jogos, bebidas e guloseimas nos estádios e imediações, santinhos, lembrancinhas, cobertura na mídia, jornal, revista, TV, rádio... tudo!

Vamos protestar? Boicotemos a Copa! Que nenhum brasileiro - nem precisa ser daqueles que batem no peito e dizem eu-sou-bra-si-lei-ro, aos soquinhos - que nenhum brasileiro vá a um único jogo da Copa! Que não se ligue as TVs nem os rádios para nenhum jogo desta Copa! Que não se compre nenhum jornal ou revista que mencione uma só matéria sobre esta Copa! Que não se comente sobre esta Copa! Que não se aceite as migalhas dos feriados decretados em dias de jogos do Brasil, que não se comemore, que todos trabalhem, pra valer, durante esta Copa! E que depois desta Copa ninguém, jamais, frequente os estádios feitos ou reformados para esta Copa!

Seria capaz, o brasileiro, patriota, que bate no peito, que veste a camisa (e a bandeira, que na verdade é um desrespeito!), que faz passeata na Paulista porque aparece na TV e causa o caos necessário para virar notícia, já que "é pra mostrar pro governo que o povo tá descontente!" E está mesmo! Os milhares na passeata, e os outros milhares, atolados no caos que eles causaram! Seria capaz, este brasileiro, de não "viver" a Copa em seu próprio país? Creio que não. Se a Copa das Confederações já é o bastante para tirar uma grande parte deles da rua, imagine a Copa do Mundo! Ao contrário, irão todos, quem tem dinheiro para pagar os ingressos abusivos, e quem não tem também, comprarão em 12 vezes, mas pagarão o olho da cara no ingresso, antecipado (já comprado, inclusive!) ou na mão do cambista - outra "profissão honrosa que temos! Pagarão caro para assistirem os jogos nos mesmos estádios que foram construídos com o dinheiro público - segundo a mídia, que serve tanto ao céu quanto ao inferno!

Quanto aos protestos, claro, vamos protestar sim, mas por favor, que seja ou antes ou depois do jogo! Afinal, ninguém é de ferro, né? Agora dá licença que daqui a pouco vai começar Brasil e Itália...

Saturday, April 27, 2013

De novo o tempo

Ultimamente o tempo tem sido um tema muito frequente nos meus posts (que andam cada vez mais raros) e nas minhas (não menos raras) divagações. E por quê, me pergunto retoricamente, tem o tempo me tomado tanto tempo no pensamento?

Primeiro por que é um tema amplo, que acaba involvendo outras áreas de reflexão, mas no plano do óbvio ululante, seria pela invariância do tempo, e sua implacabilidade. Também por sermos nós, na nossa condição humana, fadados ao plano cartesiano espaço x tempo - inevitavelmente. E o tempo, invariável, passa, e embora passem também nossas escolhas de vida, estas tendem a deixar consequências.

E tem a idade, é claro... não a idade da cabeça, que essa depende só de cada indivíduo, mas a cronológica mesmo, que é aquela em que não há nada possamos fazer para parar ou tapear, e só o que se pode fazer mesmo é dar-lhe um pouco de qualidade, e com muita sorte, talvez proporcionar um final digno... no fundo é isso que queremos: sair dessa (vida) com dignidade, na hora que for a certa, porém que seja o mais tarde possível, e mantendo uma certa qualidade do que nos restar dela.

E as escolhas? Bem, ao longo dessa jornada, certas ou erradas, temos que viver com elas, e procurar, enfim, tirar proveito dos pequenos momentos, valiossíssimos, que embora tendamos a não valorizá-los na sua plenitude, se pudermos identificá-los quando acontecem, já é uma dádiva!

E acho que é por isso que o tempo anda me ocupando tanto: creio que aprendi - a duras penas - a identificar os pequenos momentos, as frações de vida que acabam por justificar o todo... e, cada vez mais, isso vem me confortando, e mostrando que, no final, podemos colher um bom punhado de momentos capazes de justificar uma vida toda, e fazer valer a pena...

Já disse aqui que tenho fé na cosmogonia das coisas. Creio que tive meu tempo de redenção... das minhas ausências (ou das ausências que criei para mim), da palavra rude que disse num momento de exaltação, ou simplesmente para agradecer, embora ache que não tenha verbalizado a frase "eu te amo mãe" o bastante... e talvez devido à minha juventude, inexperiência e tolice, não tenha me manifestado apropriadamente, para que entendessem todo o meu amor e toda a minha gratidão a ela.

Mas como já disse, peço desculpas... se me ausento, se me omito, se me escondo... sou apenas um tolo e imperfeito filho, tentando sobreviver à minha maneira (provavelmente errada), e ainda aprendendo sobre os reais valores dessa vida...

Por isso, procuro aliviar minha alma, meu espírito... minha mãe sabe de tudo, já o sabia em vida e agora além!

Católico, Budista, Espírita ou Agnóstico - cosmológico - o mecanismo das águas manterá o moinho em movimento...

Friday, February 22, 2013

22022013

As time goes by, MK Photography

Edu, Edu... lá vem você, com esse brilho nos olhos, querer dizer
que o tempo passa, o tempo voa, mas que a vida continua num boa?
Bem podia ser, não fossem os planos daqueles do andar acima,
sempre por cima de tudo: da carne seca, se dinheiro e poder é a sorte,
do destino alheio, se trata-se de decidir sobre a vida e a morte - e aí...
aí meu camaradinha, é onde poucos podem entender as vontades Daquele,
que com D maiúsculo Determina Destinos, trazendo uns e levando outros.
Não fosse isso seria mais um, daqueles dias, denovo & again,
que ainda parece ser importante pra você & + meia-dúzia, nadalém,
e embora houvéssemos perdas, ainda estás aqui, cá estás de novo,
a mesma farinha do mesmo saco, a mesma gema do mesmo ovo!
a contar anos-círios, sem se dar conta da rima pobre,
muito menos dos anos-círios passados & apagados, e o que era nobre
agora não faz diferença, que desde nascença já é bastão passado,
- é tudo cabeça - costumavas dizer, diferente de tudo,
só mais uma vez, para sempre só mais uma vez,
solitário-nauta, arauto do que buscas, interminavelmente,
na mesma desafreada caçada aos futuros hontems & passados ojes
sem todos os apegos - saudadetoda, nenhumamágoa, nada-apaga, toda-via,
- a mesma saudade que nos mata dia após dia -
se as mais altas colunas da ordem e da desordem conspiram contra o tempo,
e sabes que ainda terás que barganhar outras barganhas de vida e morte,
e nessa hora, nem os aléms dos tudos que te possam oferecer serão suficiente...

e se permitido fosse auto-plágio, diria que e quando tua hora chegar
que estejas rodeado... rodeado de ti, aquele tú-mesmo e mais todos os outros tús
que te incorporam de vez em vez, e assim amalgamar-te onipresentemente,
no sentido etéreo-futurista de uma fuga de Bach...
Ah... se possível fosse sobreviver-me,
talvez vendesse essa barganha...

parabéns pra você!

assyno eduardo miranda,
d este porto seguro da jlha do Eire,
oje, sexª-fejra, vjgesºsegº dia do segº mez d este anno de MMXIII

Thursday, February 21, 2013

Servir a quem?

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Governo, autoridade governante de uma unidade política com o poder de regrar uma sociedade e o aparato pelo qual o corpo governante funciona e exerce autoridade. Usualmente utilizado para designar a instância máxima de administração executiva, geralmente reconhecida como a liderança de um Estado ou uma nação. Normalmente chama-se Governo o conjunto dos dirigentes executivos do Estado. Se considerarmos com dirigente apenas uma pessoa, e como corpo governante outros 40, e a sociedade como todos os outros, Ali Babá e seus 40 ladrões também se encaixam na definição, não? Principalmente se levarmos em conta o governo que Mr. Enda Kenny anda exercendo aqui na Irlanda.

Nesta última pérola, ele ameaça ter a Receuita acessando direatamente as contas correntes das pessoas e retirar o dinheiro dos impostos que ele e seus muito mais que 40 ladrõess achan justo para tapar o rombo que os Bancos fizeram nas contas públicas, que ele concordou em pagar, e que agora quer cobrar a da gente!

Socorro!!!

Friday, February 15, 2013

Porque Hoje é Sexta-feira

Happy Friday - Fabrini Crisci
I

Hoje é Sexta-feira, amanhã é Sábado
A vida vem em ondas, como um tsunami
as pessoas correm para cá e para lá,
acreditando em suas coisas importantes,
até de repente serem arrancadas do rumo,
bruscamente, para perceberem que pouco,
bem pouco mesmo, nessa vida vale a pena...

Hoje é Sexta-feira, amanhã é Sábado
Impossível fugir a essa dura realidade
Os bares repletos de homens vazios,
As mulheres atentas, porque é Sexta-feira.

II

Neste exato momento pode haver um casamento, um divórcio, um violamento, um homem rico que se mata, uma mulher que apanha e cala, uma profunda discordância, uma mulher que vira homem, criancinhas que não comem, adolescências seminuas, ladrões soltos nas ruas, um aumento no consumo, adolescentes puxando fumo, uma sensação angustiante, de sumir no próximo instante, só porque hoje é Sexta-feira.

III

Cansado de parodiar Porque hoje é Sábado, vou-me, encher-me de Sexta-feira!

Tuesday, February 12, 2013

Sopão


Lembro de minha mãe fazendo o sopão - sabe o que é o sopão, né? Ou você é como o Slobodan Matarazzo, que não sabe o que é pobre, nem o que é sopão - e mesmo assim não gosta de nenhum dos dois! Eu, particularmente, soltaria o seu Slobodan lá na Baixada Fluminense, ou no Capão Redondo, tardinha da noite, pra ele ter um pouco de contato com a realidade do país onde vive... Não quer saber de pobre? Vai morar na Suiça!

Bem, esnobismo e ignorância à parte, sopão é aquele resto de tudo, tudo junto, numas de economizar e aproveitar o que sobrou! Minha mãe - que Deus a tenha - juntava coisas do almoço, da janta, do almoço de novo e da janta de novo... e ficava bom "pra dedéu!"

E como o sopão que vai tudo, este post também vai um pouco de tudo: tem o papa que renunciou, alegando não ter mais forças... políticas para enfrentar a pressão no quesito da pedofilia dos padres - na Irlanda, particularmente, virou um escândalo tal que até o Taoiseach (primeiro ministro) Irlandês, Enda Kenny, atacou a igreja! E para aqueles que assistiram Deliver Us from Evil - excelente documentário sobre Oliver O'Grady, um padre católico irlandês que atuava nos Estados Unidos, que foi sistematicamente transferido de uma paróquias para outra durante a década de 1970, numa tentativa por parte da Igreja Católica para cobrir o estupro de dezenas de crianças - nada disso é novidade, já que o filme mostra o atual Papa, na época Arcebispo, encobrindo os crimes de estupros de O'Grady.

Surprise! Surprise!

E a carne de cavalo? Absurdo, não? Mas o problema nunca foi o cavalo em si, e sim a documentação do cavalo... é, passaporte, vacina, exame médico, etc, etc. De novo, coisas do capital... já que o cavalo "documentado", que é vendido para consumo humano em praticamente toda a Europa, custa em torno de €600, enquanto o "sem papel", vendido para virar ração de animais, custa menos de €100! E o nosso famoso bife à cavalo, como é que fica? Nada mais "politicamente incorreto", como diria o Macaco Simão - "o meu eu quero sem ovo, por favor!"

É isso o sopão... um monte de coisa na mesma panela! E eu, que só postei porque me cobraram e me fizeram acreditar que "alguém lá fora" lê o meu blog, para "engrossar o caldo" colocaria um pouco de proteína... talvez testículos de carneiro, se me permitem... temperados com sal e alecrim, fritos no azeite!

Thursday, January 17, 2013

Que mundo é esse, hem?


Cá nas Terras Frias do Norte, que embora não sejam nem tão Norte nem tão frias, tudo é muito mais setentrional do que meridional! Haja frio nessa semana que entra! E para se preparar, melhor mesmo é não ouvir à previsão do tempo!

Previsões à parte, aconteceu o imprevisto: HMV, uma das maiores lojas de CDs e DVDs da Irlanda, está fechando suas portas! E por mais que digam que tal movimento era previsto, vide locadores de DVDs, acho difícil acreditar. Uma questão meramente econômica, é claro, já que na qualidade não dá para comparar um CD com MP3, dá? Mesmo que o bitrate seja de 320! Mas quem aqui está preocupado com qualidade, afinal?!?

E assim vamos, sem questionar a qualidade das coisas, mundo afora, levando nossas vidas ordinárias!

Mudando o assunto mas não o tema - ou vice-versa - vou da indústria da música para a indústria da comida: se alguém ainda duvidava que esses caras não estão nem aí para conosco e nossa saúde, essa é a prova de fogo: acharam carne de cavalo nos hambúrgueres Irlandeses! Também no Reino Unido e na Espanha, embora em menor escala. Níveis de até 29% de carne de cavalo e poucos por centos de carne de porco, num produto onde a embalagem diz "100% Irish Beef!"

No rádio, agora, a discussão é ao redor de que a carne de cavalo, na verdade, é saudável, até mais saudável do que a de vaca, e que em outros países come-se carne de cavalo normalmente, e que o Irlandês deveria deixar o preconceito de lado... Eu até concordo que seja uma coisa cultural, mas não nos esqueçamos que a indústria alimentícia MENTIU a respeito do produto, pelo mero capital: justamente por não ser comercializado como alimento, a carne de cavalo é muito, mas muito mais barata que a de vaca! Pegou? O que mais andariam eles colocando nos alimentos, para salvar algumas moedas? Como disse uma especialista no setor, ela ficou surpresa não de terem achado 29% de carne de cavalo, mas de terem achado 29% de carne!

Assim, não se esqueça, ao pedir seu hambúrguer, se o chapeiro perguntar se você quer ele "à cavalo", pode ser algo diferente do conhecido ovo estalado...

Friday, January 04, 2013

A Lição de Adão


ou A Escolha de Adrielly

Aos dez anos do governo de Salazar, ele encomendou uma série de cartazes que foram distribuídos por todas as escolas primárias de Portugal. Tais cartazes tinham como objetivo incutir nos jovens as idéias salazaristas, glorificando o trabalho do ditador, através de comparações entre as condições em Portugal antes e depois do início da ditadura de Salazar.

É o mesmo argumento que alguns usam, no Brasil, em relação à Ditadura Militar.

Já em A Escolha de "Sofia", na verdade, é um dilema: uma mãe polonesa, filha de pai anti-semita, presa num campo de concentração durante a Segunda Guerra é forçada por um soldado nazista a escolher um de seus dois filhos para ser morto. Se ela se recusasse a escolher um, ambos seriam mortos.

É o tal do "se ficar o bicho pega, se correr o bicho come", onde ambas as condições são ruins, cada qual à sua maneira.

No caso do artigo do Elio Gaspari - justo o Elio Gaspari? - ele vem com uma lição, que tenta ser de moral, no neurocirurgião Adão Crespo, do Hospital Salgado Filho, no Rio de Janeiro, sobre o caso da menina Adrielly dos Santos, citando outro médico, Antonio Ribeiro Netto (A lição de Antonio Ribeiro Netto).

É o que eu sempre digo: algumas profissões não são feitas para se ganhar dinheiro. Médico é uma delas... o sujeito precisa vestir a camisa mesmo! Adão não vestiu... o neurocirurgião declarou que vinha faltando aos plantões já há um mês, em retaliação ao hospital, que deveria manter dois plantonistas, mas mantinha apenas Adão. E segundo Adão, tudo foi devidamente comunicado ao seu superior.

Outras categorias praticam a tal da "greve branca", ou "operação tartaruga". E médico, pode fazer greve? Claro que não, dirão, afoitos! É por isso mesmo que hospitais da rede pública montam em cima dos coitados... sim, coitados, que trabalham horas a fio por salários de fome, sem condições de trabalho e, claramente caracterizado no caso de Adão, trabalhando literalmente por dois!

Se Adão soubesse que naquela noite daria entrada no hospital uma garotinha de 10 anos, com uma bala alojada na cabeça, ele faltaria ao plantão? Claro que não! Mas também o chefe de Adão, se soubesse do caso, também poria um segundo profissional no plantão, como, afinal, determina o Conselho Regional de Medicina.

Eu chamaria isso de A Lição de Adão! Lição para o prefeito, para o Conselho Regional de Medicina, para o hospital, e para o cidadão: não escolha ir a um hospital em dia de festa, fim de semana ou feriado... essa seria A Escolha de Adrielly, se ela pudesse escolher. Não ser baleada, primeiro, mas na fatalidade de ser, que seja em dia útil!

Médico também é filho de deus, e como tal também merece passar tais datas com a família. Mas aí, para que não haja interrupções, como em várias outras profissões hoje em dia ditas "24 por 7", existem as escalas, onde 2 ou mais funcionários revesam-se entre sí os feriados: se um trabalha no Natal, o outro trabalha no Ano Novo, o outro no Carnaval, etc, etc. Mas sendo um só, o infeliz do Adão não teve esse direito! E como protestar, quando ninguém lhe dá ouvido? Retaliando. E está assim formado o palco para a tragédia!

É, a medicina pública do Rio pratica genocídio, sim. E todos esses políticos que aí estão, desde o prefeito até o chefe imediato de Adão, não passam de delinquentes. Se não têm funcionários, abaixem as portas! Seria mais digno, ao menos não dariam a impressão de condizirem um hospital onde têm um galpão com parcos equipamentos.

Tuesday, January 01, 2013

1

Chegou. Apesar dos que torciam contra - aquela história dos Maias e tal - 2013 chegou. Embora o fim do mundo Maia tenha-se mostrado um fiasco já nas primeiras horas do 22 de Dezembro em Kiritimati, prudente era esperar que Pago-Pago também entrasse no 22, assim não restariam dúvidas sobre em que fuso horário se baseava a tal profecia, ou previsão. Mas a verdade é que logo levantaram a voz para dizer que talvez os Maias tivessem se enganado um pouquinho - algumas horas, alguns dias, poucas semanas, talvez meses, ou quem sabe anos, décadas, séculos!

E eu, que até estava quietinho em meu canto, curtindo minha tristezinha ainda presente, me segurando pra ficar calado, acabei caindo em tentação - em pleno primeiro dia do ano... Abaixo as resoluções, determinações, decepções!

Desse ano só posso pedir uma coisa, pois pedir muito dá margem ao descaso, e posso passar por ganancioso - onde já se viu pedir duas, três, quatro coisas ao mesmo tempo? Sendo assim, peço uma coisinha: que o crime que os bancos cometeram seja incluído na lista dos crimes contra a humanidade, e uma vez reconhecido, os responsáveis sejam punidos pelo mal que causaram!

Será que é pedir muito?